A história da santidade no Brasil é enriquecida por figuras luminosas que dedicaram sua vida aos mais pobres e abandonados. Entre elas, destaca-se a Beata Assunta Marchetti, uma mulher de profunda fé, entrega e caridade, que doou sua vida às crianças órfãs e aos imigrantes italianos no início do século XX. Sua vida é um testemunho do poder da misericórdia de Deus atuando em silêncio, no escondimento, nos pequenos gestos cotidianos de amor.

Quem foi a Beata Assunta Marchetti?

Assunta Marchetti nasceu em 15 de agosto de 1871, na pequena cidade de Lombrici di Camaiore, na Itália. Desde cedo, cultivou uma vida de oração e serviço, sendo profundamente influenciada pela espiritualidade franciscana e pelo amor aos pobres.

Em 1895, aos 24 anos, atendeu ao chamado missionário e veio ao Brasil junto com seu irmão, o padre Giovanni Battista Marchetti, e com outras jovens mulheres, a convite do Beato João Batista Scalabrini, fundador dos Missionários de São Carlos. O objetivo era cuidar dos órfãos filhos de imigrantes italianos que chegavam em grande número ao país, especialmente em São Paulo.

Vida de serviço e espiritualidade encarnada

No Brasil, Assunta ajudou a fundar o Instituto das Missionárias de São Carlos Borromeo (Scalabrinianas). Como cofundadora, dedicou-se com incansável zelo à acolhida de crianças órfãs, doentes e imigrantes abandonados. Sua vida foi marcada por uma espiritualidade concreta: vivia para servir a Cristo nos mais necessitados, com discrição, humildade e amor.

Assunta cuidava das crianças como uma verdadeira mãe. Lavava, alimentava, educava, orava com elas. Tudo isso em meio a dificuldades materiais e espirituais, mas com uma fé inabalável na providência divina. Seu amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria sustentava sua missão cotidiana.

Um legado de santidade silenciosa

A Beata Assunta Marchetti faleceu em São Paulo, em 1º de julho de 1948, com fama de santidade. Seu túmulo, no Orfanato Cristóvão Colombo, tornou-se lugar de peregrinação, onde muitos relatam graças e favores recebidos por sua intercessão. Em 2014, foi beatificada em uma celebração solene na capital paulista, reconhecendo oficialmente sua virtude heroica e fama de milagres.

O Papa Francisco, que valoriza os “santos do povo”, viu em Assunta um modelo da “santidade da porta ao lado”, acessível, simples, mas profundamente transformadora. Sua vida é sinal de esperança para o povo brasileiro, especialmente para os que trabalham com os pobres, com crianças vulneráveis e com os migrantes — tão presentes também no carisma da Aliança de Misericórdia.