Liberdade Religiosa: um direito ameaçado e um chamado à fé corajosa
O novo Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2025, divulgado pela Fundação Pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre), acende um alerta urgente: quase dois terços da humanidade vivem hoje em países onde a liberdade religiosa é gravemente violada. São 62 nações classificadas entre perseguição e discriminação, afetando mais de 5,4 bilhões de pessoas.
A pesquisa, publicada a cada dois anos, mostra que o direito à fé — garantido pelo artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos — está sendo cada vez mais negado. O relatório aponta como principais responsáveis os regimes autoritários, o extremismo religioso e o nacionalismo étnico, que, em nome da ideologia, reprimem a consciência e a busca pela verdade.
Para os cristãos, a constatação é especialmente dolorosa. Em regiões como África, Oriente Médio e Ásia, comunidades inteiras são expulsas, igrejas destruídas e sacerdotes presos ou mortos. A Nicarágua tornou-se símbolo extremo dessa repressão, com bispos exilados e templos fechados. Mesmo em países do Ocidente, cresce o número de ataques a templos e fiéis — sinais de uma nova forma de intolerância, silenciosa, cultural e ideológica.
Diante desse cenário, a Fundação Pontifícia recorda que a liberdade religiosa não é um privilégio, mas “o pulsar da dignidade humana”, fundamento de toda paz verdadeira. Onde a fé é reduzida ao silêncio, a própria humanidade se empobrece.
América Latina: fé em meio à repressão
Segundo o relatório, a América Latina vive um processo de deterioração preocupante da liberdade religiosa. Países como Cuba, Nicarágua, Venezuela e México enfrentam, em diferentes níveis, discriminação, censura e violência contra comunidades religiosas, especialmente quando elas se manifestam em defesa da vida, da justiça e da dignidade humana.
A Nicarágua é hoje o caso mais grave: sacerdotes foram presos, missionários expulsos e procissões proibidas. Na Venezuela, o controle estatal sobre as expressões religiosas aumenta, e no México, o crime organizado transforma líderes religiosos em alvos. O relatório também aponta o risco crescente de intolerância ideológica em outros países da região, inclusive no Brasil, com sinais de erosão do respeito mútuo e da liberdade de consciência.
Esperança e missão
Em meio a tantos sinais de dor, permanece a certeza cristã de que a fé não se apaga — ela resiste. Para a Aliança de Misericórdia, esse é o tempo de anunciar o Evangelho com criatividade e coragem, de se aproximar das realidades feridas e testemunhar, com a vida, que o amor é mais forte que a perseguição. Evangelizar é também defender a dignidade humana, ser presença de misericórdia onde a fé é calada, e levar esperança onde a liberdade é negada.
Leia o relatório completo da ACN:
Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2025 – ACN Brasil
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