Até onde pode ir o humor? Podemos impor limites?
O bom humor e a “tiração” de sarro são muito próprios do brasileiro, não é mesmo? Crescemos assistindo vários programas de humor e tendo em nosso imaginário popular personagens de filmes que nos fizeram rir e que são imitados até hoje.
Imaginário Popular
Quem não lembra, por exemplo, do debochado Chicó, de “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna? Do “Nerso da Capitinga” ou dos “Trapalhões”?
Mas parece que perdemos a mão no quesito humor. Parece que não sabemos – no geral – até onde podemos ir. Medir as consequências, então, virou acessório de luxo na “zoação”.
Vemos muito hoje o tema bullying em discussão. E é importante mesmo que ele seja pauta das nossas conversas em casa, nas escolas. Porque muitas vezes o bullying pode paralisar uma pessoa numa deficiência, diferença ou dificuldade. Pode levar ao isolamento, depressão e até ao suicídio.
Caso Sidão
Vimos no último fim de semana um episódio que tem se tornado normal: zoar com os piores em campo nos jogos de futebol. E assim foi. Mas, o prêmio “Craque do Jogo” (da TV Globo) era pra ser realmente para o melhor, mas a internet não perdoou e premiou Sidão, o goleiro do Vasco, que tinha tido um mal desempenho na partida.
É claro que foi um prêmio irônico. Mas o que muitos não sabiam é que o goleiro já vinha numa má fase na vida, estando até mesmo em estado de depressão e tentado suicídio.
A humilhação gratuita sofrida pelo goleiro poderia ter levado o mesmo a graves consequências, mas em seu perfil no Instagram, Sidão deu a “receita” para vencer a zoação e usá-la como motivação para crescer:
“Uma trajetória com muita luta, sempre foi assim a minha vida. ‘Do caos, surgem as oportunidades. Que esse constrangimento generalizado toque cada um de nós (atletas, jornalistas, técnicos, dirigentes, agentes, torcedores…), enfim, todos aqueles que buscam e tentam fazer um futebol melhor, tendo como pilar principal o RESPEITO PROFISSIONAL”.
Robson Landim, colaborador da Aliança
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