Amar como Santa Dulce dos Pobres amou

No último domingo, 13 de outubro, aconteceu no Vaticano, a canonização de Santa Dulce dos Pobres, sendo a primeira santa nascida em terras brasileiras. Seu legado de caridade vai além das terras baianas, onde vivia.

A seu exemplo, leigos e religiosos voltam seu olhar aos mais necessitados, buscando atender as suas necessidades, orando, cuidando, com o único objetivo: que eles possam sentirem-se amados!

A missionária e consagrada da Aliança de Misericórdia, Roberta da Eucaristia, relatou sua devoção à santa, e o que ela lhe tem ensinado em sua missão particular junto aos mais pobres, na comunidade do Moinho, em São Paulo. Leia abaixo.

Um exemplo de vida e doação

“No amor e na fé encontraremos as forças necessárias para a nossa missão” (Santa Dulce dos Pobres).

Gosto muito dessa frase de Ir. Dulce que coloquei acima, ela me diz muito sobre minha missão, em especial aqui no Moinho. Com a santa também aprendi que é preciso seguir em frente e enfrentar os obstáculos que surgem em nossa estrada. E quantos são os desafios. Porém, minha frase no cotidiano tem sido: “a vida precisa seguir”, pois temos pessoas que precisam também experimentar esse amor de forma concreta.

A partir do momento que conheci a história de Ir. Dulce, assisti ao filme que mostra sua vida, uma das coisas que também me chamou a atenção nela é a capacidade que tinha de amar no concreto e acolher principalmente aqueles que ninguém mais acreditava.

Eu mudei o meu olhar com os jovens aqui do Moinho, sobretudo, os que são envolvidos com o tráfico. E como tem sido gratificante. Ouso dizer muito mais para mim do que até para eles mesmos.

Me explico: em um dos relatos de Ir. Dulce, vemos que ela, ao encontrar os pobres, os meninos do tráfico, sempre perguntava: “como você está?”. Mas perguntava como quem de fato se interessava por isso. Parava para escutar, mostrava interesse e assumia aquela vida, principalmente em oração. Assim comecei a fazer também na missão que hoje estou. E interessante é que os meninos têm se sentido acolhidos e isso tem sido importante para eles.

Os pequenos gestos que fazem a diferença

Me recordo que recentemente eu estava saindo da favela muito apressada, pois estava atrasada, e ouvi uma voz de longe me dizendo: “ei tia, cadê minha benção?”. Fiquei tocada, pois é assim mesmo que falo com eles e aquele dia, pela correria deixei passar. Mas, como é um simples e pequeno gesto que faz diferença na vida deles, aquele menino sentiu falta.

Eu louvo muito a Deus pela vida e doação de Ir. Dulce dos Pobres, uma santa tão próxima de nós. Com ela tenho aprendido ainda mais, que vale a pena sim amar e doar a vida pelos mais pobres. Mesmo que não venhamos a contemplar a mudança em suas vidas, uma coisa é certa: se sentirão amados.

O amor como caminho

Esse era o intuito em tudo que Ir. Dulce fazia. Seja dar remédio, comida, cobertor, um teto, um abraço. Tudo era somente por amor. E essa tem sido minha escolha de forma radical e concreta na minha missão. Repito, em particular com aqueles que ninguém mais acredita.

Um gesto concreto que Ir. Dulce fazia e que eu também adotei é dar água abençoada para os meninos do tráfico (risos). Eles sempre passam aqui e eu ofereço essa água sem eles saberem. Pois, onde nós não chegamos, Deus chega através das orações. Com gestos concretos, Ir. Dulce fez valer as tantas vezes que ela repetia: “A minha política é a do amor ao próximo”.

Finalizo com mais um de suas falas: “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós”.

Leia mais sobre Ir. Dulce dos Pobres:

Veja uma reportagem da TV Canção Nova sobre o trabalho da Aliança no Moinho e a devoção à Santa Dulce dos Pobres

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