Um Tempo de Restauração
Neste ano, queremos nos dedicar ao tema da Restauração. E, para percorrermos este caminho de restauração, seguiremos o itinerário do Livro de Neemias.
Importância da Maturidade
Queridos filhos e amigos, neste ano, que nos prepara para o aniversário dos 20 anos de Fundação desta pequena, pobre e abençoada família “Aliança de Misericórdia”[1], discernimos que o Senhor nos chama à um novo passo na busca de alcançarmos a “maturidade humana e espiritual”, vivendo à luz da Palavra do Senhor que é “Espírito e vida” (cf. Jo 6,63).
Ousaríamos dizendo que a “maturidade” é unir todos os nossos esforços para viver intensamente o que nos fala São Paulo:
“O Deus da Paz vos conceda santidade perfeita; E que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo, Sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem vos chamou é fiel, e é Ele que agirá!” (1Ts 5,23-24)
A maturidade, torna-se concreta, quando entendemos que não fomos nós que escolhemos o Senhor, mas que Ele nos escolheu, constituiu, consagrou e enviou-nos (cf. Jo 15,16), conscientes de que “Ele é fiel, e é Ele que agirá”.
Deixar o Senhor realizar sua obra em nós
Assim, permitamos que o Senhor seja realmente o Senhor da nossa história, mantendo aberta a porta de nossa alma para que Ele entre como único Senhor – “Levantai-vos portas antigas e entre o Rei da Glória!” (Sl 24,7).
Maturidade é, viver como Maria, dizer o nosso sim diário para que “em nós se faça a Sua vontade” (cf Lc 1,38). Como Maria Paola1 dizia na hora da morte: “Não é importante o que eu fiz, o que vale é o que o Senhor fez em mim”.
Somos chamados a “sermos apóstolos de uma nova evangelização para construir a civilização do Amor”. Você está disposto(a) a entregar quotidianamente a vida para transformar a história? [2].
Maturidade é “desinstalar-se” continuamente das nossas seguranças e riquezas, sendo capazes de entender e declarar no final da vida: “até agora não fizemos nada. Precisamos começar tudo de novo!”.
Assim sendo, poderíamos dizer também, que a maturidade é “voltar ao primeiro amor, fazendo memória da Misericórdia de Deus na nossa vida, um caminho de conversão, voltando às ‘primeiras obras’, ao essencial do nosso viver” (cf. Ap 2,4ss).
Vencer a acomodação
Precisamos, hoje e sempre, vencer a tentação de “acomodar-nos”, “contentar-nos”, “acostumar-nos”.
Todas as vezes, que o povo de Israel se “acomodava” e começava a adorar “as obras de suas próprias mãos”, confiando nas próprias forças, contentando-se com suas conquistas e falsas seguranças, o Senhor intervia desinstalando-os com repetidos “êxodos”, consequentes destruições da Cidade Santa, deportações, novos retornos e reconstruções, tudo para que o seu povo pudesse novamente “voltar a Ele de todo coração”, recomeçando, mudando de conduta e colocando sua confiança unicamente n’Ele, como único e verdadeiro Senhor.
Ano de Restauração
Neste ano, queremos nos dedicar ao tema da Restauração. E, para percorrermos este caminho de restauração, seguiremos o itinerário do Livro de Neemias, que nos fala da restauração de Jerusalém após o exílio de Babilônia[3].
Os livros de Esdras e de Neemias são as únicas fontes que temos do período pós-exílio, e têm como fio condutor a reconstrução de Judá, da cidade e do Templo de Jerusalém e, sobretudo, a Renovação da Aliança divina com o povo eleito (cf. Esd 7-10).
Se adentrarmos nos escritos do livro de Neemias, descobrimos um maravilhoso “mover” do Espírito que aconteceu quando o povo se uniu para a leitura do livro da Lei (Palavra de Deus), e ao escuta-la se comoviam.
O governador Esdras e o sacerdote Neemias disseram: “Hoje é dia consagrado a Javé, Deus de vocês, não fiquem tristes e parem de chorar (…) ninguém fique triste, pois a alegria do Senhor é a nossa força!” (Ne 8,9-10).
Santificação da Aliança
Sem duvidas, neste livro podemos encontrar, um profundo convite de Deus para reconstruirmos nossa vida como “Família Aliança de Misericórdia”, à luz da Palavra criadora de Deus que “faz novas todas as coisas” (cf. Ap 21,5).
A santificação da nossa Comunidade acontece “a começar de mim” e esta conversão é um compromisso de cada dia!
De forma particular iremos examinar, com o auxílio do Espírito Santo, a restauração das 12 portas da cidade de Jerusalém, assim como relata o livro de Neemias.
Perceberemos que cada uma destas portas simbolizam um passo necessário para a reconstrução da “nossa cidade” ou “castelo interior”, como dizia Santa Teresa de Ávila, e contemporaneamente, da nossa “Jerusalém”, a nossa Comunidade, a “Cidade de Deus”.
Cremos que estes passos não deixam de transformar a história, pois sabemos que um “mundo melhor” depende do nosso sim pessoal e comunitário à Palavra de Deus, à escola de Maria, nossa mãe: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Lc 1,38).
Igualmente, como no começo da Obra, ainda o Senhor nos convida a dar “o nosso sim para um mundo melhor!”.
Deus abençoe você no itinerário destas reflexões da Palavra de Deus, e Ele, nosso Senhor, possa restaurar e reconstruir as portas de “sua Jerusalém” e selar cada porta na força do Espírito Santo, para que a Sua Palavra se cumpra plenamente em nossa Família Aliança de Misericórdia.
Pe. João Henrique Pe. Antonello Cadeddu
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