Palavra do Mês de Outubro – Comunidade Jubileu: Ser família, movimento de amor!

“Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

Os Estatutos da Aliança de Misericórdia, assim descrevem os casais dentro da Comunidade de Vida:

Casais Missionários: São casais e vocacionados ao matrimônio, que entregam-se a Deus por meio do Vínculo de Oblação, sendo testemunhas evangélicas da santidade no matrimônio e de sua missão para a santificação do mundo. Assumem a vida em comunidade e são totalmente disponíveis para a realização da única missão da família Aliança de Misericórdia. (n. 54b)

No entanto, essas palavras são também iluminadoras para todos os casais do Movimento.

A sociedade odierna a família  é caracterizada por relações e dinâmicas diversificadas, que vão além do modelo tradicional. Hoje em dia, a ideia de família abrange diferentes estruturas, como casais do mesmo sexo, famílias monoparentais e famílias reconstituídas. Essa evolução reflete as mudanças sociais e culturais da sociedade contemporânea. Qual modelo de família podemos encontrar na Palavra? A Bíblia nos diz (e citaremos somente alguns versículos entre muitos):

  • “Uma família que crê em Deus, enfrenta as dificuldades unida.” (2 Rs 4,1-7)
  • “Creia no Senhor Jesus e sua casa será salva!” (Atos 16,30-32)
  • “Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sejam fecundos e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!’.” (Gênesis 1,28);
  • “Os filhos dos filhos são uma coroa para os idosos, e os pais são o orgulho dos seus filhos”. (Provérbios 17,6);

Por isso, hoje não é fácil ser família cristã, católica e, ainda mais não é fácil ser família chamada à missionariedade, a ser “Igreja domestica”, a criar o próprios filhos com os tradicionais – mas sempre novos e atuais – valores que a mãe Igreja nos ensina para realizarmo-nos como pessoas e como testemunhas do amor de Cristo. É verdadeiramente um verdadiero desafio, um remar contra corrente, mas na certeza que  Cristo está à frente e nos conduz!

“Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

Neste momento tão especial da Família Aliança de Misericórdia, em seu Jubileu de 25 anos de existência pela ação da Imaculada do Espírito Santo, sua Mãe e Fundadora, é uma alegria, para nós casais, podermos partilhar nossa vida no Movimento.

Todos, em nossa família são, verdadeiramente, filhos da Misericórdia, e quando falamos “nossa família” nos referimos a todo o Movimento.

Nós, Alessandra e Francisco, já tínhamos uma caminhada na Aliança de Misericórdia e quando nos conhecemos, numa missão em Piracicaba, em 2004, para nós foi “um ano de graças da parte do Senhor” (cf. Is. 61, 2). De fato, nossa família de sangue se originou da família espiritual Aliança de Misericórdia: não há diferença!

Nestes tempos em que o maligno busca destruir as famílias, vermos nossos filhos se sentindo em casa no sítio Botuquara (onde fica a casa mãe da Comunidade), sentindo-se à vontade com os missionários, entendendo a missão evangelizadora de todos nós batizados e recebendo os missionários em nossas casas, demonstra que os laços de Deus são muito mais fortes que os laços de sangue.

Diante dessa convivência vemos que eles já têm ciência da missão evangelizadora que também é deles, apesar da pouca idade. Phablicia, nossa filha mais velha, já foi duas vezes para a missão na em Moçambique, na África. Uma vez toda a nossa família estava na Missão na Cracolândia (uma região central de São Paulo na qual se reunem centenas de usuários de crack).

E como em toda e qualquer família, temos que aprender a conviver mesmo nas horas difíceis, nos conflitos que surgirem, nas dificuldades que devemos atravessar, nas tentações que aparecerem, mas sabendo que é em família que teremos força, encontraremos suporte e compreensão, ajudaremos uns aos outros para superar toda a dificuldade que nunca será maior do que o Amor Misericordioso do nosso Deus.

Vemos agir todos os dias essa Misericórdia nas palavras de um irmão, no carinho de uma acolhida, no amor de um sorriso, na sinceridade de uma saudação, na providência que Deus manda, nas pessoas transformadas por pequenos gestos que dão sentido à suas vidas, na descoberta da presença do Pai em cada momento. Um exemplo em que sempre vivemos isso, é na Evangelização Maria Madalena (que consiste na abordagem de garotas (os) de programa, com o objetivo de resgatar a verdadeira identidade de Filhos de Deus), em que trazemos irmãs e irmãos para a Fraternidade Cenáculo São Paulo, observando que apenas um sorriso já transforma o sentimento de quem ali chega.

Não nos esqueçamos que “O Espírito do Senhor repousa” sobre cada um de nós (cf. Lc 4,18). Tenhamos essa certeza, pois é Ele quem age, Ele quem nos escolheu, Ele quem nos capacita, apesar de todas as nossas limitações.

“Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

Nós também, Pedro e Fabiana, somos membros da Aliança de Misericórdia. Conhecemos a Comunidade já casados, em 2001, e fomos cativados pela simplicidade, pela acolhida, mas principalmente pela forma de viver o Evangelho.

Naquele ano, os primeiros missionários haviam mudado recentemente para a Casa IES (Imaculada do Espírito Santo) – no sítio Botuquara. Os missionários, padres, filhos da Aliança e todos, eram uma grande família; cada um que estava naquele lugar tinha o coração aberto e a disponibilidade em acolher, servir e doar-se pelo outro.

Nós víamos frequentemente os irmãos de rua que acolhíamos (que chamamos de “Filhos da Aliança”), chegar sujos, barbudos, desfigurados, com fome… e horas depois não os reconhecíamos mais, pois tínhamos, diante dos nossos olhos, pessoas transformadas, restauradas, com dignidade, e tudo tinha acontecido pelo amor e cuidados dos missionários.

