PDM FEVEREIRO – O PAI MISERICORDIOSO/PRÓDIGO, DOIS FILHOS E UMA FESTA

“Seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou.” (Lc 15,20b)

Meus irmãos, estamos começando mais um itinerário espiritual neste ano de 2025 para todo o “Movimento Aliança de Misericórdia”. É tempo da graça de Deus, é “kairós”, “Ano Jubilar“ na Santa Igreja e 25 anos de fundação da nossa família. Este itinerário espiritual deseja, com simplicidade, cumprir o que Jesus nos pede neste ano jubilar: “voltar à casa do Pai como peregrinos da esperança”. Como sabemos, o Jubileu é comumente chamado, na Santa Igreja de “Ano Santo”, não só porque começa, se desenvolve e termina com solenes ritos sagrados, mas também porque se destina a promover a santidade da vida. É um convite ao perdão, à reconciliação e à renovação da fé, um tempo especial para viver a graça de Deus de forma mais intensa!

No mês passado, meditamos com a Casa de formação, a Fraternidade IES, o tema sobre o “Evangelho dos perdidos e as parábolas de Misericórdia”, síntese do capítulo 15 do Evangelho de São Lucas. Como vimos, São Lucas é considerado o evangelista da Misericórdia. Ele não é chamado assim somente por sua especial atenção aos pecadores, enfermos, pobres e perseguidos. Pode-se dizer, que além desses elementos, São Lucas concentra de modo magistral os dois principais termos do Antigo Testamento que apontam para o conceito de “Misericórdia” no sentido bíblico em 15,11-32: o hesed e rahamim.

A parábola do “filho pródigo”, conhecida sob esse título por séculos e, hoje, preferencialmente chamada de “a parábola do Pai misericordioso” e, por alguns estudiosos, de “a parábola do Pai pródigo” serve para indicar que a prodigalidade vista com olhos negativos como aquele que desperdiça o que tem, como no caso do filho mais novo, deve também ser vista como prodigalidade positiva, como é o caso do pai, que não se cansa de ser generoso. É um movimento de amor onde os ombros e as mãos se fazem “braço no abraço”, amando, perdoando e estabelecendo a possibilidade de uma nova relação de vida com Deus, o Pai.

“Seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou.” (Lc 15,20b)

O texto de Lc 15,11-32 apresenta duras realidades da vida humana fixadas na imagem dos dois filhos e a face amorosa de Deus fixada no dinamismo da Misericórdia que torna possível o encontro com o outro e com o próprio Deus, já que Deus se encontra no outro. Efetivamente, este amor é também aceitar que o outro possa não corresponder a todas as nossas expectativas; é dar-lhe liberdade, porque não há amor sem liberdade. Trata-se de aceitar os limites do outro, sem impor o que quer que seja, respeitando-o. Somente este amor nos torna “imagem e semelhança” do Deus amor. Logo, a misericórdia se estabelece como encontro de dois corações: o de Deus, que vem ao encontro, e o do homem, que O procura ou por Ele se deixa encontrar. Será possível alguém ficar indiferente a este amor?

Não podemos ficar fora da “casa da Misericórdia”, o lugar onde compreendemos que “nunca é o fim”, porque Deus nos ama, perdoa-nos e aceita a nossa fraqueza. Veja, se o filho mais novo com suas concepções hodiernas deixa tudo e encontra-se perdido, no acolhimento do Pai, ele se torna um filho achado, encontrado. Ele gasta todos os bens no mundo com uma vida cara; o Pai, em vez disso, gasta seus bens e oferece tudo para o filho na alegre festa da sua volta. Se tudo foi perdido, no grande pecado, o grande arrependimento o trouxe de volta e tudo é restaurado, sobretudo, o amor filial. Se o filho assumiu total rejeição da sua família, o Pai, em sua generosidade age com total aceitação. Para isso, o filho mais novo: “cai em si mesmo”, mudou sua mentalidade e arrependeu-se. Por outro lado, o filho mais velho, tido como o fiel, estava nos campos e aproxima-se do Pai que logo explica o contexto da festa: o filho, o irmão perdido voltou para casa, portanto, é momento de reconciliação. A questão do filho mais velho é provocar o Pai a pensar como ele trata a sua fidelidade e a infidelidade do irmão.

