Servo de Deus Padre Angelo Angioni – Santidade Brasileira
Padre Angelo Angioni, conhecido como Servo de Deus, foi um sacerdote exemplar que dedicou sua vida ao serviço da Igreja e ao bem das comunidades onde atuou, tanto na Itália quanto no Brasil. Nascido em 14 de janeiro de 1915, em Bortigali, na ilha da Sardenha, na Itália, Padre Angelo foi o quinto filho do casal Antonio Angioni e Grázia Manconi. Sua trajetória de fé e serviço é marcada pela dedicação ao sacerdócio e pela missão de evangelizar em terras estrangeiras.
Formação e vocação Sacerdotal
Desde cedo, Angelo Angioni demonstrou inclinação para a vida religiosa. Iniciou seus estudos na Escola Estadual de Ozieri, onde completou o ensino primário. Aos 11 anos, ingressou no Seminário Diocesano de Ozieri e permaneceu ali durante cinco anos, cursando o ginasial. Aos 15 anos, em 1930, tomou a decisão de ingressar no Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME), iniciando assim uma trajetória marcada pela entrega missionária.
Devido a problemas de saúde, Padre Angelo teve que retornar à Sardenha, sua terra natal, para continuar seus estudos em um clima mais ameno. No Seminário Regional de Cúglieri, dirigido pelos Padres Jesuítas, completou seus estudos teológicos. Foi ordenado sacerdote no dia 31 de julho de 1938, na cidade de Cuglieri. Após sua ordenação, ele foi nomeado Vigário Coadjutor na Paróquia de Santa Luzia, em Ozieri, e em 1939 foi enviado à cidade de Ittireddu como vigário da Paróquia da Imaculada Inter Montes.
Missão no Brasil
Em 1951, o Bispo de Ozieri, Dom Francisco Cogoni, solicitou que Padre Angelo se preparasse para uma missão fora da Itália. Inicialmente, pensou-se que seria uma missão entre não-cristãos, mas, por decisão da Santa Sé, a Diocese de Ozieri foi enviada para ajudar a Diocese de São José do Rio Preto, no Brasil, que enfrentava uma grande escassez de sacerdotes. Assim, no dia 11 de novembro de 1951, Padre Angelo Angioni desembarcou no porto de Santos e, logo depois, seguiu para São José do Rio Preto.
Padre Angelo foi nomeado Vigário Coadjutor em José Bonifácio (SP), trabalhando ao lado do Cônego Mauricio Caputo. Com a chegada do Padre João Carta ao Brasil, também enviado pelo Bispo de Ozieri, Padre Angelo foi nomeado vigário da paróquia, dedicando-se inteiramente ao cuidado pastoral da comunidade local por seis anos.
Durante seu ministério em José Bonifácio, Padre Angelo desempenhou um papel fundamental na formação da comunidade. Ele foi responsável por organizar festas e campanhas que resultaram na construção de igrejas, escolas, conventos e diversas obras sociais, como a Santa Casa, o asilo dos idosos, a APAE e a ABAM. Sua capacidade de engajar tanto ricos quanto pobres em prol do bem comum contribuiu para o desenvolvimento de José Bonifácio, uma cidade que se destacou pela ausência de favelas, resultado da generosidade e da união entre seus habitantes.
Entre as instituições ligadas à Igreja Católica, destaca-se o Instituto Missionário Coração Imaculado de Maria, fundado com o intuito de promover a educação das elites e a formação profissional dos mais necessitados, através de escolas artesanais, como as de marcenaria e de artes gráficas.
Em 1962, Padre Angelo foi convocado a servir como secretário de Dom Lafayette durante a primeira sessão do Concílio Vaticano II, em Roma, demonstrando sua dedicação e competência dentro da Igreja. Ao retornar, foi nomeado vigário do Santuário de Fátima em São José do Rio Preto, onde continuou a servir com zelo e amor pastoral.
Problemas de saúde e últimos anos
No dia 22 de junho de 2000, Padre Angelo sofreu um derrame cerebral que o deixou parcialmente paralisado. Apesar das limitações físicas, ele não perdeu sua fé nem a capacidade de servir. Mesmo acamado, Padre Angelo continuou a celebrar a Santa Missa diariamente, a atender confissões e a oferecer orientação espiritual a muitos fiéis. Sua aceitação serena da vontade de Deus e sua contínua dedicação ao ministério sacerdotal demonstram sua santidade e o espírito de serviço que sempre o guiou.
Padre Angelo faleceu no dia 15 de setembro de 2008, na cidade de José Bonifácio, na Diocese de São José do Rio Preto, em odor de santidade. Sua morte foi marcada por um profundo sentimento de perda por parte da comunidade, que o considerava um verdadeiro pastor, um pai espiritual.
Processo de Beatificação e reconhecimento canônico
No dia 7 de junho de 2015, foi celebrado o início do Processo Diocesano de Beatificação do Servo de Deus Padre Angelo Angioni, na Igreja Paroquial São João Batista, em José Bonifácio. Durante a celebração, também ocorreu o reconhecimento canônico e o translado dos restos mortais de Padre Angelo para a referida igreja. O processo de beatificação visa a investigar e reconhecer as virtudes heroicas e a fama de santidade de Padre Angelo, que em vida dedicou-se de forma exemplar ao serviço da Igreja e ao cuidado de seu povo.
Legado do Servo de Deus Padre Angelo Angioni
Padre Angelo Angioni deixou um legado de amor ao próximo, dedicação pastoral e serviço incondicional à Igreja. Sua atuação em José Bonifácio foi marcada pela promoção da justiça social, pela educação e pelo desenvolvimento comunitário. Ele acreditava que todos, ricos ou pobres, tinham algo a oferecer e que, unidos, poderiam construir uma comunidade forte e abençoada.
Seu trabalho não se limitou ao cuidado espiritual, mas também se estendeu às necessidades materiais dos fiéis, incentivando campanhas e ações que ajudaram a transformar a cidade. Mesmo após seu falecimento, Padre Angelo continua sendo lembrado e venerado como um exemplo de santidade, e seu processo de beatificação é uma expressão do impacto espiritual que ele teve na vida de muitos.
Que o exemplo de Padre Angelo Angioni nos inspire a viver nossa fé com dedicação, amor ao próximo e compromisso com as causas sociais, servindo à Igreja e à comunidade com a mesma humildade e generosidade que marcaram sua vida missionária.
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