O que São Joao Paulo II pensava sobre o Comunismo?
São João Paulo II, ficou conhecido como o Papa da Juventude, mas ele foi também um Papa de grande atuação diplomática e política. Viveu em um tempo difícil, durante a Guerra Fria, tendo vivido em seu país o regime soviético e, enquanto Papa, foi responsável por diálogos e importantes críticas ao regime socialista da URSS.
É fato, que todos os Papas condenaram veementemente o comunismo através de encíclicas, documentos e discursos. A condenação vem pela ideologia ser uma ideologia materialista e ateia, da teoria até a prática.
Mas, São João Paulo II viveu na pele essa ideologia: o santo viveu sobre o regime soviético da Polonia e foi um dos grandes responsáveis pela queda do regime em seu país e em toda a Europa.
O jornalista Bernard Lecomte, um grande especialista no regime da URSS, após uma vasta pesquisa em Moscou, Paris, Cracóvia e outras localidades, demonstrou o importante papel do Papa João Paulo II para o fim da União Soviética.
Em 1978, um fato surpreendente ocorre no Vaticano, o então cardeal polonês Karol Wojtyka é eleito pelo colégio de cardeais o novo Bispo de Roma, o Novo Papa. Sua eleição foi uma grande surpresa, pois esperava-se um Papa Italiano (desde 1523 somente italianos era eleitos), e também por ser um Papa que veio de um país comunista.
Para os socialistas em Moscou, a eleição de João Paulo II era um problema. Jerzy Turowicz disse na época que “Moscou viu de imediato um inimigo em João Paulo II”.
Moscou sabia que o Papa seria uma forte oposição ao regime, buscando a liberdade de seus conterrâneos.
Durante todo o pontificado, João Paulo II foi muito firme em sua condenação ao comunismo, mas também muito sábio em buscar a liberdade através do diálogo, sem violência e sem mais destruição. Buscava através do diálogo, a reaproximação e reunificação de toda a Europa, em especial a queda do muro de Berlim.
Em 1979 visitou pela primeira vez a Polônia como Papa e recebeu um grande apoio da população. Nos anos seguintes voltou diversas vezes ao país para encontros e diálogos.
O Santo Papa sempre confiou suas orações à Virgem Maria e suplicava à mãezinha a libertação de seu povo. Até que em 1989 o católico Tadeusz Mazowiecki chegou ao poder, derrotando os comunistas no país. A Polonia começou, então, o que foi um efeito dominó na URSS. Após a Polonia, a Hungria abriu as fronteiras, depois a Alemanha oriental até que em novembro do mesmo ano, o Muro de Berlim foi derrubado.
O Comunismo e o Materialismo, um mal a ser combatido:
O combate ao comunismo feito por João Paulo II se dá pelo fato de o comunismo em sua ideologia desconsiderar elementos básicos da lei natural e da moralidade cristã. Elementos como a liberdade individual de cada filho de Deus, o respeito à propriedade privada e a dignidade da pessoa humana; o direito inalienável à vida e à legitima defesa. Porém, o Papa alerta também para o risco de um anticomunismo que caia em totalitarismos ou num liberalismo desenfreando.
O liberalismo como ideologia ou os regimes totalitários, são um grande perigo, pois ferem os mesmos princípios cristãos. Um cristão combate o mal com o bem e nunca com outro mal. Não posso combater a falta de liberdade do comunismo com a libertinagem da liberação das drogas e do aborto, pois assim firo a dignidade humana e o direito à vida.
Assim como não posso combater a pobreza com uma igualdade sem liberdade e sem escolha, pois firo o livre arbítrio dado por Deus aos homens.
Veja o que o São João Paulo II falou sobre o comunismo e seu combate:
“É verdade que, desde 1945, as armas silenciam no Continente europeu; mas a verdadeira paz — deve-se lembrar — nunca é o resultado da vitória militar, mas implica a superação das causas da guerra e a autêntica reconciliação entre os povos. Durante muitos anos, de fato, houve, na Europa e no mundo, mais uma situação de não-guerra do que de paz verdadeira.
Metade do Continente caiu sob o domínio da ditadura comunista, enquanto a outra metade se organizava para se defender contra tal perigo. Muitos povos perdem o poder de dispor de si próprios, veem-se encerrados nos limites sufocantes de um império, enquanto se procura destruir a sua memória histórica e a raiz secular da sua cultura. Multidões enormes são forçadas a abandonar a sua terra e violentamente deportadas…
…No fim da II Guerra Mundial, porém, um tal desenvolvimento está ainda em formação nas consciências, e o dado mais saliente é o estender-se do totalitarismo comunista sobre mais de metade da Europa e parte do mundo. A guerra, que deveria restituir a liberdade aos indivíduos e restaurar os direitos dos povos, terminou sem ter conseguido estes fins; pelo contrário, acabou de um modo que, para muitos povos, especialmente para aqueles que mais tinham sofrido, abertamente os contradiz. Pode-se dizer que a situação criada deu lugar a diversas respostas.
Em alguns Países, e sob alguns aspectos, assiste-se a um esforço positivo para reconstruir, depois das destruições da guerra, uma sociedade democrática e inspirada na justiça social, a qual priva o comunismo do potencial revolucionário, constituído por multidões exploradas e oprimidas.
Estas tentativas procuram em geral preservar os mecanismos do livre mercado, assegurando através da estabilidade da moeda e da firmeza das relações sociais, as condições de um crescimento económico estável e sadio, no qual as pessoas, com o seu trabalho, podem construir um futuro melhor para si e para os próprios filhos. Simultaneamente, estes países procuram evitar que os mecanismos de mercado sejam o único termo de referência da vida associada e tendem a submetê-los a um controle público que faça valer o princípio do destino comum dos bens da terra. Uma certa abundância de ofertas de trabalho, um sólido sistema de segurança social e de acesso profissional, a liberdade de associação e a ação incisiva do sindicato, a previdência em caso de desemprego, os instrumentos de participação democrática na vida social, neste contexto, deveriam subtrair o trabalho da condição de «mercadoria» e garantir a possibilidade de realizá-lo com dignidade.
Existem, depois, outras forças sociais e movimentos de ideias que se opõem ao marxismo com a construção de sistemas de «segurança nacional», visando controlar de modo capilar toda a sociedade, para tornar impossível a infiltração marxista. Exaltando e aumentando o poder do Estado, elas pretendem preservar o seu povo do comunismo; mas, fazendo isso, correm o grave risco de destruir aquela liberdade e aqueles valores da pessoa, em nome dos quais é preciso opor-se àquele.
Outra forma de resposta prática, enfim, está representada pela sociedade do bem-estar, ou sociedade do consumo. Ela tende a derrotar o marxismo no terreno de um puro materialismo, mostrando como uma sociedade de livre mercado pode conseguir uma satisfação mais plena das necessidades materiais humanas que a defendida pelo comunismo, e excluindo igualmente os valores espirituais. Na verdade, se por um lado é certo que este modelo social mostra a falência do marxismo ao construir uma sociedade nova e melhor, por outro lado, negando a existência autónoma e o valor da moral, do direito, da cultura e da religião, coincide com ele na total redução do homem à esfera do económico e da satisfação das necessidades materiais”.
Leia mais na Encíclica Centesimus Annus
0 Comments