A CASTIDADE: Caminho pessoal de integridade para a maturidade conjugal

Fechando com “chave de ouro” esse mês onde falamos a respeito da castidade nas nossas redes sociais, trazemos um texto especial sobre essa virtude, que antes de tudo é um caminho pessoal de integridade, e também testemunhada pelo autor como sendo possível vivê-la.

Imagem: Christopher Beloch

“Bem-aventurados os puros de coração”

Muito se fala a respeito da vivência da castidade para um verdadeiro testemunho evangélico. Em geral, sabemos que a pureza é um dos principais valores que podemos carregar em nossa trajetória cristã. O próprio Jesus nos explica a riqueza da prática dessa virtude, ao declarar como “bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). A pureza é, portanto, um dos caminhos mais seguros para se alcançar a santidade, e por esse motivo acaba por ser, também, um dos mais desafiadores.

Ao pensar na castidade, logo nos remetemos à dimensão física e genital, à qual o termo geralmente nos remete. Porém, gostaria de abordar a castidade sobre um conceito ainda mais amplo, na expectativa de que, sob essa ótica, seja compreendida a beleza de se viver essa virtude.

Uma busca constante pela pureza

Obviamente, a castidade passa pelo âmbito físico, mas gostaria de propor uma reflexão: Por que vale a pena o esforço para vivê-la?

Levantar a bandeira da castidade vai além de simplesmente abster-se de relações sexuais antes do casamento, ou de manter a fidelidade conjugal para quem está casado.

O caminho da castidade se constrói por meio de uma autêntica busca pela pureza de coração que Jesus comenta no Evangelho. E a pureza, por sua vez, significa transparência e integridade. Para compreendermos melhor esse conceito, podemos imaginar uma fonte de água. Esta, para ser considerada pura não pode ter nenhum poluente que interfira em sua composição química. Ou seja, ser integralmente água.

Caminho de amadurecimento

Nesse sentido, compreendemos que a vivência da castidade é um caminho essencial para o amadurecimento na caminhada de qualquer seguidor de Jesus Cristo. Sendo assim, podemos pensar na vivência da castidade como processo de autoconhecimento, na integridade de quem eu sou: Filho de Deus!

Sem a aplicação desses conceitos iniciais na busca pessoal de santificação, infelizmente não estamos maduros para uma vivência da castidade no namoro. O namoro consiste em um passo importante para a vivência de santificação pelo matrimônio.

Ter Deus como centro das escolhas

Um casal casto, portanto, consiste em duas pessoas que se colocam primeiramente diante de Deus como filhos, para depois então, na presença do Criador, viver sua experiência de namoro com o outro, sendo Deus, portanto, o centro da relação.

Isso não significa perfeição, mas sim caminho de santificação. Só pode viver um namoro santo aquele que, antes disso, busca ser uma pessoa santa, e diariamente se coloca inteiramente diante de Deus, a fonte da vida e de toda pureza.

Testemunho de quem vive

Lembro-me que ao longo dos meus três anos de namoro e noivado, inúmeras vezes experimentei a força de colocar Deus no centro da relação, cujos efeitos colhemos hoje, na vida conjugal. Por meio da nossa Palavra de santificação, dada por Deus desde nosso período anterior ao namoro: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6,21), sentimos fortemente a voz de Deus a nos dizer que, como casal, nós deveríamos ser um instrumento, um mapa que conduzisse um ao outro para o tesouro maior, que é o Reino dos Céus.

E assim buscamos ser, desde o início. Confirmamos esse desejo em nosso noivado, perante a família, amigos e comunidade presente, afirmando que desejávamos amar a Deus por primeiro, para assim podermos conduzir um ao outro de forma santa para o altar e, posteriormente, para o céu.

Firmamento da ‘casa matrimonial’

Posso afirmar com tranquilidade que, essa busca constante e diária é o que constrói a base sólida para a realização do sacramento do matrimônio: “a casa firmada sobre a rocha” que é a presença de Deus, a qual ninguém pode abalar (Cf. Mt 7,24-27).

A benção matrimonial, portanto, revela-se como um selo divino sobre o compromisso já firmado desde o início do namoro: ser um sinal de integridade para o mundo, que por muitas vezes tenta nos enganar e fazer pensar que isso não é possível. Não como pessoas perfeitas, pois não somos, mas como duas pessoas que desejam colocar Deus como o centro das escolhas de nossas vidas.

A escolha por ser casto é, enfim, o caminho para viver com a liberdade autêntica de quem sabe a sua essência e dignidade de filho de Deus, independente do estado de vida. A vivência da castidade no matrimônio revela-se como um caminho diário de integridade e respeito a si mesmo e ao cônjuge, sabendo que sou responsável por conduzi-lo até Deus.

 

João Jose dos Santos Junior

Amigo da Aliança de Misericórdia

 

Imagem de desataque: Ibrahim Fareed

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