“Meu primeiro Natal em família”. Testemunho de ex-acolhido
Uma luz meio da escuridão
“No ano 2004 eu me encontrava na Rua Gusmão, na região da Estação da Luz, em São Paulo, mais conhecida como Cracolândia.
Certo dia, estando lá e usando minhas substâncias tóxicas, no efeito alucinante das drogas, comecei a escutar lá bem longe vozes que vinham ressoando em meus ouvidos, e cada minuto que se passava as vozes iam ficando mais fortes.
Quando percebi na minha frente havia um bando de jovens na maior alegria e cantando uma canção que falava “Jesus te ama, Jesus te ama meu irmão”.
Eu fiquei indignado! O que era o motivo da alegria daqueles jovens, ainda naquele lugar onde as trevas dominavam?
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Mas mesmo no efeito das drogas que eu estava usando naquele momento, fiquei pensando o que era aquilo, pois eles não podiam estar felizes em estar na Cracolândia, junto com um monte de usuários e pessoas que eles nem conheciam. Eu nunca tinha visto coisa assim em minha vida.
“Deus tinha algo bom para mim”
Continuei quieto, ali no meu canto, só observando aqueles jovens, foi quando uma jovem veio em minha direção e perguntou se ela poderia se sentar ali comigo.
No momento eu falei agora não, mas ela imediatamente começou a fazer um monte de perguntas, como era meu nome, de onde eu era, o que eu estava fazendo ali…
Ela ficou ali alguns minutos que para mim pareciam uma eternidade, este tempo que eles ficaram ali eu esqueci até de onde eu estava.
Na época eu tinha 33 anos e foi o melhor dia para mim, eu não conhecia Jesus só tinha ouvido falar dele, mas naquele dia aqueles jovens só falavam do amor que Deus tinha por mim, que ele me amava e que a misericórdia d’Ele por mim era imensa.
Percebi que quando eles falavam os seus olhos brilhavam e aquilo mexeu muito comigo, naquele dia acreditei que Deus tinha algo de bom para mim.
O verdadeiro Natal
Antes deles irem embora me passaram o endereço de uma casa da Aliança de Misericórdia, que ajudava os moradores de rua e dependentes químicos, e disseram que se eu quisesse ajuda podia ir lá que eu teria, e assim eu fiz.
Fui até lá, no local que se chama Casa Restaura-me, lá me ofereceram tratamento e eu aceitei. A princípio fui para um sítio onde fiquei por um ano e dois meses.
Neste ano eu passei o Natal no sítio, foi o meu primeiro longe das drogas e das ruas. Para mim o Natal era só festa, drogas e bebidas, não sabia o seu verdadeiro significado.
Foi um momento inesquecível passar o Natal em família e entender que Deus me ama e muito, pois eu não tinha família e nem moradia e Ele me deu outra chance em minha vida, de viver este verdadeiro amor misericordioso.
Terminei meu caminho de recuperação, ali fui voluntário, entrei para a formação de missionários, e hoje sou funcionário e trabalho na Casa que me acolheu quando estava nas ruas de São Paulo, a Casa Restaura-me.
No final deste ano eu me formo Assistente Social, hoje sou casado e tenho uma esposa que me leva mais e mais para Deus. Minha vida mudou completamente!
Hoje eu olho para a minha história e não tenho dúvidas que a Misericórdia de Deus sempre esteve em minha vida e que Seu amor nunca me deixou, por isso eu sou Filho da Misericórdia do Sagrado Coração de Jesus Cristo”.
Gumercindo Monteiro da Silva Junior, colaborador da Aliança de Misericórdia
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