Dia do Padre – Ser Padre é amar muito!

Hoje é o Dia do Padre, nossos pais espirituais, aqueles responsáveis por trazer Cristo a nós na Eucaristia. Dia de rezarmos pelos nossos sacerdotes e celebramos com eles o dom da vocação.

Conheça agora o testemunho de um dos sacerdotes da Aliança de Misericórdia sobre a vocação ao sacerdócio:

“Ser Padre é amar muito!”

Meu nome é padre André, como consagrado.

Sou aquilo que, na Igreja, se chama de vocação tardia, porque na verdade fui dar conta do meu chamado com os meus 25 anos de idade, após a minha experiência pessoal com Deus, na Renovação Carismática, aos 23 anos.

Depois dessa experiência tão marcante, onde eu dei passos de conversão na vida, no relacionamento de namoro e indo às missas aos domingos, ali, algo dentro de mim aconteceu.

Pe. André durante celebração em Moçambique

Comecei a olhar o padre celebrando a Santa Missa de uma forma como eu nunca tinha observado antes. De repente, nasceu dentro de mim um desejo de ser padre, e isso foi crescendo cada vez mais.

Movido por isso, procurei um seminarista da Renovação Carismática para saber como eles viviam. Assim, me indicaram a um diretor vocacional, com quem pude conversar e expor o que estava vivendo.

Ele me explicou o que eu teria que fazer naquele momento, como terminar o relacionamento para fazer um bom discernimento vocacional. Assim, terminei o namoro e comecei os encontros vocacionais com a Diocese.

Mas, não me identifiquei muito, porque eu nasci espiritualmente dentro de uma realidade carismática, diferente da vivência onde estava fazendo os encontros.

Nesse tempo eu também estudava e fazia um curso no SENAI, no Bresser. Na estação ali perto havia a tão conhecida “Missa de 5ª feira, com o padre Antonello”. Então, um dia eu resolvi passar por ali, porque eu desejava conversar com o padre a respeito da minha crise.

Já era um desejo muito profundo o de ser padre, só que não estava me encontrando naqueles encontros vocacionais. Não consegui falar com ele, mas encontrei um missionário que me deu toda atenção. Testemunhou sua vida e me falou da Aliança de Misericórdia, que eu nem sabia que existia.

Fui conhecer a Aliança através do encontro mensal chamado “JAM”, e me apaixonei! Me apaixonei pela espiritualidade, escutando o Pe. João Henrique falando da misericórdia, daquele jeito que só ele sabe falar, e vendo a alegria daquela juventude.

Sempre gostei de teatro, de dança, mas até então tudo o que eu fazia na área artística era bem secular, não tinha nada de pureza.

Olhando a forma como aqueles jovens se apresentavam no teatro, dançavam de uma forma tão pura, aquilo me cativou de uma maneira tremenda.

Mas, o local, nem tanto!

Nessa época, eu gostava muito do Carisma, mas não pensava em ser padre da Aliança de Misericórdia. A comunidade tinha acabado de nascer, fazia dois anos. Estava tudo nascendo, tudo muito simples, muito pobre.

Todas as vezes que eu ia no Botuquara, onde é a nossa Casa de Formação, sempre o mesmo jovem estava lavando o banheiro, que era um contêiner. Via aquelas pessoas carregando panelas e panelas lá de baixo do terreno até o salão São Miguel… Enfim, o lugar não era atraente e eu não conseguia me imaginar sendo padre ali dentro daquela realidade, mas eu queria levar o Carisma aonde eu fosse.

Até que um dia, no ano de 2004, eu fui fazer uma experiência de uma semana no sítio. E ali eu me encantei, me apaixonei com a simplicidade daquilo!

