PDM DE JANEIRO: O EVANGELHO DOS PERDIDOS E AS PARÁBOLAS DE MISERICÓRDIA.

No Jubileu de 25 anos da Aliança de Misericórdia, damos início a um novo ciclo das Palavras do Mês, focado nas parábolas de misericórdia. Serão momentos de reflexão sobre como a misericórdia de Deus se manifestou nas nossas vidas, como família Aliança de Misericórdia queremos nesse ano meditar e dar graças a Deus por sua misericórdia que nos alcança diariamente.

 

“Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado” (Lc 15,24).

Na experiência humana, sabemos que a perda é tida como algo negativo, acompanhada de sofrimento e angustia. Como é difícil quando perdemos algo e não o encontramos, por exemplo, nosso celular! Ou ainda algo de valor, como dinheiro, alguma joia, ou ainda mais quando perdemos alguém que amamos, seja no rompimento de un relacionamento ou diante da morte de uma pessoa querida. Em algum momento da vida, perdemos algo. Ainda mais difícil é quando perdemos a proximidade com Deus e nos afastamos de Sua graça por causa do pecado. No entanto, entendemos que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rom 8,28). Diante de cada experiência sofrida, como a experiência de uma perda, é possível experimentar a alegria do reencontro.

Não é por acaso que Santa Teresa de Calcutá dizia que não louvava a Deus por aquilo que Ele lhe dava, mas sim por aquilo que lhe tirava!

            “Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado” (Lc 15,24).

No início do capítulo 15 de São Lucas, ele narra a história de uma mulher que perdeu uma dracma e, após muito procurar, se alegra por tê-la encontrado. Ao longo da nossa história, tivemos inúmeras experiências de perda que serviram para nos educar, para que fôssemos mais simples, mais pobres ou ainda para que aprendêssemos a valorizar mais a providência, ou porque Ele queria nos dar algo ainda melhor.

Como não lembrar da experiência vivida no ano de 2008, quando perdemos uma das nossas casas de acolhida? De forma inesperada, o dono rompeu o contrato, pedindo a casa, e para nós, naquele momento, foi um grande sofrimento. Afinal, onde iríamos realocar 80 acolhidos de um dia para o outro? Sem contar os investimentos realizados no local por anos. Embora tenha sido uma grande perda, fomos surpreendidos pelo cuidado e o amor de Deus. Uma benfeitora, tomando conhecimento da situação, fez uma generosa oferta, o que nos permitiu adquirir não somente uma, mais duas casas, aumentando a capacidade de acolhimento e nos dando a segurança de podermos investir em uma propriedade que é nossa. De fato, São João Crisóstomo tinha razão ao afirmar: “Não possuímos nada que não nos tenha sido dado por Deus. Se Ele nos tira alguma coisa, é para nos dar algo ainda maior”.

            “Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado” (Lc 15,24).

Em outro trecho das parábolas da misericórdia, ouvimos sobre um Bom Pastor que teve a coragem de deixar noventa e nove ovelhas no aprisco e foi em busca daquela que se perdeu e pela qual tinha uma grande estima. Como é difícil perder alguém que amamos!

Ao longo desses 25 anos, Deus não nos poupou deste sofrimento, chamando para junto de Si irmãos que nos fazem muita falta: Nivaldo, Maria Paola, Paulo Roberto, Rosa, Maria Madalena, entre outros que lembramos sempre com grande carinho. Mas cada despedida era acompanhada do convite de Deus para que pudéssemos compreender a brevidade da vida, que tudo nesta terra passa e só temos o hoje para amá-Lo.

A morte de Nivaldo, no ano de 2002, foi uma tragédia inesperada que abalou o início da obra recém-fundada. O Pe. Henrique nos partilhou que, naquele momento, se viu sem forças e duvidoso do futuro da obra, especialmente sobre o acolhimento dos mais pobres, que era levado adiante por Nivaldo. Mas, surpreendentemente, com sua morte, sobretudo na dimensão da acolhida, a Comunidade experimentou um momento de grande expansão e fecundidade.

“Em verdade, em verdade vos digo: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dará muito fruto” (Jo12,24). E hoje temos no Céu Nivaldo como um grande intercessor.

“Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado” (Lc 15,24).

Por causa do pecado, nos perdemos, nos afastamos de Deus, assemelhando-nos ao filho pródigo que procura nas coisas do mundo a felicidade que só se pode encontrar na casa do Pai. Basta olhar nossa história para constatar a tamanha tristeza e a falta de sentido que nossos pecados geraram em nós. “Mas o abismo da nossa miséria sempre atraiu sobre nós o oceano infinito da misericórdia de Deus” (cf. Diário de Santa Faustina, 1074).

Se é verdade que nossas quedas foram motivo de sofrimento, como descrever a alegria de sermoa alcançados pelo Seu olhar benevolente e envolvidos pelo Seu abraço misericordioso em cada perdão que recebemos? Contemplando esse mistério, Santo Agostinho expressou: “Bendito pecado que nos trouxe tão grande Salvador!”. Em cada reencontro, a voz de Deus ressoa na terra e no Céu: comecemos a festa!

 

Propósito para vivência pessoal e comunitária da palavra do mês;

Neste ano de 2025, onde celebramos nosso Jubileu, façamos de cada perda e sofrimento oportunidades para acolhermos a visita de Deus, dando testemunho da nossa fé e fidelidade a Deus sempre: na alegria e na dor, ao receber e ao perder!

“Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”. (Jó 1, 21)

Compartilhe com seus irmãos uma experiência de sofrimento na qual contemplou a ação de Deus e que, ao final, se tornou motivo de alegria.

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