Palavra do Mês de Maio: O caminho da conversão!
O CAMINHO DA CONVERSÃO: LEVANTAR-SE E PÔR-SE A CAMINHO
“E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai” (Lc 15,17-20).
Muitos de nós, durante o nosso caminho de conversão, nos sentimos como o filho mais novo do Pai misericordioso: em um mundo de misérias, buscando saciar as nossas vontades com as bolotas de porcos, com aquilo que não foi feito para nós, até um determinado momento em que nos deparamos com o amor de Deus e, finalmente, caímos em nós, resolvendo retornar para a casa do Pai.
A experiência de retorno para a casa do Pai só pode ser vivida por aqueles que, como o filho pródigo, em um determinado momento de suas vidas, se reconhecem longe de Deus. É preciso cair em nós, acordar para a vida, para percebermos que estamos em meio às imundices, distantes de casa e do nosso Pai que muito nos ama.
Aquele jovem havia gastado tudo que possuía na vida devassa, até mesmo sua dignidade. Todos os sinais e as características que o faziam reconhecível como filho daquele pai já não existiam mais, e nesse momento ele aceita qualquer coisa para continuar sobrevivendo. Nós aceitamos qualquer coisa que nos permita sobreviver mais um pouco, aproveitar a vida mais um pouco, porém, não percebemos que, aos poucos, deixamos de viver, e cada vez nos aproximamos mais da autodestruição.
Porém, não basta reconhecermos a nossa posição, é necessário agir. O filho pródigo, pela sua necessidade de comida, se recorda que na casa de seu pai tinham pão com fartura, enquanto ele não podia comer nem mesmo as bolotas dos porcos. Por um tempo, esse filho perdeu totalmente a noção de sua filiação, ao ponto de aceitar ser tratado como um porco, mas nem mesmo isso lhe foi concedido. Cair em si significa recordar a nossa identidade mais profunda: Eu sou filho! Eu tenho um Pai! Tendo se recordado dessa verdade, este filho pôde novamente sentir o Pai que continuava chamando-o e amando-o, e assim encontrou coragem para se levantar e regressar.
“E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai” (Lc 15,17-20).
A decisão de voltar à casa do Pai, de voltar a viver a nossa identidade, não é um processo tão simples. Por vezes seremos afligidos pelas vozes que continuamente estarão nos chamando novamente para a devassidão, para a glória terrena, para a busca do “sucesso e do reconhecimento” que de alguma forma o mundo nos oferece. Outras vezes podemos nos deparar com as nossas fraquezas e possivelmente correremos o risco de desanimar por nos acharmos incapazes ou fracos para caminhar. Como aquele jovem, fomos para uma terra longínqua, estrangeira, e agora precisamos percorrer um longo caminho de volta.
Podemos dizer que a conversão se dá, aqui, no retorno, durante o caminho. Escolher retornar para a casa do Pai diante da fome, foi uma decisão relativamente fácil, o difícil foi escolher a cada passo permanecer no caminho, enfrentando o sol, as pedras e o cansaço fatigante da jornada. A nossa conversão precisa também ser constante e diária, pois todos os dias enfrentaremos as lutas e pagaremos o preço para permanecer.
Teremos de lutar com o perigo de, ao longo desse caminho, nos esquecermos do motivo pelo qual estamos percorrendo-o. O motivo sempre será o mesmo: “Eu sou filho!”. Se eu me esquecer da filiação, poderei até trilhar o caminho, mas somente com a pobre expectativa de ser recebido como um empregado que pode ser punido, castigado, ou mandado embora a qualquer momento; retornarei para Deus com a ameaça de um possível castigo merecido e viverei trabalhando para Ele, mas como seu servo que miseravelmente se excluiu de sua filiação.
Tudo isso seria muito pouco, pois existe um lugar à mesa, um lugar nos braços desse Pai, um lugar reservado para nós filhos, e essa volta para o lar paterno deve ser coroada de dignidade igualmente filial. Sou filho, e filho amado e esperado pelo Pai!
“E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai” (Lc 15,17-20).
Que não nos enganemos dizendo belas palavras sobre a incondicional Misericórdia de Deus, mas sentindo nossas culpas muito maiores que a Sua graça! Quantas vezes nos sentimos incapazes de ser perdoados e não merecedores do Amor de Deus? E quantas vezes estivemos dispostos a ser punidos pelos nossos pecados, mas não perdoados?
Um dos nossos irmãos de fraternidade nos contou esta significativa experiência sobre a misericórdia de Deus e hoje queremos partilhá-la para refletirmos um pouco sobre nossa dificuldade em recebermos Sua misericórdia: “Lembro-me uma vez que fui confessar e chegando ao sacerdote com o coração sofrido pelos meus pecados, lancei ali minhas muitas falhas e arrependimentos. Ao término da confissão o padre não havia me dado nenhuma penitência e logo me apressei a perguntar o que teria de fazer. As palavras dele foram simples: ‘Acolhe a Misericórdia de Deus e vá em paz’. Estava preparado para ‘pagar’ de alguma forma pelo perdão recebido, mas não estava preparado para acolher a gratuidade do Amor de Deus e, mais ainda, para receber o abraço do Pai que me acolhia sem questionamentos”.
É necessário partir e se colocar ao encontro do Pai. Abandonar a comida dos porcos e assumir nosso lugar de filhos, estar dispostos a voltar para a casa e confiar que quem estará lá para nos receber é o nosso Abba, o Papai.
Que Deus, nosso Pai, nos abençoe nesta jornada de volta para a casa!
Fraternidade Pe. Cícero
Proposta para a vivência da Palavra do mês:
- Avaliar o meu relacionamento com Deus: tenho me portado como filho ou como servo?
- Fazer um bom exame de consciência e buscar o sacramento da reconciliação.
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