Às segundas feiras, no Botuquara, se celebrava a Missa da família; todos os missionários haviam voltado das Missões do final de semana e era o momento de celebrar e partilhar as maravilhas que Deus tinha realizado. Os testemunhos e as graças que o Senhor havia operado em nosso meio, faziam nossos corações arder e crescia o desejo de fazer parte desta família, deste carisma!

Cada semana, eu e Fabiana, tínhamos o desejo “despretensioso” de voltar, nem que fosse para tomar um cafezinho com os “santos pães duros”, para partilharmos e ouvirmos os irmãos; em uma oportunidade tivemos a graça de ouvir o testemunho do Nivaldo, um dos nossos primeiros missionários, sentados em volta de uma mesa de tampa de poço, e uma semana depois ele voltou para junto do Pai. Sofremos muito a perda deste irmão que sempre nos dizia: “Oh benção poderosa!” enchendo-nos de alegria e de desejo de Deus.

Cada palavra, testemunho e partilha, rasgavam nosso coração e nos impulsionava a querer viver diferente, fazer as melhores escolhas, partilhar do que tínhamos e viver nossa Palavra de vida: Isaias 61,2.

Em uma homilia, ouvimos um padre que dizia: “Aquela blusa, aquela calça que estão guardadas esperando um dia para servir, pertencem a um irmão que neste momento passa frio nas ruas”, estas palavras nos impulsionavam a revisitar nossas escolhas, sermos mais generosos, pois Deus nunca nos deixou faltar nada!

Somos uma família perfeita? Não! Mas uma família que, unida, se alegra, chora, corrige-se, sonha os sonhos de Deus e deseja fazer Sua vontade.

As promessas de Deus para nossa família Aliança de Misericórdia são grandiosas, mas nós sabemos bem que Deus escolhe os pequenos, os frágeis e limitados e, assim, mesmo indignos e incapazes, o Senhor nos chamou para sermos testemunhas de que “quem faz e realiza é ELE” e a obra é Sua.

Nossas três filhas nasceram em 2003, 2005 e 2012. A gestação da Mariana, após 5 anos de casados, foi um milagre, fruto de uma experiência de oração e repouso no Espírito. Toda Comunidade rezou e se alegrou conosco! Hoje, nossas filhas têm muitos tios, tias, primas, para além dos laços de sangue e sim pelos laços da Misericórdia.

Ainda que nossa família Aliança de Misericórdia tenha crescido, esteja espalhada pelo Mundo afora e tenhamos saudades dos irmãos mais distantes, estamos sempre juntos, como ensinado pelos Fundadores: em nosso encontro diário com a Santa Eucaristia, em todos os momentos de Adoração e na Santa Missa, quando vivenciamos o mistério de amor e fidelidade.

Em um momento de muita dor em nossa família, com o falecimento trágico do irmão do Perdo, o telefone tocou e era uma irmã de comunidade que, naquele momento, sentia que deveria nos ligar, mesmo sem saber o que estava acontecendo. Neste momento de dor, nos sentimos amados e cuidados por Deus, na acolhida, na oração e presença, que foram sustento para toda nossa família, para viver o luto desta difícil perda.

“Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

Nós, casais da Aliança de Misericórdia, com essa nossa pequena partilha temos buscado, antes de tudo, testemunhar que a Misericórdia do Pai, através do Movimento Aliança de Misericórdia, nos une como família, com uma “ligação” indestrutível que é o Espírito Santo, pois só Ele consegue unir tantas pessoas com realidades tão diferentes, com feridas tão profundas, com marcas indeléveis em suas vidas. Todos nós sabemos que com a ajuda dos irmãos, como família e com o Amor Misericordioso do Pai, podemos superamos as dificuldades para sermos instrumentos d’Ele, em nossa pequenez, como o burrico montado por Jesus ao adentrar em Jerusalém para cumprir sua missão.

As dificuldades, as pedras no caminho, os problemas sempre surgirão, mas juntos, em família, unidos, um sendo o cajado para o outro, um compreendendo os limites do outro, será muito mais fácil seguirmos nossa missão, pois, como alerta Papa Francisco “Quanto mais escura é a noite, mais próxima está a aurora”1.

Aliança de Misericórdia nos ensinou a ser e a amar a Igreja, a enfrentar as difuculdades juntos, a considerar nossos filhos uma preciosa herança, a amar os pobres, a ser comunidade em comunhão entre nós e com os irmãos e a ser instrumentos da Misericórdia divina.

Para terminar gostaríamos de deixar uma proposta de vivência da Misericórdia, em particular para os casais da Aliança e de fora, e para todos aqueles que irão ler esta Palavra do mês.

 

– Aproximem-se mais à Igreja, através da Aliança de Misericórdia, participando dos seus encontros todas as vezes que puderem, mas também no dia a dia, incentivando também vossos filhos a fazer o mesmo;

– quando for possível partecipem das pastorais da Aliança com vossos filhos, é um maravilhoso testemunho para eles;

– falem mais com os vossos filhos, nunca os deixem sem respostas sobre os valores, humanos e espirituais.

  • visitem vossos pais, mães, avos e bisavos!…

Para as Fraternidades e Grupos da Comunidade de Aliança e Amigos, podemos partilhar sobre como tem sido nossa experiência de viver como Família na Aliança de Misericórdia e o que podemos fazer para que isso seja sempre mais concreto em nossa vida.

“Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

Que Deus os abençoe.

 

Francisco e Alessandra

Pedro e Fabiana

 

  1. Papa Francisco – Catequese da Audiência Geral da quarta-feira 11.10. 2017

 

 

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