Santa Hildegarda: uma mulher à frente do seu tempo
Santa Hildegarda nascimento e vida
Nascida em 1098 em Bermersheim, décima filha de um nobre e rico casal, desde criança já dava sinais de sua santidade e grande inteligência. Aos 8 anos de idade foi conduzida à uma ermida, para viver no silêncio do claustro onde começou a ter várias experiências místicas.
Numa dessas experiências recebeu a ordem de Jesus para que divulgasse todos os ensinamentos que Ele lhe havia dado. Os escritos são de teologia mística, ciências naturais e medicina. São Bernardo de Claraval foi um de seus “padrinhos”.
Há também escritos de caráter linguístico onde a santa inclui palavras de língua inventada por ela, provavelmente para exprimir melhor alguma ideia.
Além de tudo isto, Santa Hildegarda era musicista, escrevendo o único drama musical medieval que chegou até nós; que você pode conferir neste link, Symphonia armoniae caelestium revelationum.
Saúde de corpo e alma
Em seus escritos sobre ciências naturais e medicina, ela afirma que os desequilíbrios nervosos e espirituais se refletem no corpo e defende que o bem estar deste passa por uma boa dieta alimentar (Causae et curae, Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum). Seus livros analisam alimentos e plantas, os classifica a quanto fazem bem ou mal para determinado metabolismo.
“Sua medicina tem em vista o homem todo. Um dos títulos do seu livro é “plantas que podem curar a melancolia”, num outro trecho ela pede que se evitem os alimentos que causam maus humores, donde resultam problemas de metabolismo e que conduzem a depressão”.
Já no fim de sua vida realizou quatro viagens por diversas cidades, pregando aos monges e clero, exortando-os por uma coerência de vida com o Evangelho.
Doutora da Igreja
Em 2012, o Papa Bento XVI, declarou-a Doutora da Igreja. Na carta de Apostólica de proclamação do Doutorado, o Papa declara:
“Em Santa Hildegarda de Bingen revela-se uma extraordinária harmonia entre a doutrina e a vida quotidiana. Nela a busca da vontade de Deus na imitação de Cristo expressa-se como uma prática constante das virtudes, que ela exerce com suma generosidade e que alimenta nas raízes bíblicas, litúrgicas e patrísticas à luz da Regra de São Bento: resplandece nela de modo particular a prática perseverante da obediência, da simplicidade, da caridade e da hospitalidade.
Nesta vontade de pertença total ao Senhor, a abadessa beneditina sabe englobar os seus dotes humanos ímpares, a sua perspicaz inteligência e a sua capacidade de penetração das realidades celestes”.
Coragem e firmeza na fé
Bento XVI continua expondo a atividade apostólica da monja:
“Dentro dos muros claustrais ocupou-se do bem espiritual e material das irmãs de hábito, favorecendo de modo particular a vida comunitária, a cultura e a liturgia. Fora deles comprometeu-se ativamente por robustecer a fé cristã e fortalecer a prática religiosa, contrastando as tendências heréticas dos cátaros, promovendo a reforma da Igreja com os escritos e a pregação, contribuindo para melhorar a disciplina e a vida do clero.
A convite primeiro de Adriano IV e depois de Alexandre III, Hildegarda exerceu um apostolado fecundo — na época não muito frequente para uma mulher — efetuando algumas viagens não sem incômodos e dificuldades, para pregar até nas praças públicas e em várias igrejas-catedrais, como aconteceu entre outras em Colônia, Tréveros, Liege, Mogúncia, Metz, Bamberga e Würzburg.
A profunda espiritualidade presente nos seus escritos exerce uma influência relevante quer nos fiéis, quer em grandes personalidades da sua época, abrangendo numa renovação incisiva a teologia, a liturgia, as ciências naturais e a música”.
Santa Hildegarda foi uma mulher à frente do seu tempo e soube viver na terra as realidade do céu, equilibrando mística e ação, humanidade e a vida do Reino, sem deixar de ser autêntica e feminina.
Que ela possa interceder por nós, mulheres cristãs, para que saibamos colaborar com a obra de salvação de Jesus, amando-o acima de tudo.
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