A busca pela virtude

Em um mundo caótico, de relativização e normalização do pecado, nunca foi tão necessária a busca pelas virtudes. Não é preciso ir muito longe para reconhecer que se hoje alguém deseja viver uma vida de santidade, precisa não só da boa vontade e da tão necessária graça de Deus, e dizer “necessária” significa que sem ela ninguém consegue chegar longe. Para chegar a essa conclusão basta que você pense a quanto tempo você deseja ser santo, vencer seus pecados e crescer na sua vida espiritual. E a pergunta é: você considera que tem crescido espiritualmente? Você tem vencido seus pecados ou ainda continua carregando com os mesmos há muito tempo? E se a resposta for que você considera não ter crescido espiritualmente e ainda luta contra os mesmos pecados, isto é, caindo neles; significa que você está naquela fase da vida espiritual onde quase todos literalmente encalham. Sim, essa para mim é a melhor palavra para expressar isso, encalhar espiritualmente. E o problema é que você olha para sua vida e diz: “Mas eu tenho o desejo de ser santo, eu quero, Deus sabe disso” ou “eu tenho pedido isso a Deus em minhas orações, tenho rezado, buscado os sacramentos, mas continuo caindo nos mesmos pecados”.

Pois bem, se você considera estar assim, significa que somente a boa vontade e a graça de Deus não serão suficientes para te fazer progredir no caminho espiritual. E quero repetir de novo, pois pode aparecer alguém me acusando de pelagianismo, ou seja, de que somente nossos esforços humanos bastam para alcançar a santidade. Este pensamento já foi condenado como herético, e por tanto, não se trata disto. Deixo claro que sem a graça de Deus o homem não pode alcançar a santidade, mas Ele precisa da colaboração do homem para isso. Há uma célebre frase de Santo Agostinho que diz: “O Deus que te criou sem ti, não pode te salvar sem ti”. Aí está, o santo considerado como o “Doutor da graça” afirmando que Deus precisa de nós, e Ele precisa mesmo. Então, como podemos colaborar com Ele?

Bom, para começo de conversa, é preciso firmar o propósito de lutar contra o pecado. Ninguém será santo enquanto ainda tiver afeição ao pecado. E nós conseguimos combater os pecados adquirindo virtudes, e quando um pecado se torna um hábito em nossa vida, ele se transforma em um vício, o que torna ainda mais dificultoso a luta contra ele. A virtude, em contrapartida do vicio, é um hábito bom. Virtude e vício são hábitos e estão em lados opostos de uma balança. Por exemplo: uma pessoa não pode querer possuir a virtude da castidade enquanto segue seus instintos carnais a bel prazer, cometendo o hábito contrário da luxúria. Para adquirir a virtude da castidade ela precisa se exercitar com bons hábitos, auxiliado por outras virtudes, que farão com que pouco a pouco aquele pecado, ou vício, perca seu peso e consequentemente, faça a balança pender para o lado da virtude.

Motivado por este contexto de mundo no qual vivemos, onde o que menos se busca, e do que menos se trata é a virtude, mas também pelas minhas próprias lutas para adquiri-las e na escuta e acompanhamento de pessoas que enfrentam as mesmas dificuldades, me propus a escrever alguns textos sobre as virtudes e ao mesmo tempo, o pecado (ou os pecados) que elas combatem. Acredito que isso possa lhe ajudar e dar alguma luz no seu caminho. Se você quiser me acompanhar, bem-vindo a essa jornada. Toda semana publicarei um texto tratando sobre uma virtude.

Deus te abençoe,

Pe. Luís Fernando Cardoso Viana

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