O Jubileu dos Catequistas e o caminho da misericórdia: quando a fé se torna processo de recomeço

No último domingo (28), milhares de catequistas de todo o mundo se reuniram em Roma para celebrar o Jubileu dos Catequistas, um dos momentos centrais do Ano Santo da Esperança. Na Praça de São Pedro, o Papa Leão XIV recordou que a missão de quem anuncia a fé não se resume à transmissão de conteúdos: ser catequista é acompanhar caminhos, é permanecer ao lado, é ajudar cada pessoa a descobrir, pouco a pouco, o rosto de Cristo que dá sentido à vida.

Essa dimensão do anúncio, entendida como percurso, encontra ressonância profunda na missão vivida diariamente nas Casas de Acolhida da Aliança de Misericórdia. Ali, onde chegam pessoas feridas por rupturas e histórias difíceis, a catequese não acontece apenas em aulas ou encontros, mas se torna processo de reconstrução interior. O que em Roma se celebrou como vocação universal da Igreja, nas casas da Aliança se traduz em um itinerário concreto chamado catecumenato.

Quando o anúncio se faz caminho

Nas casas de acolhida, a fé não é oferecida como resposta imediata, mas como caminho a ser percorrido. A vida comunitária, a laborterapia e a oração se unem a um processo espiritual que tem no catecumenato sua espinha dorsal. Não se trata de um método ou programa fixo, mas de um itinerário pensado para conduzir cada pessoa ao encontro com Cristo e à redescoberta de si mesma.

Esse caminho nasce de três pilares que sustentam toda a caminhada espiritual: compreender o que significa ser cristão, experimentar a força do querigma — o primeiro anúncio de que Deus ama e salva — e permitir que esse encontro transforme a vida. A partir deles, a formação se desenvolve em quatro fases, cada uma com objetivos específicos: o autoconhecimento, a aceitação de si, a mudança concreta de atitudes e, por fim, a preparação para o retorno à sociedade.

“O tempo do catecumenato não é cronológico, é existencial”, explica Danielle Fernandes, celibatária e missionária da comunidade de vida que acompanha mulheres na Casa Mãe da Ternura, em Tremembé (SP). “Cada etapa respeita o ritmo de cada acolhida. Antes de receber os sacramentos, elas são convidadas a conhecer a própria história, a se reconciliarem com o passado e a abrir espaço para que Deus restaure aquilo que parecia perdido.”

O catecumenato como espaço de restauração

Ao contrário de uma catequese tradicional voltada apenas à preparação sacramental, o catecumenato vivido nas casas de acolhida está profundamente ligado ao processo de cura interior. Nele, os conteúdos da fé caminham junto com a redescoberta da dignidade humana. O anúncio do Evangelho se entrelaça com temas de autoconhecimento, perdão, reconciliação e responsabilidade, ajudando a pessoa a se reconstruir por inteiro.

É por isso que os sacramentos são celebrados apenas depois que a segunda etapa do itinerário é concluída. Mais do que rito, eles são o selo de um processo real de conversão, sinal de uma vida que começou a se reorganizar a partir da graça recebida.

PROJETO SOCIAL

As Casas de Acolhida da Aliança de Misericórdia são dedicadas a acolher adultos e idosos em situação de rua, drogadição, abandono e/ou vulnerabilidade social. Com um total de nove casas espalhadas por São Paulo, Minas Gerais e Ceará, o programa oferece um “Caminho” de pelo menos um ano, durante o qual os acolhidos participam de atividades de laborterapia e comunitárias, com o objetivo de afastá-los dos males da rua e restringir o fácil acesso a drogas e álcool. Essas casas visam a reconstrução da autoestima, dos valores pessoais e das vocações, bem como a readaptação às normas de convívio coletivo e de mútuo respeito.

 

Você também pode fazer parte dessa corrente de solidariedade e esperança! Doe agora mesmo para os projetos sociais da Aliança de Misericórdia através do Pix: doe@misericordia.com.br

 

 

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