“A história de uma jovem mãe italiana que durante a sua gravidez atrasou o próprio tratamento do câncer a fim de que o seu terceiro filho pudesse nascer”. Esse pequeno trecho bem que poderia ser a sinopse de um filme, série ou peça de teatro, mas trata-se de um acontecimento real, ofuscado pelos interesses da grande mídia, que representa o testemunho de uma vida doada por amor ao próximo e que pode inspirar muitas mulheres e casais à vida de santidade.

Chiara Corbella

A italiana Chiara Corbella Petrillo foi uma jovem mãe acometida por um câncer na língua, mas que preferiu não se submeter ao tratamento de quimioterapia para não afetar a saúde do seu terceiro filho. Anteriormente, ela já havia passado pela morte da filha primogênita, Maria Grazia Letizia (+2009), que sofria de anencefalia e viveu apenas 30 minutos; e de David Giovanni (+2010), que nasceu sem pernas e com problemas nos órgãos internos, o que lhe causou a morte horas depois do parto.

Durante a gestação do terceiro filho, os médicos disseram que Chiara deveria seguir um tratamento para se curar, mas ela recusou, a fim de proteger a vida da criança. Em um de seus escritos, ela expressa:

“Para a maioria dos médicos, Francesco era apenas um feto de sete meses e eu que deveria ser salva. Mas eu não tinha nenhuma intenção de arriscar a vida de Francesco com base em algumas estatísticas pouco seguras que pretendiam me demonstrar que deveria dar à luz o meu filho prematuro para que eu pudesse operar”

+ Uma mãe corajosa – Santa Gianna Beretta Molla

Vale ressaltar que a moral católica não a obrigava a não se tratar, mas Chiara quis ir em frente. Com certeza ela teria o direito moral de fazer o tratamento de quimioterapia, o que não está atrelado ao aborto, pois o prejuízo causado à criança seria indesejado e indireto.

E foi assim que, graças ao gesto dessa mãe corajosa, o pequeno Francesco nasceu saudável em 30 de maio de 2011. Chiara Corbella decidiu então continuar o seu tratamento, mas o câncer já havia se espalhado para um de seus pulmões, aos nódulos linfáticos, ao fígado e ao olho direito, o qual ela passou a cobrir com um adesivo.

Em maio de 2012, junto com o esposo e o filho, a jovem mãe encontrou o Papa Bento XVI na Praça de São Pedro. Naquela época, o jornal vaticano L’Osservatore Romano (LOR) informou que o casal se aproximou do Pontífice “sorrindo, com tranquilidade, contaram a sua história de uma jovem família cristã que confia totalmente na providência e levou a sério o Evangelho, com o exemplo de João Paulo II”. O jornal assinalou ainda que o Papa, visivelmente comovido, “acariciou-os afavelmente”.

Fama de santidade

Chiara passou os últimos momentos da sua vida na casa da família, perto do mar, com o esposo e o filho. Seu diretor espiritual fazia visitas e lhe administrava os sacramentos diariamente. Ela faleceu aos 28 anos, em 13 de junho de 2012, e seu funeral foi celebrado três dias depois em Roma, na igreja Santa Francesca Romana.

O então Vigário Geral da Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, disse aos presentes que “o que Deus preparou através dela é algo que não podemos perder”. Em 21 de setembro de 2018 abriu-se oficialmente a causa de beatificação e canonização de Chiara Corbella, que assim se tornou Serva de Deus.

Inspiração para os dias de hoje

De fato, em um mundo onde tantos apoiam o aborto e o uso de anticoncepcionais, não é fácil remar contra a maré e fazer escolhas alinhadas à vontade de Deus. Valorizar a vida em toda a sua concepção tem sido cada vez mais um desafio, porém, muitos casais escolhem viver e defender um caminho correto.

O casal Aline Camalionte e Bruno Everton de Souza, por exemplo, já enfrentou a interrupção de duas gestações. Mesmo assim, eles permanecem abertos à vida, fieis à doutrina católica, e se sentem inspirados pelo testemunho de Chiara Corbella. “Nosso dever como pais é gerar filhos para o mundo e para Deus. Se Ele nos deu a graça de ter filhos prontos para o céu, a gente acolhe. E se Ele nos quiser dar filhos agora, também estaremos prontos”, afirma Bruno.

Atualmente eles fazem acompanhamento médico no Instituto Mater Fecunda, em São Paulo, capital, onde se sentem seguros pelo atendimento humanizado que recebem. A clínica surgiu depois de uma experiência de vida e de conversão que a Dra Carolina Delage teve a partir da Teologia do Corpo de São João Paulo II, passando a realizar atendimentos focados no bem estar e na espiritualidade de casais através de cuidados diferenciados com a saúde.

Ou seja, para Aline e Bruno, trabalhar com métodos naturais nunca deixou de ser uma opção.

Nesta edição do programa “Parte de Nós” contamos mais sobre essa história e apresentamos outro casal que busca viver o que marido e mulher prometeram no dia em que celebraram o Matrimônio: a abertura à vida, gerando quantos filhos Deus enviar. Acompanhe!

“Vida que brota da vida” | Parte de nós