Palavra do Mês de Abril| Confiança

Confiança| Abraão: uma fé provada na obediência a Deus! (Gênesis 12,1-15) – Acompanhe a primeira Palavra do Mês deste novo ciclo.

No chamado de Abraão encontramos o começo da história de um povo, o povo de Israel, o nosso povo. Podemos afirmar que no sim de Abraão fomos gerados, abençoados, pois ele é o pai de todos aqueles que creem.

Palavra do Mês

A Fecundidade do sim do homem de Deus

Pela sua fé, uma torrente de graça e de benção chegou até nós: o “povo da Promessa”, daquela salvação que se realiza plenamente em Cristo, nosso único Senhor. Não podemos esquecer que Jesus chegou até nós através do povo de Israel. Meditar neste chamado nos ajuda a compreender, pela luz do Espírito Santo, o incrível valor que Deus atribuiu ao “sim do homem”.

Como dizia Santo Agostinho, “Ele, que me criou sem mim, não poderia salvar-me sem mim”. Mas não é só isso… Ele quis precisar do sim de Abraão para gerar na fé grandes nações: “Quanto a mim, eis a minha Aliança contigo: serás pai de uma multidão de nações. E não mais te chamarás Abrão, mas teu nome será Abraão, pois eu te faço pai de uma multidão de nações” (Gn 17,4-5).

Confiança em Deus

Inevitavelmente preciso entender que também através do meu sim, gerações inteiras poderão ser abençoadas: Crê e serás salvo tu e toda tua família” (At. 16,31).

Desta forma, não podemos esquecer a profecia de Isaías: “O pequeno crescerá até mil, e o menor se tornará uma nação numerosa. Eu sou Javé. No tempo certo farei isso prontamente” (Is 60,22).

E, ainda, meditemos o peso da responsabilidade que há no “mandato missionário” que o Senhor confiou para mim e para você: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” (Mc 16, 15-18).

Quero chamar à atenção para este particular: a fecundidade do sim de Abraão continua através de nós. Note que a “promessa” do Senhor para Abraão não é exclusiva. Para cada um de nós o Senhor repete: “Erga os olhos ao céu e conte as estrelas se puder (…) assim será a sua descendência…” (Gn 15,5).

O segredo da confiança

Abraão acreditou em Deus mesmo diante das suas incertezas humanas, e lhes foi confiado o título de “pai na fé”. São Paulo nos revela, na carta aos Romanos, o segredo da fecundidade do sim de Abraão: ele esperou com toda esperança e “não considerou o seu corpo como morto”, nem considerou o ventre de Sara incapaz de conceber, ele estava plenamente convencido de que Deus era fiel e tinha o poder de cumprir o que havia prometido (cf. Rm 4,18-23).

A história de Abraão é a história da “Aliança de Misericórdia” de Deus com o homem; um Deus que nunca desiste de nós; um Deus que sempre alcança a nossa miséria com a Sua Misericórdia.

Lições, promessas e Aliança

Podemos extrair três lições práticas para que eu e você não desista da Promessa de Deus e da Sua Aliança:

1 – Acreditar n’Ele: como Abraão, sou chamado a não fixar meu olhar nas minhas fraquezas, debilidades, pois Deus é fiel. Meditando no ciclo de Abraão (cf. Gn 12,1-25,11) vemos quantas dúvidas caracterizam também a sua vida e quantas vezes ele foi tentado, como nós, a desconfiar da promessa de Deus! Como acreditar que o Senhor lhe daria um filho naquela idade? Ele recebeu a primeira promessa com 75 anos e só com 100 anos seu filho Isaac nasceu… até o nome de Isaac lembra como Sara riu perante a promessa de um filho na velhice, mas no fim, “Deus riu” (daqui o nome de Isaac) da incredulidade de Sara. Abraão esperou com toda esperança e, apesar dos altos e baixos, não desistiu da promessa de Deus.

2 – Não considerar a nossa condição mortal: o caminho de Abraão foi um caminho caracterizado também de miséria e pecados, não apenas de fé e confiança. Ele não desistiu de seu chamado e Deus não desistiu dele, renovando em vários momentos a Sua Aliança. A mais perigosa tentação do inimigo é aquela de gerar em nós um sentimento de indignidade perante o chamado de Deus, por causa dos nossos pecados e fraquezas.

3 – Depositar n’Ele a nossa confiança: Deus sempre “primeireia”, como diz Papa Francisco. Ele sempre toma a iniciativa do Amor e vem ao encontro da nossa fraqueza, renovando, como para Abraão, a Sua Aliança de Misericórdia quantas vezes for necessário, pois Ele quis fazer depender da resposta do homem a realização da Sua promessa. Mesmo quando somos infiéis, Ele permanece fiel e só n’Ele precisamos pôr a nossa confiança.

A inconstância

Lembro que, na época em que o Senhor nos chamou, com o Pe. Antonello e Maria Paola, para começar a Aliança de Misericórdia, me sentia particularmente debilitado. Foi um dos momentos em que mais profundamente experimentei a minha “inconsistência”.

Naqueles dias, coincidentemente, li como São Francisco sempre dizia que o Senhor o tinha chamado por não ter encontrado ninguém pior do que Ele para que todos soubessem que a obra era do Senhor e não da criatura. O meu diretor espiritual, então, me convidou a meditar o capítulo 11 da Carta aos Hebreus: pela fé Abraão obedeceu ao chamado de partir… sem saber por onde ir.

Naquela noite fui acordado às três horas da madrugada e percebi que o Senhor me convidava a ler o trecho da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Enquanto lia a respeito do burro que teria usado para entrar na cidade, tive claro o convite de Jesus para mim: “Henrique, é verdade. Você é um burro, mas eu quero precisar de você e preciso soltar-te para uma nova missão”.

Foi então que tive de deixar a casa do meu pai (a minha comunidade de origem) e a minha terra, sem saber para onde Ele iria nos conduzir. Hoje só posso dizer que nunca me arrependi deste passo e que apenas posso agradecer a Sua infinita Misericórdia.

Padre João Henrique
Fundador da Aliança

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