Transfiguração do Senhor – O que importa é estar sempre com Cristo.
Na Festa da Transfiguração, celebramos a passagem do Evangelho, também recordada no quarto mistério luminoso, onde Jesus se transfigura na frente de três de seus discípulos mais próximos, dando uma mostra do que é a Sua Glória.
Nesta data, voltemos nosso olhar para o que realmente importa, estar com Cristo, seja na Transfiguração, seja na Cruz, no berço de palha ou no trono de ouro. É a presença do Senhor que nos anima e vivifica.
Acompanhemos essa bonita meditação do Padre Francisco Fernándes Carvajal, baseada em três pontos principais:
- O que importa é estar sempre com Cristo. Ele nos dá a ajuda necessária para continuarmos a caminhar.
- Fomentar com frequência, e especialmente nos momentos mais difíceis, a esperança do Céu.
- O Senhor não se separa de nós. Atualizar essa presença de Deus.
Meditação do Padre Francisco Fernándes Carvajal
O Evangelho relata-nos o que aconteceu no Tabor. Pouco antes, Jesus havia declarado aos seus discípulos, em Cesaréia de Filipe, que iria sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e dos escribas.
Os Apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. Agora, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e leva-os a um lugar à parte para orar. São os três discípulos que serão testemunhas da Sua agonia no Horto das Oliveiras.
Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes. E vêem-no conversar com Elias e Moisés, que aparecem nimbados de glória e lhe falam da sua morte, que havia de ocorrer em Jerusalém.
São Leão Magno diz que “o fim principal da Transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”. Os Apóstolos jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio da sua amargura.
Muitos anos mais tarde, São Pedro ainda recordará de modo nítido esses momentos… quando, do seio daquela glória magnífica lhe foi dirigida esta voz: “Este é o meu Filho muito amado, em quem pus todo o meu afeto”.
Esta voz, que vinha do céu, nós a ouvimos quando estávamos com Ele no monte santo. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom permanecermos aqui. Façamos três tendas”. Pedro quer prolongar a situação.
Mas, como dirá mais adiante o evangelista, não sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos.
Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-Lo e viver sempre com Ele.
Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Vultum tuum, Domine, requiram: Desejo ver-Te, Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida.
A lembrança desses momentos ao lado do Senhor no Tabor foi, sem dúvida, uma grande ajuda nas várias situações difíceis que estes três Apóstolos viriam a passar.
A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada. Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com frequência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora.
Mas, o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade”.
No Céu, tudo é repouso, alegria, regozijo; tudo é serenidade e calma, tudo paz, resplendor e luz. A nossa vida no Céu estará definitivamente livre de qualquer possível temor. Não passaremos pela inquietação de perder o que temos, nem desejaremos ter nada de diferente.
Então, poderemos dizer verdadeiramente com São Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui!” Vamos pensar no que será o Céu. Nem olho algum viu, nem ouvido algum ouviu, nem passaram pelo pensamento do homem as coisas que Deus preparou para os que o amam.
Já imaginamos o que será chegar ali, e encontrar-nos com Deus, e ver aquela formosura, aquele amor que se derrama sobre os nossos corações, que sacia sem saciar?
O pensamento da glória que nos espera deve espicaçar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. “E se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos venha a faltar”.
Não devemos esquecê-Lo nunca: esse Jesus que esteve no Tabor com aqueles três privilegiados é o mesmo que está ao nosso lado diariamente. Quando Deus vos concede a graça de sentir a Sua presença e deseja que lhe faleis como ao amigo mais querido, esforçai-vos por expor os vossos sentimentos com toda a liberdade e confiança. Ele antecipa-Se a dar-Se a conhecer aos que o procuram. (Sab 6, 14).
Sem esperar que vos aproximeis, antecipa-se quando desejais o Seu amor, e apresenta-Se concedendo-vos as graças e remédios de que necessitais. Só espera de vós uma palavra para demonstrar que está ao vosso lado e disposto a escutar e consolar: seus ouvidos estão atentos à oração (Sl 33, 16).
Há momentos que os amigos deste mundo passam juntos conversando, mas há horas em que estão separados. Entre Deus e vós, se quiserdes, jamais haverá um momento de separação.
Fonte: www.hablarcondios.org
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