Veja como o Papa tratou uma garota autista

Na Audiência Geral do dia 21/08, um fato inusitado roubou a atenção de todos: uma menina autista aproximou-se do Papa e a reflexão dele logo depois encantou a todos.

Quem rezou por ela?

A garota passou praticamente toda a catequese no palco próxima ao Papa Francisco. Ela corria de um lado para outro, batendo palmas, parando justamente na frente do Pontífice.

A mãe tentava tirá-la, mas o Papa pediu que a garota ficasse livre. Antes de se despedir dos fiéis, Francisco compartilhou uma reflexão: “Quem rezou por ela, pela sua família e pelos seus pais? Quando vemos uma pessoa que sofre, devemos rezar!”.

O Prior da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém Mons. André Sampaio em entrevista à Rádio Vaticana, partilhou o que meditou com essa situação.

“A atitude do Santo Padre me serve de inspiração…primeiro esta paciência para com as crianças, esse saber acolher as crianças. Se eu quero crianças, e devo tê-las dentro da igreja, eu devo ter paciência para com os pequeninos; muitas vezes falta essa paciência no confronto com as crianças.

Crianças na Igreja

O Santo padre ensina claramente (a nós padres) a continuar, a se preocupar com aquilo que eu estou fazendo. Obviamente a criança vai fazer barulho, ou alguma coisa, vai ter um pai e uma mãe que vai pegar a criança e sair com ela (…), mas não se preocupe com isso e deixe as coisas fluírem”.

Ele ressalta que, primeiramente, devemos ter ainda mais paciência com os “pequenos especiais”, no caso desta garota na audiência, por exemplo.

“Eu tenho um sobrinho autista, o Rafael, e além de autista ele nasceu surdo. Como tratar esta criança que apresenta surdez e o autismo?

Como lidar

Eu diria que devemos ter acolhida e compreensão. O autista vive o mundo “auto”, ou seja, para dentro, ele olha para o universo interno. Inicialmente há a dificuldade de relação com o mundo externo e isso é necessário tratamento, cuidado e muita paciência por parte dos pais e de todos que lidam com a pessoa autista.

Essa criança vai pouco a pouco dar sinais de interação. Aqui (a garota na audiência), ela tinha sim uma interação, mas era uma interação do universo dela com a tela, ela se via. Então, ao se ver ali, ela procurava exatamente em que ponto a câmera estava marcando a cena para que ela se visse nela.

A preocupação dela não era com a audiência, mas ela interagia consigo neste universo particular.

Outro dado que vemos também no autista é que ela corria e batia palma e uma coisa que eu aprendi, é que quando uma criança autista ouve um som, este permanece na sua mente e então ele bate palma para reorganizar o pensamento.

Isso ela fazia de vez em quando e estava certamente reorganizando o pensamento.

É necessário muito amor, muita doação e aqui olho de forma especial para todos os pais que têm uma realidade tão especial que é o autismo, dentre outras.

Dados do autismo

Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), no mundo existe um caso de autismo para cada 110 pessoas, ou seja, cerca de 2 milhões de habitantes.

A origem do distúrbio é desconhecida e por isso mesmo há certa dificuldade de se encontrar um tratamento adequado. Atualmente existem estudos que tentam descobrir se há algum gene que causaria uma predisposição ao autismo.

O dr. Estevão Vadasz, professor do Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, fala dos diversos graus de autismo: “A criança no extremo do espectro tem seu comportamento bastante comprometido, enquanto a pessoa de grau leve pode ser extremamente brilhante”. E ainda ressalta que “o diagnóstico e tratamento precoces, com a criança de até um ano e meio, é o grande salto nos países desenvolvidos”, afirma Vadasz.

Um dos tratamentos indicados para o autismo é a Terapia Comportamental (TC) que é muito desenvolvido nos EUA, mas no Brasil ainda carece de recurso e profissionais capacitados.

Atualmente existem locais para o tratamento da população autista; o Centro para Autismo e Inclusão Social (CAIS) e o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Todavia não são tão eficientes, por causa, primeiramente, da capacitação dos profissionais e depois pelo método. As atividades são realizadas na sua maioria em grupo, confrontando a dificuldade principal da pessoa que é o convívio social.

Nem sempre obtém bons resultados.

Este ano, o apresentador Marcos Mion conseguiu um primeiro passo para alcançar as pessoas que sofrem com a doença. O artista fez campanha nas redes sociais para que incluíssem no Senso 2020 a pergunta sobre se há algum membro da família que possui autismo. A proposta de lei foi assinada no dia 18/07 e aguarda aprovação.

Com informações de Revista Espaço Aberto USP

e Vatican News

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