Pe. André na missão de Moçambique

Durante esses dias, eu escutava muito a seguinte frase: “a atenção é o princípio do amor”. Ao passarmos num local e víssemos uma cadeira fora do lugar, arrumando aquilo já era o Evangelho sendo vivido. Se víssemos um papel jogado no chão, colocando-o na lixeira aquilo ali já era Evangelho. Também, na vivência comunitária, nos gestos de acolher as pessoas que chegavam na nossa casa, escrevendo um bilhetinho: “seja bem-vindo”, “Jesus te ama”; presenteando com uma bala, um chocolate, uma lembrança…

Essa experiência foi tão marcante, tão profunda que eu pedi para ficar ali mais um mês, e me deixaram. Desse um mês, eu já estou aqui há 18 anos como membro da Aliança de Misericórdia.

Fui ordenado sacerdote em 2017, e hoje estou na missão de Moçambique.

Ser padre é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Primeiro, pelo desejo e a busca da santidade diária. E esse despertar à santidade é fruto de uma vida de oração.

Quando fui me preparar para a ordenação, fiz um retiro e escutei uma homilia do Pe. Paulo Ricardo, onde ele falava que “o lugar do sacerdote é com a sua cabeça encostada no peito de Jesus”. Ele dizia ainda que “o padre celebra a Eucaristia todos os dias, atende confissão todos os dias, ministra os Sacramento todos os dias. Mas, se ele não estiver com a sua cabeça e com o seu coração unido ao Coração de Jesus, aos poucos tudo isso vai perdendo sentido, o brilho, a alegria e o prazer”. Ouvir isso foi muito forte, determinante para mim. O meu lugar, como sacerdote, é com a minha cabeça e meu coração unidos ao coração de Jesus. 

Agora eu vou fazer cinco anos de sacerdote e tenho certeza que “esse lugar” é uma verdade.

Eu olho para mim e penso: “o que eu poderia oferecer ao povo que Deus confia a mim, se não for o próprio Jesus?”. Se eu não recostar a minha cabeça e o meu coração no coração de Jesus, se eu não me colocar diante da Eucaristia todos os dias, realmente eu não serei capaz de dar nada de muito bom ao povo.

Dessa forma, ser padre para mim e estar unido, numa dimensão de dependência a Jesus Cristo, com a cabeça coladinha no peito dEle, para nunca me esvaziar, nunca deixar perder o brilho e o desejo.

E eu louvo muito, louvo muito a Deus de verdade, porque nestes quase cinco anos como sacerdote, eu me considero muito feliz e tenho uma alegria imensa de poder celebrar a Eucaristia todos os dias!

Tenho uma alegria imensa de poder atender as pessoas, de poder exercer o pastoreio. Alegria em, as pessoas pedirem: “padre, pode me confessar?”, eu dizer: “Posso!”, “’Padre, pode abençoar esse bebê que nasceu?” – “Posso!”.

Nós, como padres da Aliança de Misericórdia, não assumimos paróquia, vamos para alguma missão, como eu aqui em Moçambique, que auxilio o pároco em tudo aquilo que ele necessita: missas dominicais, casamentos, unção dos enfermos, exéquias, formações para acólitos, para casais e em tudo aquilo que a Igreja precisar.

Estamos sempre à disposição com a essa graça de poder ser mais acessível ao povo. Creio que isso faz muita diferença, sendo um presente para as pessoas e um presente maravilhoso também para nós, padres, porque a alegria deles nos enche de vida.

Tenho uma verdadeira alegria por ser padre!

Como diz o Papa Francisco: “quando um casal está apaixonado, ele tem alegria de poder falar do grande amor da sua vida, de apresentá-lo”. E eu, como Seu sacerdote, tenho a alegria de poder falar do grande amor da minha vida, que é Jesus Cristo! Sou muito, extremamente feliz!

Pe. André e a fraternidade de Moçambique

Creio que a Aliança de Misericórdia foi feita para mim, como um caminho de salvação. Eu não sei se encontraria um lugar que me acolhesse e me formasse do jeito que este Carisma me formou e continua formando, pela experiência de vida fraterna que nós vivemos.

Termino dizendo que, ser padre é gostar de pessoas, é amar muito, muito a Jesus Cristo. E, repito, é estar com a cabeça encostada no peito dEle sempre, porque é dali que recebemos tudo que precisamos.

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