Entre os muitos testemunhos de fé e fortaleza na história da Igreja no Brasil, a vida da Serva de Deus Maria de Lourdes Guarda é uma verdadeira inspiração para todos aqueles que buscam viver o Evangelho mesmo em meio ao sofrimento. Sua trajetória é marcada por dores físicas intensas, limitações extremas e, ao mesmo tempo, por uma alegria sobrenatural, fé inabalável e dedicação incansável ao próximo. Sua história continua a ecoar, convidando-nos a refletir: como podemos transformar nossa cruz em sinal de esperança?

De Salto para o mundo: uma vida ofertada a Deus

Maria de Lourdes Guarda nasceu em 22 de novembro de 1926, na cidade de Salto (SP). Educada por religiosas no Colégio do Patrocínio, em Itu, e posteriormente professora ainda jovem, sonhava com a vida consagrada, seguindo os passos de sua irmã religiosa. Contudo, um problema grave na coluna interromperia seus planos de forma inesperada.

Aos 20 anos, iniciou uma série de cirurgias complexas, que, em vez de curá-la, agravaram seu estado de saúde. Após seis operações em cinco anos, Maria de Lourdes passou a viver completamente imobilizada em uma cama hospitalar, com a perna direita amputada e a esquerda atrofiada. Sua condição exigiu o uso permanente de uma armação de madeira e um gesso que ia do pescoço ao joelho, impedindo-a até mesmo de sentar-se.

O leito que se tornou altar de evangelização

Apesar da dor, Maria de Lourdes não se entregou ao desespero. Com impressionante coragem e fé, passou a fazer bordados e tricôs para custear suas despesas no hospital, onde viveu por 25 anos, no Hospital Matarazzo, em São Paulo. Seu quarto tornou-se um verdadeiro refúgio espiritual, visitado por pessoas de todas as classes sociais em busca de conselhos, consolo e oração.

Seu sorriso constante, os olhos azuis brilhantes e a paz que transmitia marcaram profundamente todos que a conheceram. Repetia com convicção: “Nenhuma deficiência é impedimento para a vida”, refletindo a verdade proclamada por São Paulo: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que minha força se manifesta plenamente” (2Cor 12,9).

Mesmo sem poder sair da cama, Maria de Lourdes tornou-se missionária. Engajada na Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência (FCD), movimento fundado na França, assumiu a coordenação nacional no Brasil, entre 1981 e 1992. Viajou por todo o país e por países da América Latina — com o apoio de doações — fundando mais de 250 grupos da Fraternidade. Sua missão era clara: mostrar que todas as pessoas, independentemente de suas limitações, têm um lugar ativo na Igreja e na sociedade.

Uma vida santa, uma causa em andamento

Maria de Lourdes faleceu em 5 de maio de 1996, em sua cidade natal. Em 2011, já reconhecida como Serva de Deus, seus restos mortais foram transladados para o altar da Sagrada Família, na Igreja Matriz de Salto, um sinal do respeito e da veneração que sua vida desperta.

Hoje, sua causa de canonização está em curso, e muitos fiéis recorrem à sua intercessão pedindo graças, curas e forças para enfrentar situações difíceis. Seu testemunho é especialmente poderoso para pessoas com deficiência, familiares e todos que enfrentam grandes sofrimentos.

Oração pela canonização da Serva de Deus Maria de Lourdes Guarda

Ó Pai, criador de todas as coisas, que nos destes em vossa filha, Maria de Lourdes Guarda, um extraordinário exemplo de aceitação plena de vossa vontade, dando testemunho de que, mesmo nos maiores sofrimentos e limitações físicas, pode-se viver o ideal evangélico da fé, esperança e caridade, concedei-nos que ela seja elevada à glória dos altares.
Por sua intercessão, peço-vos a graça de que tanto necessito (faça aqui seu pedido).
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Pai Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.