São Damião de Molokai: o missionário que deu a vida pelos leprosos
A vida de São Damião de Molokai é um testemunho de amor radical e entrega total aos irmãos por amor a Deus. Conhecido como o apóstolo dos leprosos, São Damião escolheu voluntariamente viver entre os doentes de lepra (hanseníase) na ilha de Molokai, no Havaí, oferecendo não apenas cuidados físicos, mas também consolo espiritual e dignidade àqueles que haviam sido rejeitados pela sociedade.
Nascido em 1840, na Bélgica, com o nome de Jozef De Veuster, ingressou muito jovem na Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Ao ser enviado em missão para o Havaí, adotou o nome Padre Damião. Sua vida missionária já era marcada pela dedicação aos mais pobres, mas foi em 1873 que sua vocação alcançou um novo patamar: ele se ofereceu para servir no leprosário da ilha de Molokai, local para onde os doentes eram exilados sem qualquer estrutura ou esperança.
Em Molokai, Padre Damião encontrou uma realidade desumana: fome, abandono, miséria e desespero. Ele não apenas pregou o Evangelho, mas construiu casas, escolas, capelas e até caixões, tornando-se médico, enfermeiro, engenheiro, amigo e irmão para aqueles que já haviam perdido tudo. Mais do que palavras, ele ofereceu presença e amor incondicional. Ali, entre os mais sofridos, ele foi um reflexo vivo da misericórdia de Cristo.
Seu testemunho chegou ao ápice quando, após anos de convivência com os doentes, ele próprio contraiu a lepra. Em vez de desespero, ele acolheu a doença como um selo de sua missão, afirmando com serenidade: “Somos leprosos entre os leprosos”. Morreu em 15 de abril de 1889, aos 49 anos, consumido pela enfermidade, mas glorificado pela santidade de sua entrega total.
São Damião de Molokai foi canonizado em 2009 pelo Papa Bento XVI e é hoje considerado padroeiro dos leprosos, dos doentes negligenciados e de todos os que trabalham junto aos excluídos.
Seguir o exemplo de São Damião é responder ao chamado de Cristo: “O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Em tempos de indiferença, sua memória nos provoca a amar até o fim, a estar próximos dos feridos da sociedade, a dar a vida com generosidade — ainda que o mundo não compreenda.
Que a vida de São Damião de Molokai inspire nossos corações a um compromisso maior com os esquecidos. Que ele interceda por todos que, hoje, continuam a caminhar pelos “Molokais” do mundo, levando a luz do Evangelho onde mais se precisa de esperança.
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