Alguns desafios dos padres numa paróquia

Ordenação sacerdotal do Padre Luiz Carlos em Portugal.

Conversamos com dois padres que vivem de perto a realidade paroquial. Além de falar sobre suas vocações eles também nos mostram alguns desafios cotidiano de um padre em sua paróquia.

Ação de Cristo nas vidas

Pe. Mateus Lopes – Arquidiocese de Belo Horizonte.

Entrevistador: Conte o que foi mais forte no início da sua vocação.

Padre Mateus: A coisa mais forte que me impulsionou no chamado foi a minha experiência de fé, sem a qual, acredito, uma pessoa não pode ser padre e nem assumir uma vocação especifica (no sentido de vocação dentro da Igreja).

Tem que ter uma experiência de fé profunda. Desafios existem, estão o tempo todo na porta e, sem essa experiência, sem essa certeza de que a nossa vida se encontra nas mãos de Deus Pai, acredito que não conseguimos nos manter em harmonia com a vocação e os desafios que temos que enfrentar.

Apresentar Cristo

Em primeiro lugar foi a fé, em segundo foi o desejo de possibilitar às pessoas se encontrarem com Cristo. Eu pensava sempre quando era seminarista e isso me motivava muito: “Se Ele foi capaz de me transformar (experiência de fé), Ele pode fazer isso com outras pessoas também”.

É tão bonito quando a gente percebe que as pessoas se abrem e deixam de fato com que a graça de Deus as transforme em novas criaturas e, mais do que isso, filhos e filhas amados de Deus. Foram os grandes fatores que me motivaram assumir meu chamado.

Identidade cristã num mundo plural

Padre Luiz Paulo, missionário de vida e pároco da Igreja da Arrentela, Seixa/Portugal.

Entrevistador: Qual o maior desafio para o sacerdódio hoje?

Padre Mateus: Nós vivemos numa sociedade pluralista, com várias religiões, vários modos de entender a religião (sobretudo a cristã) e mesmo dentro da nossa Igreja temos vários grupos e isso também é um desafio.

Esse desafio é sentido mais de perto principalmente pelo padre diocesano que precisa, na realidade paroquial, saber navegar nas várias ondas (grupos), mas sem perder o foco de sua missão que é ser instrumento de comunhão e unidade, ajudar o Povo de Deus na vivência do Evangelho, na adesão à Palavra e a Cristo, de uma forma coerente sem privilegiar um grupo, ou ‘aquele que eu gosto’, mas tentando estar ali no meio de todos sendo vínculo de unidade.

Encontrar um carisma

Entrevistador: o que foi importante para responder o chamado de Deus?

Padre Luiz Carlos: Foi primeiramente ter encontrado um carisma que vai de encontro aos meus desejos espirituais, missionários; vai de encontro com tudo aquilo que eu sempre quis viver. Desejo sempre de “salvar o mundo”, e esse é um ideal da Aliança de Misericórdia também.

Isso veio de encontro e na vivencia do sacerdócio, na interpretação, é a forma como Deus me chama a realizar esse sonho do meu coração que é salvar o mundo, começando por ajudar a realidade onde eu vivo. O encontro com a Aliança de Misericórdia veio preencher essa lacuna, esse desejo de Deus na minha vida.

Saiba mais: A vocação sacerdotal nos dias de hoje e seus desafios

Como a Igreja dialoga com o mundo

No meu ponto de vista, para a vivência do sacerdócio, vai muito de encontro com os desafios da vivência da Igreja: vivemos num tempo de muitos conflitos, perseguições diretamente ao clero e à Igreja, mas também um grande desafio (perseguições sempre existiram), é a atualização da linguagem.

Acho que nós, como sacerdotes, para podermos ser boas testemunhas, e cativar mais as pessoas, os jovens e outros tantos, precisamos de uma atualização de linguagem da Igreja.

O que seria isso? É falar as mesmas coisas, com o mesmo sentido, mantendo a essência, porém, com uma linguagem mais próxima das pessoas.

Caímos no risco de cair no moralismo com muitas determinações negativas do tipo “não faça isso, não faça aquilo”, e existem formas diferentes de dizer isso.

Isso é uma atualização de linguagem, uma capacidade de rever assuntos que são difíceis, mas que precisam ser debatidos; ter capacidade de escutar aqueles que pensam diferente de nós. Acho que esse é um grande desafio: à luz do Espírito, sermos capazes de tomar decisões que devem ser tomadas.

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