Nossa Senhora das Lágrimas e o possível odor de santidade da Irmã Amália de Jesus Flagelado
Você conhece a devoção a Nossa Senhora das Lágrimas? Recentemente, a Arquidiocese de Campinas emitiu uma nota sobre a devoção e criou uma comissão de estudos para investigar o possível odor de santidade da irmã Amália de Jesus Flagelado. Conheça um pouco mais dessa história!
Amália Aguirre, também conhecida como Irmã Amália de Jesus Flagelado, nasceu em 22 de julho de 1901, em Riós, uma pequena cidade próxima à fronteira entre a Espanha e Portugal.
Aos 26 anos, em 1928, ela foi uma das primeiras jovens freiras a fazer parte do grupo fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, estabelecida no Brasil pelo segundo bispo de Campinas, dom Francisco de Campos Barreto, e Madre Maria Villac. No dia 8 de dezembro de 1931, irmã Amália fez seus votos perpétuos, dedicando-se completamente à sua missão religiosa e ao serviço de Deus.
De acordo com relatos encontrados no site do Apostolado de Nossa Senhora das Lágrimas, irmã Amália recebeu a visita de um parente em novembro de 1929. Esse parente buscava desesperadamente ajuda para sua esposa que estava gravemente doente.
Movida pela compaixão, a religiosa se ajoelhou diante do altar na capela do convento e fez uma oração fervorosa a Jesus Sacramentado, oferecendo sua própria vida em troca da salvação daquela família. Foi então que Jesus lhe respondeu, revelando um caminho de graça através das Lágrimas de Sua Mãe Santíssima.
Jesus instruiu irmã Amália a rezar invocando as Lágrimas de Nossa Senhora. Com devoção, ela deveria suplicar: “Meu Jesus, ouvi os nossos rogos, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima. Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d’Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu”.
A resposta divina trouxe consolo e esperança, pois Jesus afirmou amorosamente que concederia todas as graças solicitadas por meio das Lágrimas de Sua Mãe.
No dia 8 de março de 1930, enquanto a irmã Amália estava em profunda oração na capela do convento, Nossa Senhora das Lágrimas apareceu a ela. Vestida com uma túnica violeta, manto azul e um véu branco que cobria seu peito e ombros, Nossa Senhora entregou à religiosa a Coroa das Lágrimas, também conhecida como Rosário das Lágrimas.
Em suas palavras à irmã Amália, Nossa Senhora declarou que esse rosário foi prometido por seu Filho ao Instituto fundado por ela, como parte de um legado especial. Ela revelou que esse rosário teria o poder de converter pecadores, derrotar o demônio e destruir o poder maligno do inferno. Era uma arma espiritual para a grande batalha.
A Coroa das Lágrimas tinha 49 contas brancas, divididas em grupos de sete, semelhante à Coroa das Dores de Maria. Além disso, havia três contas finais e uma medalha com a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas e Jesus Manietado. Essa devoção recebeu a aprovação da Igreja Católica. Rezar a Coroa das Lágrimas envolve invocações às Lágrimas de Nossa Senhora e contemplações sobre o sofrimento de Jesus e Maria.
Além disso, Nossa Senhora solicitou que uma medalha fosse cunhada em honra a Nossa Senhora das Lágrimas e Jesus Manietado, representando Jesus com as mãos atadas. Essa medalha deveria ser amplamente divulgada, pois aqueles que a portassem com amor e devoção seriam agraciados com inúmeras graças.
Após ouvir testemunhos de fiéis e sacerdotes de Campinas e de outras dioceses, o arcebispo decidiu instalar uma comissão para investigar a vida e as virtudes da Irmã Amália de Jesus Flagelado. Essa comissão seguirá as orientações da Igreja e, caso seja constatado o odor de santidade e a heroicidade de suas virtudes evangélicas, poderá abrir um processo de beatificação.
A vida extraordinária da Irmã Amália de Jesus Flagelado desperta admiração e curiosidade, enquanto sua possível santidade permeia a mente e os corações dos fiéis. A Comissão de Estudos busca lançar luz sobre essa história fascinante, desvendando os sinais divinos que marcaram a vida dessa religiosa.
Veja agora a Nota Oficial da Arquidiocese:
NOTA OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS
Aos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas da Arquidiocese de Campinas.
“VINDE, Espírito Santo!”
Temos observado, sobremaneira, desde os últimos anos, a crescente devoção e procura, por parte dos fieis, a respeito do que se refere ao título de Nossa Senhora das Lágrimas, já invocado pela Igreja, contido em ladainhas, na oração da Salve Rainha e em outras orações: “Virgo Lacrimarum” (Virgem das Lágrimas). Trata-se de uma invocação oficialmente reconhecida pela Igreja, desde o século XIII, compreendida em consonância com a devoção às dores {e Nossa Senhora, que aos pés da Cruz, recebeu a missão de ser a mãe de todos os homens e mulheres (cír. Jo 79,26-27). Bem como, há especulações e grande interesse religioso, acerca de possível odor de santidade na vida de uma religiosa da “Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado”, falecida em Taubaté em 1977, que em companhia de outras sete religiosas, no ano de 1928, aqui em Campinas, iniciaram o “Instituto das Missionárias de Jesus Crucificaclo”, sob a autoridade de Dom Francisco de Campos Barreto.
Como os exorta Nosso Senhor Jesus Cristo “Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48), a santidade é um chamado que recebemos desde o dia do nosso Batismo. O Concílio Vaticano II, sob a ação do Espírito Santo, nos elucida: “Na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano. Para alcançar esta perfeição, empregueis os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que as dá Cristo, a fim de que, seguindo as Suas pisadas e conformados à Sua imagem, obedecendo em tudo à vontade de Deus, se consagrem com toda a alma à gloria do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos” (LG 40).
A lgreja, com sua doutrina e prática canônica, fundamentadas nas Sagradas Escrituras, na Sagrada Tradição e no Magistério, possui normativas específicas e rigorosas para averiguar a presença ou não do odor de santidade, na vida de seus fieis falecidos, e isso só e possíve1 mediante um criterioso processo canônico, que rigorosamente deverá seguir as determinações da lgreja. Diante disso, considerando os rumores que se levantam acerca de tal investigação, que poderá culminar em processo canônico desta natureza, em relação à uma religiosa que viveu em Campinas, esclarecemos que, atualmente, a única iniciativa oficial por parte da Arquidiocese de Campinas é a criação de uma comissão de estudos, que, em comunhão com seu Arcebispo, assume a responsabilidade de averiguar a situação e proceder às diligências necessárias, conforme a orientação da lgreja.
Desta forma, quaisquer atitudes e pronunciamentos que gerem especulações a respeito de questões desta natureza, alheias aos comunicados oficiais da comissão, em comunhão com meu ministério episcopal, não devem ser reconhecidas como verossímeis. Tendo em nossos corações a certeza da presença do Espírito Santo na condução da Igreja, rezemos para que a Sua graça nos acompanhe e nos conceda o necessário e conveniente discernimento da vontade de Deus! Caminhemos em unidade, como Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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