Palavra do mês de março 2025: O filho mais novo: um caminho de morte, uma liberdade mal-entendida – Pe. João Henrique

“Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6,8).

Por que esta Palavra, neste mês em que somos convidados, como “peregrinos da Esperança, de volta à casa do Pai”, a meditar sobre o caminho que levou o filho mais novo a desperdiçar a sua herança, perdendo a sua dignidade de filho?

Simplesmente porque, na vida espiritual, “quem não progride, regride” e, muitas vezes, “lentamente, individualmente, pessoalmente”, quase sem perceber, podemos, pouco a pouco, perder toda a graça, a riqueza, o fervor espiritual da Promessa do Pai para a nossa vida!

Não esqueçamos que precisamos, como nos convida São Paulo, no versículo seguinte à Palavra proposta neste mês, a não nos cansarmos “de fazer o bem, porque, no tempo certo, faremos a colheita, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos familiares na fé!”.

É provável que, meditando na parábola do Pai Misericordioso, de Lc 15, possamos nos identificar mais com o filho mais velho, ou talvez identificar parte da nossa vida passada com o filho mais novo, ou ainda pensar que este represente os irmãos que encontramos jogados nas calçadas das nossas cidades e que procuramos evangelizar.

Na realidade, a Palavra de Deus sempre quer falar ao nosso coração, pessoalmente, hoje, já! “Já é hora de acordarmos do sono… joguemos fora as obras das trevas… não busquemos satisfazer os desejos da carne” (cf. Rm 13, 11-14).

O Ano Jubilar é um convite a voltarmos à casa do Pai, a voltarmos ao primeiro amor, a tomarmos posse da Promessa de Deus, contida na autoridade espiritual do nosso chamado.

Não esqueçamos que, na vida espiritual, existem leis que, assim como na física, na química ou em outras ciências exatas, determinam as consequências do nosso agir! Uma delas afirma: “Quem peca, peca cada vez mais!”.

“Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6,8).

O maior perigo na vida de um cristão está em perder seu fervor e, sem perceber, mergulhar numa vida morna e tíbia, acostumando-se “às faltas de estimação”, e acabar indo de falta em falta, cometendo pecados cada vez mais graves, quase sem ter consciência do estado de corrupção da sua alma. Deus não permita que, no fim da vida, escutemos o Senhor nos dizer: “Oh, se você fosse frio ou quente, mas assim, porque você é morno, estou ao ponto de vomitar-te da minha boca!” (Ap. 3,15-16).

O filho pródigo, passando necessidades e percebendo que nem a comida dos porcos podia comer, caiu em si e despertou da sua “sonolência espiritual”, lembrando-se da casa do Pai e da sua dignidade de filho! Poderia acontecer algo pior para mim se não reler esta parábola, meditando sobre o caminho de perdição do filho mais jovem à luz da minha vida e, sem perceber, acostumando-me a tantas pequenas infidelidades no meu caminho, acabar morrendo na água que fervilha dos meus defeitos, como a rã que vai se adaptando à temperatura da água até morrer.

O Ano Jubilar é um forte convite à conversão, ao perdão, à santidade, a despertar do “entorpecimento” de um mundo corrupto, no qual estamos mergulhados e no qual, sem que

percebamos, podemos nos corromper lentamente, em seu hedonismo, relativismo e comodismo, perdendo, aos poucos, o gosto da radicalidade, do sacrifício, da pobreza, da escolha da Cruz e do mandamento novo, que precisa caracterizar a vida de cada discípulo do Senhor Jesus! “Este é o meu mandamento, amem-se uns aos outros, assim como Eu amei vocês. Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida para os seus amigos!” (Jo 15,12-13).

“Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6,8).

“Cada um colherá o que tiver semeado… quem semeia na própria carne, da carne colherá corrupção…” e esta mesma Palavra começa com uma expressão muito forte: “Não se iludam, com Deus não se brinca!”.

Não creio que o “filho pródigo” tenha tido logo consciência de onde o teria levado o caminho da falsa liberdade desejada, que, aos poucos, o fez desperdiçar totalmente sua herança e sua dignidade de filho.

O Espírito Santo, que “vem em socorro da nossa fraqueza” (Rm 8,26) e que nos convence a respeito do pecado, do julgamento e da justiça (cf. Jo 16,8ss), nos conceda a graça de voltar com “determinada determinação”, como dizia Santa Teresa D’Ávila, à casa do Pai, à festa do perdão e da conversão alegre e generosa de filhos apaixonados e agradecidos, generosos e desejosos de crescer mais e mais para não tropeçarmos jamais no caminho descendente da corrupção eterna.

Propostas concretas:

1. Fidelidade à adoração: pois sabemos que não adorar e glorificar a Deus é a primeira causa dos demais pecados (cf. Rm 1,19ss).

2. Busca da radicalidade e sacrifício: relembrar, por exemplo, a escolha do jejum, assim como nasceu, e das vigílias eucarísticas a noite toda.

3. Rever a vida da pobreza, examinando se o nosso tempo é usado para falar com Deus ou falar de Deus, como dizia São João da Cruz, e na dependência da Providência divina… fidelidade e transparência na prestação de contas.

4. Repartir sempre com quem não tem.

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