Domingo de Ramos: Meditação de Santo Agostinho

“Não tenhas medo de acolher Jesus na tua vida.
A sua presença traz sempre uma alegria.”
Santo Agostinho

Neste domingo de Ramos queremos meditar junto com Santo Agostinho o sinal da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, que culmina na morte de cruz e na Ressureição que nos trouxe a salvação.

A Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e exemplo de paciência.

Haverá alguma coisa que não possam esperar da Graça Divina os corações dos fiéis, pelos quais o Filho unigênito de Deus, eterno como o Pai, não apenas quis nascer como homem entre os homens, mas quis também morrer pelas mãos dos homens que tinha criado?

Grandes coisas o Senhor nos promete! Mas o que Ele já fez por nós e agora celebramos é ainda muito maior. Onde estávamos, ou quem éramos, quando Cristo morreu por nós pecadores? Quem pode duvidar que ele dará a vida aos seus fiéis, quando já lhes deu até a sua morte? Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que um dia os homens viverão em Deus?

Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens.

Quem é Cristo, senão aquele que “no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus: e a Palavra era Deus”? (Jo 1,1). A Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Se não tivesse tomado da nossa natureza a carne mortal, Cristo não teria possibilidade de morrer por nós. Mas deste modo o imortal pôde morrer e dar sua vida aos mortais. Fez-se participante de nossa morte para nos tornar participantes da sua vida.

De fato, assim como os homens, pela sua natureza, não tinham possibilidade alguma de alcançar a vida, também Ele, pela sua natureza, não tinha possibilidade alguma de sofrer a morte. Por isso entrou, de modo admirável em comunhão conosco: de nós assumiu a mortalidade, o que lhe possibilitou morrer; e d’Ele recebemos a vida.

Portanto, de modo algum devemos nos envergonhar da morte de nosso Deus e Senhor; pelo contrário, nela devemos confiar e gloriar-nos acima de tudo. Pois, tomando sobre si a morte que em nós encontrou, garantiu com total fidelidade dar-nos a vida que não podíamos obter por nós mesmos.

Se ele tanto nos amou, a ponto de, sem pecado, sofrer por nós pecadores, como não dará o que merecemos por justiça, fruto da sua justificação? Como não dará a recompensa aos justos, ele que é fiel em suas promessas e, sem pecado, suportou o castigo dos pecadores?

Reconheçamos corajosamente, irmãos e irmãs, e proclamemos bem alto que Cristo foi crucificado por amor de nós; digamos não com temor, mas com alegria, não com vergonha, mas com santo orgulho.

O apóstolo Paulo compreendeu bem esse mistério e o proclamou como um título de glória. Ele, que teria muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis – por exemplo, que sendo Cristo Deus como o Pai, criou o mundo; e, sendo homem como nós, manifestou o seu domínio sobre o mundo – mas afirmou: “Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo” (Gl 6,14).

Que possamos viver com profundidade o Domingo de Ramos e toda a Semana Santa que se aproxima, acompanhe conosco as meditações dos Santos para cada dia da Semana Santa

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