Palavra do Mês de Dezembro – “ELE ME UNGIU PARA ANUNCIAR A BOA NOVA AOS POBRES” (LC 4,18)

1 – NOSSO CHAMADO

Antes ainda da fundação da Aliança, no dia 21 de dezembro de 1999, no mesmo dia em que recebemos a imagem da Imaculada do Espírito Santo, Dom Gil Moreira, na época Bispo Auxiliar de São Paulo, ao ouvir o nosso “sonho” a respeito do nascimento da Aliança de Misericórdia sintetizou o nosso chamado em duas Palavras, que se tornaram, depois, como que a síntese do nosso carisma no lema: “Evangelizar para transformar”. Poucos dias antes, na festa da Nossa Senhora de Guadalupe, dia 12 de dezembro, a própria liturgia da Igreja nos confirmava com a “Palavra constitutiva”. Naquele ano, a festa caía no domingo de advento e chegava, para nós, exatamente no fim dos 40 dias da “quarentena do homem velho”, que caracterizou o nosso caminho de oração e penitência, em vista deste discernimento.

As Palavras da leitura do profeta Isaías chegaram como uma surpresa de Deus, que nos comoveu profundamente, confirmando-nos:
“O Espírito do Senhor Javé está sobre mim, porque Javé me ungiu. Ele me enviou para dar a boa notícia aos pobres, para curar os corações feridos, para proclamar a libertação dos escravos e pôr em liberdade os presos.” (Is 61,1-3).

De fato, era a Palavra que ecoava no nosso coração como “alma” da nossa missão. A mesma Palavra com a qual Jesus identificou a sua própria missão, em Lc 4,18-19.

“Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18)

2 – EVANGELIZAR PARA TRANSFORMAR.

Sim, “A Igreja toda existe para Evangelizar”, como diz o Papa São Paulo VI na Evangelii Nutiandi: A evangelização é a própria natureza, a identidade da Igreja (cf. n. 14).

E a Aliança existe para “Evangelizar para transformar”! Transformar em que? Transformar os pecadores em santos e testemunhas da Misericórdia do Pai, que somos chamados a anunciar! Desde o começo, à escola de Jesus, a Palavra feita carne no seio da Virgem Maria, nossa Mãe e Fundadora, percebemos que a Aliança nascia do chamado a viver o Evangelho assim como ele é, na radicalidade, na criatividade e na liberdade do Espírito. Escutar, meditar, guardar, viver, partilhar a Palavra foi o nosso primeiro chamado, para depois anunciar, testemunhar a Palavra feita vida na nossa vida!

Como dizia São Francisco, precisamos evangelizar sempre, quando necessário também com palavras. Se formos fiéis, o Senhor sempre confirmará a Palavra com os sinais que a acompanham, como sempre experimentamos. Quantas vezes descobrimos que, ao viver a Palavra, as pessoas foram “evangelizadas” sem palavras? Viveram profundas experiências de conversão, cura, libertação.

Nunca nos esqueceremos do pai de missionário da Aliança que tinha problemas com alcoolismo, que ao simples fato de ser acolhido com amor, ao entrar em nossa Casa de Formação no Botuquara, viveu uma “efusão do Espírito” e foi liberto. Inúmeros exemplos nos confirmam isto: uma mesa bem arrumada, a atenção carinhosa, a escuta profunda, até um simples olhar, tudo isso pode mudar a vida de um irmão, pois o mundo está cansado de palavras. Todos “querem ver Jesus” (cf. Jo 12,21) e Ele se faz presente em todos aqueles que guardam no coração e na vida a Palavra que é Espírito e Vida.

“Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18)

3 – EVANGELIZAR OS POBRES. QUAIS POBRES?

Os primeiros pobres que precisam ser evangelizados somos nós, cada um de nós. Somente se formos evangelizados, poderemos e deveremos evangelizar os pobres, materialmente e espiritualmente! Temos um carisma maravilhoso, pois no encontro destas duas pobrezas sempre descobrimos que os pobres nos evangelizam e que a evangelização é um caminho de mão dupla. Neste encontro, o próprio Cristo se faz presente e age. Na Aliança dizemos frequentemente que “Evangelizar é deixar Cristo acontecer” – Ele é Vivo, age e se manifesta no amor recíproco e, por isso, não é por acaso que Jesus envia seus discípulos dois a dois.

Precisamos entender que evangelizar é o maior gesto de amor que o mundo precisa. De fato, se existe pobreza de fome, de dignidade, de justiça, de amor, de verdade, de virtudes… é porque o mundo tem fome de Deus! Não há “vida plena”, “vida eterna” sem conhecimento de Deus, do Seu Amor! (cf. 1Jo 1,16).

A própria Palavra constitutiva de Lc 4,18-19 nos orienta ao encontro das várias pobrezas de toda geração e toda época, constitutivas da natureza humana, ferida pelo pecado original. Vivemos presos, cegos, oprimidos e Isaías acrescenta: com o coração ferido (cf. Is 61,1). Quantos tipos de opressão e escravidão existem materialmente e espiritualmente! Quanta cegueira, que só a luz de Cristo pode curar, como foi com Paulo de Tarso (cf. At 9); quantas mágoas, traumas, ressentimentos, ódios que deixam os corações feridos e que só a Divina Misericórdia pode curar.

“Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18)

4 – EVANGELIZAR RUMO AOS 2000 ANOS DA REDENÇÃO: É QUESTÃO DE VIDA E DE MORTE!

No ano de 2033 celebraremos 2000 anos da Redenção de Cristo e os cristãos de todas as denominações estão se preparando, numa visão de unidade, para uma nova evangelização. “More one for the Holy One” (mais um para o Santo) expressa o desejo de levar aos pés da Cruz de Cristo, uma humanidade mais cristã e por isso mais fraterna, mais justa, mais unida na Paz e no Amor de Jesus.

É urgente sentir no coração este “chamado para a angústia”, como dizia David Wilkenson.

Não posso ficar acomodado, quando sei que apenas 1/3 da humanidade conhece e experimenta a Graça de Cristo e que 70% dos “batizados” não têm vivência de fé. Não podemos ficar sossegados sabendo que 25% dos jovens do Brasil se dizem sem uma fé definida e que 66% destes abandonam a Igreja após a faculdade. Não podemos não escutar o “grito” de uma humanidade que vive sem rumo por não conhecer o “grito” do anúncio da morte e ressurreição de Cristo (Kerigma)! Se o suicídio juvenil está se tornando uma epidemia é porque realmente “evangelizar é questão de vida ou de morte!”.

Se cada ano que nos separa de 2033 levarmos ao Senhor pelos menos mais um filho seu, em quatro anos toda a humanidade poderia resplandecer da Sua luz, libertando-se da autodestruição que a ameaça!

Ou Cristo, ou lixo!
Sem Ele nada podemos fazer!

Os abençoo!

Pe. João Henrique
Fundador

PROPOSTA PARA VIVÊNCIA DA PALAVRA DO MÊS

  • Em nossa oração pessoal, pedir a Deus que acenda sempre mais em nosso coração o ardor e o desejo pela evangelização, com palavras e com nossa vida, com pequenos gestos como mencionado acima;
  • Fazer um compromisso particular com a evangelização: aproveitando ou criando oportunidades para anunciar o Evangelho, participando com fervor da Missão Thalita Kum neste mês de dezembro;
  • Por fim, sendo a última Palavra deste ano em que meditamos os valores inegociáveis do carisma, partilhar com os irmãos da Fraternidade ou do Grupo como foi a experiência da vivência destes valores neste ano e quais valores mais te tocam.

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