Pe. Jefferson (André) fala um pouco de sua vocação

Padre Jefferson (André) em sua primeira Missa.

Nesta semana, dando continuidade à semana de oração pelas vocações sacerdotais, apresentamos alguns depoimentos de padres que podem nos ajudar a entender melhor esta vocação e a importância da intercesão pelos nossos pastores.

Estar com Jesus

Entrevistador: Padre, o que foi decisivo para responder essa vocação?

Pe. Jefferson: A resposta está na própria tomada de consciência do chamado. A partir deste encontro que se tem com Deus (no caso, que eu tive com Jesus), dentro do meu tempo, Jesus foi esclarecendo e isso foi “clareando” para mim na história, isso foi se tornando cada vez mais forte.

Cada vez que eu tentava, sei lá, me distanciar ou achar que não era para mim e que era para outro isso me causava uma certa angústia, uma insatisfação pelo fato de estar perto. Eu creio que a decisão, quando a gente quer responder a nossa vocação, é estar perto.

Afinal de contas, recordo aqui que Jesus quando chamou os seus, os Doze, ele não os chamou para o envio de imediato; Ele chamou para estarem com Ele. Esse é o segredo ESTAR COM ELE. Isso faz com que a gente O conheça, faz estarmos em relação de intimidade, de coração, de sentimentos, uma afinidade muito grande.

Como não responder à doçura do chamado de Jesus para nós quando se cria essa afinidade? Como resistir à voz do Amado?

Jesus é meu Amado e a decisão foi essa mesma: Ele me seduziu e eu me deixei seduzir.

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Diversos desafios

Entrevistador: o maior desafio para o meu chamado nos dias de hoje?

Padre Jefferson: Eu creio que é não esquecer isso que eu falei agora: nós estamos cercados de tentações, de propostas, de tantas coisas que apelam para que a gente se distancie deste primeiro chamado que é estar com Ele.

Primeiro, as coisas: nós nos afundamos em fazer as coisas e trocamos muitas vezes os lugares. Somos iguais  – como o Papa Francisco falou uma vez – a funcionários. Temos a tentação de nos tornar funcionários do Sagrado.

Quando nós nos tornamos funcionários do Sagrado, é aí que “a coisa pega”, porque se perde o contato, a relação, a afinidade de coração e sentimentos. E quando perde, a gente pára de compreender, a gente pára de ter a sensibilidade de escutar a voz do nosso Amado.

Quando isso acontece, várias coisas vão sendo trocadas e valores vão sendo enfraquecidos dentro de nós. Como eu falei: eu estou no mundo. Não sou anjo, carrego em mim as marcas do pecado, os desejos, aquela luta constante da batalha interior que nós carregamos (entre o bem e o mal); de um lado está o Caim e do outro Abel.

Sempre com o “Abel” buscando a intimidade e oferecer o melhor de si para Deus. E o Caim que busca sempre aquilo que é prazeroso, o que é mais fácil e o que não exige sacrifício.

Particularmente, a minha luta é essa; em perceber quando eu estou neste caminho escolhendo o que é prazeroso, o que é mais fácil, o que não me custa. Quando na verdade o que eu devo escolher enquanto sacerdote é me oferecer também todos os dias.

Dicas práticas:

Olhando assim (superficialmente) parece algo meio espiritualizado, mas eu creio também que sem uma espiritualidade nós não somos capazes de enfrentar as coisas do dia a dia como devem ser enfrentadas.

As coisas são muito concretas todos os dias. Enfrentamos tantas coisas e realidades, não só nossa, mas os problemas das pessoas. O padre tem que ser aquele que tem que saber trafegar, andar, no sofrimento da humanidade sem desistir dela e sem abrir mão perante aquilo que ouvimos e vemos.

Só é possível viver isso se a gente estiver nessa realidade que eu falei acima, com Jesus, com nossa cabeça reclinada sobre o peito dEle, senão a gente vai se envolver (não no sentido de compaixão), mas acabar nos afundando e deixando com que aquela situação nos influencie, e isso não pode.

Misericórdia, compaixão, compreender a dor do outro, mas sempre levando para eles o diferente que é Jesus, a solução para eles, a esperança que está em Jesus.

Padre Jeffereson (André) é missionário de vida da Aliança de Misericórdia e atualmente está em missão em Moçambique/África.

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