Os Santos Pastorinhos de Fátima e a misericórdia

Dia 20 de fevereiro a Igreja Católica celebra os Santos Jacinta Marto e Francisco Marto, os irmãos pastores de ovelhas que se tornaram santos no dia 13 de maio de 2017, na ocasião do 1º Centenário das Aparições da Virgem Maria em Fátima.

Jacinta e Francisco pelos olhos de Ir. Lúcia

Para falar dessas crianças que se tornaram santas, ninguém melhor do que a Ir. Lúcia. Precisamos, juntos com Lúcia, fazer uma viagem no passado e voltar há mais de um século.

O ano foi 1915, quando Lúcia recebeu da mãe a tarefa de pastorear o rebanho de ovelhas da família. O pai era contra, mas foi confiado a guarda do rebanho à Lúcia aos 7 anos. A notícia se espalha rápido e logo vem outros pastores e oferecem-se para serem seus companheiros.

Já com posse do seu ofício de pastora, um dia, fizeram uma parada para um lanche e Lúcia convidou seus companheiros para rezarem o terço. De repente, diante dos seus olhos, viram como suspensa no ar, sobre um arvoredo, uma figura como se fosse uma estátua de neve que os raios do sol tornavam algo transparente. Assim que terminaram o terço a figura desapareceu.

(Da esquerda para a direita) Lúcia, Francisco e Jacinta

Passado algum tempo (1916), Lúcia voltou com seu rebanho àquele local e repetiu-se da mesma forma. Mais uma vez a notícia se espalhou, e desta vez a mãe de Lúcia a questionou se era verdade o que havia acontecido.

Foi neste tempo que as vidas de Lúcia, Francisco e Jacinta se cruzaram. Francisco e Jacinta pediram e obtiveram licença dos pais para começarem a guardar o seu rebanho. Lúcia, deixou então os companheiros e substitui-os por seus primos: Francisco e a Jacinta. Combinaram de pastorear os rebanhos nas terras dos seus pais, para não se juntarem com os outros pastores.

“Não temais! Sou o anjo da paz”

Um belo dia, estavam a pastorear o rebanho e, por volta do meio-dia, fizeram uma parada para o lanche e rezaram o terço. Como tinham pressa para brincar, rezaram o terço rápido, dizendo Ave-Maria e Padre-nosso. De repente, um vento muito forte sacodiu as árvores e eis que surgiu a figura com afeições de um jovem, entre 14 e 15 anos, mais branco que a neve. Ao chegar junto deles disse: – “Não temais! Sou o anjo da paz”.

Com as aparições do Anjo da Paz, em 1916, e de Nossa Senhora em 1917, as vidas desses jovens pastores nunca mais foram as mesmas. No dia 13 de maio de 1917 a Santíssima Virgem apareceu aos três pastorinhos e lhes disse algo que mudou todo o seu caminho. Ela disse a eles que iriam para o Céu, e logo em seguida os perguntou se queriam oferecer-se a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. Eles aceitaram.

Estes pequenos pastores passaram por muitos sofrimentos, perseguições e até prisões. Foi para eles um tempo difícil, mas de suma importância para vossas escolhas pela santidade. Contudo, o único objetivo deles era fazer orações e jejuns e penitência pela conversão dos pecadores.

Jacinta era uma pequena, de alma pura e sensível. Uma criança que adorava brincar sempre nas oportunidades que tinham. Mas, ainda pequena fez uma grande escolha de rezar pelos pecadores. Quando nossa senhora apareceu a eles disse-lhes sobre o inferno e que deveriam rezar o terço e fazerem sacrifícios. Ela não perdia oportunidades de fazer sacrifícios pelos pecadores a ponto de comer ervas amargas e que até lhe fazia mal. Uma alma pura que desejava que os pecadores se convertessem. Ela adquiriu um grande amor pelo Santo Padre e sempre, ao rezar, pedia também por ele.

Segundo o relato de Lúcia, Francisco não parecia ser irmão da Jacinta, senão nas afeições do rosto e na prática da virtude. Não era, como Jacinta, caprichosa e viva, era, ao contrário, de natural pacifico e condescendente. Ele, quando brincavam, não se importava muito com quem ganhava ou perdia, ele queria mesmo era brincar.

Os pastorinhos e a misericórdia

As aparições de Nossa Senhora em Fátima e a vida dos Pastorinhos, a partir disso, foram grandes testemunhos de amor e misericórdia de Deus em favor do seu povo. A Misericórdia de Deus é o fio condutor das aparições do começo ao fim. O que liga as aparições à misericórdia é o Imaculado coração de Maria. Entretanto, apesar da visão que nossa Senhora os mostrou do inferno e da ação dos demônios no mundo, ela disse: “No fim, o meu Coração Imaculado Triunfará”.

O ano de 1917 foi marcado por uma Pandemia do que ficou conhecida como “gripe espanhola”. Francisco e Jacinta morrem vítimas de pneumonia, provavelmente causada pela gripe. Francisco morreu primeiro e mais tarde Jacinta.

Talvez, Jacinta teria alguma chance de recuperação, segundo os relatos da Ir. Lúcia. Mas, a pequena santa fez a escolha de sofrer pelos pecadores, pelo amor do Coração Imaculado de Maria, e Pelo Santo Padre. Sentia sede e fome, mas não comia e nem bebia porque estava a oferecer tudo. Seu amor por Jesus, o Imaculado Coração de Maria e ao Santo Padre era maior que sua recuperação, tudo oferecido pela conversão dos pecadores.

Atenção à pureza de nossas crianças

As aparições em Fátima, e também a vida dessas três crianças, nos mostram uma mensagem de esperança e também de urgente mudança de vida e mentalidade. Olhando a inocência de Lúcia, Francisco e Jacinta, me faz pensar em nossas crianças de hoje, e uma urgência ecoa no meu coração: “não podemos deixar que roubem a pureza de nossas crianças”.

A pureza dos três foi algo necessário para que Nossa Senhora os escolhesse para tão grande mistério que lhes foi confiado. Revelou a eles tempos difíceis e que exigiria de nós uma profunda conversão. Também nos mostra que podemos, com nossos sacrifícios e sofrimentos, oferecer tudo pela conversão dos pecadores, por amor a Jesus Cristo ao Imaculado coração de Maria e ao Santo Padre.

O testemunho de Lúcia, Francisco e Jacinta vão ficar marcados pela Eternidade, e todas as vezes que lembrarmos deles, vamos nos recordar que um dia crianças comuns, de famílias simples e pobres, foram escolhidas por Deus e por nossa Senhora para revelarem ao mundo os perigos que assolavam a humanidade naquele tempo. O quanto precisamos aprender a escutar a Deus e não negligenciar o Seu chamado.

Deus continua chamando crianças, jovens e adultos a se consagrarem a Ele e a Nossa Senhora, para oferecerem sacrifícios pela conversão dos pecadores. Que também nós possamos dizer o nosso “Eis me aqui”, para a salvação dos pecadores, pelo amor a Jesus e ao Imaculado Coração de Maria e pelo Santo Padre.

Pe. Luiz Fábio Alves Peixoto, missionário da Aliança de Misericórdia em Portugal.

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