Palavra do Mês de Junho – A entranhável Misericórdia: O Pai vê, corre, abraça, beija e perdoa o filho perdido.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou” (Lc 15,20).

Nesta festa tão linda do Jubileu do nosso Movimento Aliança de Misericórdia, meditar este trecho de Lc 15 é voltar o nosso olhar para um carisma tão lindo e profundo que Deus nos doa e nos chama a viver.

A Misericórdia é a “última tábua de salvação” que Deus nos oferece. Estamos vivendo um tempo de tanto sofrimento e somos convidados a meditar, neste mês, o desejo que o nosso coração anseia, o abraço, o nosso lugar secreto, onde somos acolhidos e amados, o lugar onde possamos nos sentir tão amparados e amados!

Desde o nascimento da Aliança de Misericórdia contemplamos este olhar de misericórdia que acolhe os nossos sofrimentos e o nosso abandono. Logo no início, ainda no ano de 2000, encontramos a Cidoca, que também ia todos os dias ao nosso encontro; morávamos em um apartamento pequeno, mas um dia ela chegou com várias crianças e nos disse: “Vocês não querem tirar as crianças da rua, então eu as trouxe aqui”. Não sabíamos o que fazer e nem tínhamos lugar, não tínhamos nada, mas o abraço do Pai que tudo vê correu para abraçar a Cidoca, que neste ano faz festa junto com a Aliança pelo seu jubileu.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou” (Lc 15,20).

Este trecho de Lc 15 tem cinco verbos que precisamos levar onde quer que vamos: vê, corre, abraça, beija e perdoa; verbos que geram o movimento da compaixão, da misericórdia entre o Pai e o filho: o Pai que espera e o filho que deseja voltar; o Pai que sofre o abandono do filho e o filho que sofre por o abandonar… mas no momento do abraço, o filho encontra aquele lugar secreto que transforma toda a sua miséria e todo o seu abandono em graça, e vai fazendo a experiência do verdadeiro Amor: o Pai me viu, Ele correu, Ele me abraçou, me beijou e me perdoou. Ele usa de misericórdia e a miséria se desfaz e se torna vida nova, ressurreiçäo!

Uma mãe trouxe na nossa casa a sua filha de 18 anos, totalmente destruída pela depressão e a síndrome do pânico. Parecia um cadáver. Seu sofrimento parecia não ter solução, então oramos por ela e depois de muita oração ela fez a experiência do repouso no Espírito Santo. Ficou um bom tempo no repouso e quando levantou tinha um sorriso lindo, olhos que brilhavam. Disse para a mãe: “Jesus apareceu para mim, me abraçou, senti um amor tão forte!”.

Mariana continuou seu caminho, foi se fortalecendo e se tornou uma nova pessoa. O que aconteceu? Naquele abraço o Senhor lhe restitui a dignidade de filha amada.

Pe. João Henrique sempre nos fala: “A Aliança nasceu para os miseráveis que, experimentando a misericórdia, são transformados em ‘misericordiosos’ e testemunhas deste amor que sempre acolhe”.

Dom Gil sintetizou maravilhosamente este movimento de conversão, usando uma expressão que se tornou nosso lema: Evangelizar para transformar.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou” (Lc 15,20).

Neste momento, como não pensar em tantos nomes que foram alcançados por esse abraço e foram levados ao Amor do Pai? O meu e o seu nome com certeza estão entre eles, porque fomos alcançados na nossa miséria e esse abraço se tornou o nosso lugar secreto, lugar onde sabemos que somos acolhidos: o amor do Pai – que para ser fiel em relação ao homem pecador deve ser misericordioso. Deus espera, nos espera, vem ao nosso encontro, nos abraça e nos restitui o nosso direito de filhos. Sou filho, eu pertenço ao Pai!

Em uma das nossas Missas da Misericórdia, uma mulher foi levada pelos amigos, porque estava vivendo uma grande depressão, estava no fundo do poço, mas na hora em que Jesus passou no Santíssimo Sacramento, ela escutou uma voz que dizia: “Você não merece essa vida”. O Pai olhou para ela e logo sentiu sua dignidade de filha restaurada.

Na parábola, o filho percebe a miséria em que se encontra e deseja voltar para casa, ele precisa do abraço do Pai e, assim como ele, nós também necessitamos da intervenção Divina que cura e proporciona uma vida nova.

São Paulo, na carta aos Hebreus, apresenta este caminho misericordioso como aproximação ao trono da graça, ao lugar secreto: “Portanto, aproximemo-nos com ousadia do trono da graça, para que recebamos misericórdia e encontremos graça para o socorro favorável”. (Hb 4,16)

Irmãos, só vivendo esse encontro podemos ser testemunhas da Misericórdia. E isso não é esforço, mas uma graça de Deus: estar envolvido neste abraço é ser misericordioso.

Possamos neste mês fazer a experiência de estarmos envolvidos por este amor.

0 Comments

Leave a Comment

Login

Welcome! Login in to your account

Remember me Lost your password?

Lost Password