Na Sagrada Escritura, encontramos em São Zacarias e Santa Isabel um casal marcado pela fé, pela fidelidade e pela paciência diante da longa espera por uma promessa. Sua história nos ensina que o tempo de Deus nem sempre corresponde ao nosso, mas é sempre perfeito e cheio de misericórdia. Em tempos de frustração, dor ou aparente silêncio de Deus, o exemplo desses dois santos é um alento para aqueles que esperam com esperança.

Um casal justo diante de Deus

O Evangelho de São Lucas descreve Zacarias e Isabel como “justos diante de Deus, observando irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor” (Lc 1,6). Apesar de toda fidelidade, enfrentavam uma dor profunda: não podiam ter filhos, e ambos já eram de idade avançada. Na cultura da época, a esterilidade era vista como uma vergonha, um sinal de desgraça. No entanto, esse casal permaneceu firme na fé católica, mesmo sem compreender os caminhos de Deus.

“Para Deus, nada é impossível” (Lc 1,37)

O silêncio de Zacarias e o louvor de Isabel

Enquanto exercia seu ministério sacerdotal no Templo, Zacarias recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe anunciou o nascimento de um filho: João, o Batista, aquele que prepararia o caminho do Senhor. Diante da incredulidade do sacerdote, o anjo lhe impôs o silêncio até o nascimento da criança. Esse período de mudez tornou-se um tempo de escuta interior, de purificação da fé.

Já Santa Isabel, ao engravidar, exclama:

“Assim o Senhor agiu comigo nos dias em que olhou para mim, para tirar o meu opróbrio entre os homens” (Lc 1,25).

Seu coração transborda de gratidão e reconhecimento da promessa divina que se cumpria no tempo certo. O filho que parecia impossível, nasceu. E não foi qualquer filho: João Batista, o maior entre os nascidos de mulher (cf. Mt 11,11).

O tempo de Deus não falha

Na espiritualidade da Aliança de Misericórdia, aprendemos que a fé não é passiva, mas confiante; é um “sim” contínuo, mesmo quando as circunstâncias parecem contradizer as promessas de Deus. São Zacarias e Santa Isabel viveram anos de silêncio, de espera e de oração — e, no momento certo, Deus agiu com poder e ternura.

Quantas vezes também nós vivemos períodos de “esterilidade espiritual”, em que nossos sonhos parecem não frutificar? Quantas vezes oramos por algo e Deus parece tardar? A história desse casal nos ensina que Deus nunca se atrasa — Ele prepara. Seu tempo é formativo, não punitivo. Ele amadurece nossa fé enquanto trabalha no invisível.