O Pai pródigo, com seus gestos concretos demonstra uma lógica inversa e visível aos pensamentos dos filhos. Para ele, a justiça é misericórdia, que vai além da férrea lógica da culpa e do castigo; por isso, o perdão de Deus não nasce da racionalidade, mas da profundidade do amor que vai muito além do que possamos compreender e imaginar. Em vez de procurar a divisão, o Pai busca a comunhão e, por isso, vai ao encontro dos dois filhos, tanto do “perdido”, que o matara da sua vida e tinha fugido da casa paterna, como do “fiel”, que se considerava um escravo e olhava o Pai como um senhor. Somos chamados a voltar a casa do Pai. É tempo de recomeçar!

Mas a verdade é que vivemos sempre numa tensão entre o filho mais novo, quando decidimos viver uma vida como se Deus não existisse e eu me tornasse senhor de mim mesmo, e o filho mais velho, que vive sempre com o coração ressequido. Resta-nos apenas confiar na Misericórdia e, dentro das nossas limitações, procurar corresponder ao Seu amor. Para tal, a humildade deverá ser o ponto de partida, para que a nossa relação com os outros seja autêntica e verdadeira, como a do Pai com os filhos. Efetivamente, se o Pai misericordioso não fosse este protótipo da humildade, teria perdido os dois filhos e em nada se identificaria com o Deus que Jesus quer dar-nos a conhecer nesta parábola.

“Seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou.” (Lc 15,20b)

Jesus nos convida, neste mês, a revisitarmos a “escola da compaixão e da misericórdia”, ou seja, vivermos como irmãos capazes de um olhar que possua olhos de compaixão para os perdidos. Para o Pai, os defeitos, ainda que abundantes, não têm mais importância do que a beleza do coração humano de cada um dos filhos. Desse modo, para nós, que somos membros da Aliança de Misericórdia, a misericórdia surge como um compromisso que pode até parecer humilhante, mas é o único caminho que refaz relações e constrói vidas. Esta misericórdia traduz-se no “perdão”, um “dom gratuito”, justiça do amor de Deus. Embora neste texto não encontremos esta palavra, a verdade é que o perdão permeia e é a principal característica do Pai misericordioso. No perdão não há lugar para competições, mas para a conversão diária e constante, seguindo o modelo que Jesus aponta, ainda que isso cause dor, porque vai contra a lógica do mundo e nos desinstala de ideologias e acomodações. Para além disso, podemos dizer que a misericórdia é a arte necessária para salvar vidas, é um caminho que todos nós precisamos aprender, pois não há misericórdia sem lágrimas. Se não forem lágrimas choradas pelos olhos, serão lágrimas derramadas pelo coração.

Voltemos a casa do Pai! Ainda é tempo! Este é o tempo!

 

Presidência da Aliança de Misericórdia.

 

 

PROPÓSITO PARA VIVÊNCIA PESSOAL E COMUNITÁRIA DA PALAVRA DO MÊS:

 

PESSOAL:

1)Exame de consciência – quem eu sou: o filho mais velho ou o filho mais novo? Ou estou acomodado?

2)Tenho acolhido os meus irmãos que se perdem?

3) Tenho a coragem de entrar nos bastidores, às vezes, tão conturbados, e oferecido acolhida e misericórdia?

4)Como posso voltar ao coração misericordioso do Pai?

5) Já visitei uma das igrejas jubilares da minha diocese para alcançar indulgência?

 

COMUNITÁRIA:

1) Procurar visitar pessoas afastadas, que precisam voltar à casa do Pai Misericordioso;

2) Promover um momento de perdão e peregrinar à Porta Santa aberta em uma das Igrejas da diocese onde estamos.

 

 

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