Como de costume, o tema da redação do ENEM 2023 foi polêmico e, após ver várias manifestações nas redes sociais, gostaríamos de propor um olhar diferente sobre o tema, um olhar católico.

No tema da redação, a prova buscava nos provocar a refletir sobre a desvalorização da mulher na sociedade. Hoje, o que mais vemos são mulheres que vivem uma dupla jornada, fora de casa com seu trabalho formal e dentro de casa cuidando do lar e dos filhos.

Infelizmente, hoje se fala muito da valorização da mulher no mercado de trabalho e muito pouco da valorização da mulher!

Veja, eu não sou o meu trabalho, eu não sou minha profissão, eu sou filho de Deus, uma pessoa à imagem e semelhança do criador, dotada de razão e de uma alma.

Uma professora do Anglo, ao comentar a prova, disse: “a mulher que cuida dos filhos e dos pais não é valorizada”. Em uma sociedade de consumo, onde tudo é medido pelo valor monetário, uma mulher que cuida dos filhos nunca será valorizada, pois não gera lucro econômico.

Mas, para a Igreja, o cuidado com o outro sempre foi o maior dom e o trabalho de maior dignidade. Uma mulher que cuida de seus filhos, que os educa para o céu está muito mais próxima do heroísmo heroico dos santos do que qualquer profissional bem-sucedido.

Uma mulher que se dedica a cuidar de seus pais idosos presta um serviço humano de caridade e cumprimento do quarto mandamento é para Igreja um exemplo a ser seguido, uma pessoa a ser valorizada.

Chesterton, um grande autor britânico, certa vez disse que não há nada mais belo que um homem comum e uma mulher comum com sua família comum. Mas por que ele disse isso? Porque é na família e na ordinariedade do lar que surge e se faz o extraordinário, que nasce a vida, que se vive o amor e que podemos nos aproximar da família de Nazaré.

O mesmo Chesterton, ao falar do trabalho, afirmou categoricamente que não existe trabalho mais custoso que o de uma mulher que cuida da casa e dos filhos, pois ao fazer isso, ela precisa saber um pouco de tudo, pois se torna professora de seus filhos, economista do lar e desempenha tantas outras funções e conhecimentos acumulados que jamais seriam exigidos de qualquer pessoa fora dessa realidade.

Isso porque a casa demanda diversas habilidades e os filhos, muito mais. De acordo com o escritor inglês, “Os bebês não precisam aprender um ofício, mas sim serem apresentados a um mundo”, e o papel de ser pai e mãe é estar “fechados em uma casa com um ser humano no momento em que ele faz todas as perguntas que existem, e algumas que não existem”.

Ou seja, a mulher que cuida dos filhos hoje é invisível para a sociedade, mas não deveria ser, pois o trabalho que ela faz é extremamente trabalhoso e muito importante. Afinal, ela ajudará a moldar a personalidade da criança, e o futuro da sociedade está nas crianças e na educação que elas recebem dos pais.

Ao desvalorizarmos a mulher que cuida da família, estamos desvalorizando um dos bens mais importantes da sociedade: a estrutura que mantém a sociedade de pé, que é a própria família.

Talvez esse não tenha sido o intuito da prova do ENEM, mas ela nos faz refletir e pensar em como devemos amar e valorizar cada mulher que cuida dos seus. Rezemos uma Ave Maria por cada uma delas para que Nossa Senhora, que é o exemplo de mulher, possa dar forças para cumprirem o seu papel no mundo.

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