Meditação sobre a Transfiguração – São João Damasceno

«Eis que lhes apareceram Moisés e Elias que falavam com Ele»

“Uma nuvem luminosa cobriu-os com a sua sombra” e os discípulos foram tomados de grande temor vendo Jesus, o Salvador, com Moisés e Elias na núvem. Outrora, é certo, quando Moisés viu Deus, entrou na nuvem divina (Ex 24,18), dando assim a compreender que a Lei era uma sombra. Escuta o que diz S. Paulo: “Na verdade, a Lei não era mais do que sombra dos bens futuros, não a própria realidade” (He 10,1).

Nesse tempo, Israel “não tinha podido fixar os olhos na glória passageira do rosto de Moisés” (“Co 3,7). “Mas nós, com o rosto descoberto, reflectimos a glória do Senhor e somos transformados de uma glória para uma glória ainda maior, pela acção do Senhor que é Espírito” (v. 18). É por isso que a núvem que cobriu os discípulos com a sua sombra não estava cheia de trevas mas de luz. Com efeito, “o mistério escondido há séculos e através das gerações foi revelado” (Col 1,26) e a glória perpétua e eterna foi manifestada. Eis porque é que Moisés e Elias, um de cada lado do Salvador, personificavam a Lei e os profetas. Aquele que a Lei e os profetas anunciavam é, na verdade, Jesus, o dispensador da vida.

Moisés representa também a assembleia dos santos que outrora adormeceram (Dt 24,5) e Elias, a dos vivos (2R 2,11), porque Jesus transfigurado é o Senhor dos vivos e dos mortos. E Moisés entrou finalmente na Terra Prometida porque é Jesus que aí o conduz. Outrora, Moisés tinha visto apenas de longe a herança prometida (Dt 34,4); hoje vê-a nitidamente.

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