A Vocação ao Matrimônio – Um chamado à doação

A vocação ao matrimônio é a vocação natural do ser humano.

Chamados a constituírem família e gerarem vida, o homem e a mulher são feitos para a comunhão e doação total, são cônjuge como Deus.

O Sacramento

O catecismo da Igreja Católica define o sacramento do matrimônio no parágrafo 1601 como:

“O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento”.

 

O matrimônio é um Sacramento, pois é um sinal visível da realidade Celeste invisível. O matrimonio entre um homem e uma mulher é a prefiguração do matrimônio entre Deus e a Igreja.

 

“O próprio Deus é o autor do matrimônio”

A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e da mulher, à imagem e semelhança de Deus, e termina com a visão das “núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 9).

Do começo ao fim, as Sagradas Escrituras falam do matrimônio, do seu mistério e do seu sentido. O Matrimônio tem por finalidade a união, a comunhão da humanidade; A vida, que é o motor do mundo e uma doação profunda e total ao outro e a Deus. Como Cristo deu a vida pela Igreja.

“A íntima comunidade da vida e do amor conjugal foi fundada pelo Criador e dotada de leis próprias […]. O próprio Deus é o autor do matrimônio” (II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 48: AAS 58 (1966) 1067)

O matrimônio não é uma instituição puramente humana, foi dada a nós por Deus. Infelizmente, a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transparece com a mesma clareza. Existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza da união matrimonial.

 

Criados pelo Amor, chamados a amar

Fomos criados pelo Amor, somos chamados ao amor e essa é nossa vocação fundamental: o chamado à Santidade. Nada mais é que uma vivência profunda, concreta e real desse amor, que nos leva à doação completa de nossas vidas ao outro.

Dentro do matrimônio, este amor, que Deus abençoa, está destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da criação: “Deus abençoou-os e disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1, 28).

Porém, com o pecado original, esse amor torna-se manchado, perde-se a pureza e entra a concupiscência. É dai que surgem os vícios contrários ao amor, como o egoísmo: “caso-me para ser feliz e não para fazer o outro feliz”. A luxuria, os pecados da carne, os ciúmes e as relações desordenadas.

Porém, Deus é infinitamente bom e está sempre pronto a nos socorrer. O catecismo nos ensina:

“Na sua misericórdia, Deus não abandonou o homem pecador. As penas que se seguiram ao pecado, «as dores do parto», o trabalho «com o suor do rosto» (Gn 3, 19), constituem também remédios que reduzem os malefícios do pecado.

Depois da queda, o matrimônio ajuda a superar o autoisolamento, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à mútua ajuda, ao dom de si. 

A consciência moral relativamente à unidade e indissolubilidade do matrimônio desenvolveu-se sob a pedagogia da antiga Lei.

Ao verem a Aliança de Deus com Israel sob a imagem dum amor conjugal, exclusivo e fiel, os profetas prepararam a consciência do povo eleito para uma inteligência aprofundada da unicidade e indissolubilidade do matrimônio.

E a Tradição viu sempre no Cântico dos Cânticos uma expressão única do amor humano, enquanto reflexo do amor de Deus, amor «forte como a morte», que «nem as águas caudalosas conseguem apagar» (Ct 8, 6-7).” (CIC 1608 A 1611)

 

 

O Vínculo do Matrimônio

O vínculo matrimonial é estabelecido pelo próprio Deus, de maneira que o matrimônio ratificado e consumado entre batizados não pode jamais ser dissolvido.  (CIC 1640)

O matrimônio também é fonte de graça ao casal, que encontra no outro o caminho de santificação. Essa graça especial dada por Deus no sacramento ajuda-os a viver a vida conjugal de forma plena.

O Papa João Paulo II, na encíclica Familiaris Consortio, cita Tertuliano e diz:

Onde irei buscar forças para descrever, de modo satisfatório, a felicidade do Matrimônio que a Igreja une, que a oblação eucarística confirma e a bênção sela? Os anjos proclamam-no, o Pai celeste ratifica-o.

[…] Que jugo o de dois cristãos, unidos por uma só esperança, um único desejo, uma única disciplina, um mesmo serviço! Ambos filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor; nada os separa, nem no espírito nem na carne; pelo contrário, eles são verdadeiramente dois numa só carne. Ora, onde a carne é só uma, também um só é o espírito”.

 

A Igreja Doméstica

Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada Família de José e de Maria. A Igreja outra coisa não é, senão a “família de Deus”.

O ponto alto da missão do casal é a “igreja doméstica”, o casal torna-se uma igreja em sua casa e essa graça transborda para os filhos, que são parte essencial da missão.

Essa Igreja doméstica é a principal responsabilidade dos vocacionados em matrimônio, criar filhos para o céu, santificar um ao outro, viver em plena comunhão. Esse é o objetivo do matrimônio.

A igreja doméstica não exclui a presença comunitária na Igreja, pelo contrário, incentiva e aviva o desejo de comunhão. O amor é sempre contagiante e uma família que se faz igreja em casa torna-se exemplo para a comunidade.

“Os filhos são, sem dúvida, o mais excelente dom do Matrimônio e contribuem muitíssimo para o bem dos próprios pais” (Gaudium et Spes).

O Catecismo nos diz que a fecundidade do amor conjugal estende-se aos frutos da vida moral, espiritual e sobrenatural que os pais transmitem aos filhos pela educação. Os pais são os principais e primeiros educadores dos seus filhos.  Neste sentido, a missão fundamental do Matrimônio e da família é estar ao serviço da vida.

“O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano”. (Gaudium et Spes)

É no lar que a vocação ao matrimônio vive sua plenitude, é a Santidade da família e o serviço pela vida a grande coroa de vitória desta vocação.

Veja também:Tudo Pelo Reino | Matrimônio um caminho de esperança

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Oração pelas famílias

“Pai Santo, estamos aqui diante de Ti para louvar-Te e agradecer-Te pelo grande dom da família.

Nós Te pedimos pelas famílias consagradas no sacramento do matrimônio, para que possam redescobrir todos os dias a graça recebida e, como pequenas Igrejas domésticas, saibam testemunhar a Tua Presença e o amor com o qual Cristo ama a Igreja.

Nós Te pedimos pelas famílias que passam por dificuldades e sofrimentos, doença ou por problemas que só Tu conheces: que Tu as sustentes e as tornes conscientes do caminho de santificação ao qual as chamas, para que possam experimentar a Tua infinita misericórdia e encontrar novos caminhos para crescer no amor.

Nós Te pedimos pelas crianças e jovens, para que possam encontrar-Te e responder com alegria à vocação que planejaste para eles; por seus pais e avós, para que sejam conscientes de serem sinal da paternidade e maternidade de Deus no cuidado dos filhos que, na carne e no espírito, Tu confias a eles; pela experiência de fraternidade que a família pode dar ao mundo.

Senhor, concede que cada família possa viver a própria vocação à santidade na Igreja como um chamado para ser protagonista da evangelização, a serviço da vida e da paz, em comunhão com os sacerdotes e em cada estado de vida.

 

 Amém.

 

 

Fonte: Vatican

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