O Martírio de São Barnabé: Testemunho de Fé até o Fim

São Barnabé, apóstolo e mártir da Igreja primitiva. Seu nome, que significa “filho da consolação” (cf. At 4,36), não era original — foi dado pelos apóstolos por causa do seu espírito fraterno, generoso e encorajador. Discípulo fiel do Senhor, companheiro de São Paulo nas primeiras missões, e evangelizador ardoroso dos gentios, São Barnabé é também exemplo de coragem até o martírio. Sua morte por amor a Cristo, segundo a tradição, ocorreu na ilha de Chipre, selando com sangue sua fidelidade ao Evangelho.

Barnabé: missionário da palavra e da misericórdia

Natural da ilha de Chipre, Barnabé era judeu da tribo de Levi e se converteu ao cristianismo nos primeiros tempos da Igreja, em Jerusalém. Com o coração inflamado pela Boa Nova, vendeu seus bens e entregou o valor aos apóstolos, tornando-se referência de generosidade e desapego (At 4,36-37). Foi ele quem apresentou Saulo, o antigo perseguidor dos cristãos, à comunidade apostólica, acreditando em sua conversão e defendendo-o (At 9,26-27). Mais tarde, partiriam juntos para diversas missões, anunciando o Evangelho com ousadia e caridade.

Mas não foi apenas sua ação missionária que marcou a vida de Barnabé. Sua fidelidade à verdade de Cristo, mesmo diante das adversidades, perseguições e conflitos internos na Igreja, mostrou o vigor de sua fé. Ele soube, ao longo de sua vida, unir firmeza doutrinal com ternura pastoral, especialmente ao insistir em dar uma nova chance ao jovem João Marcos, após este ter abandonado uma missão anterior (At 15,37-39).

O martírio de São Barnabé na ilha de Chipre

Segundo a tradição cristã antiga, após anos de evangelização, São Barnabé retornou à sua terra natal, Chipre, para continuar ali sua missão. Foi nesse contexto que enfrentou forte oposição das autoridades religiosas judaicas, que viam o cristianismo como uma ameaça à sua influência.

Barnabé foi capturado, apedrejado até a morte por judeus hostis e, por fim, seu corpo foi queimado. Seu martírio aconteceu por volta do ano 61 d.C. Mas, mesmo diante da violência, não renunciou à sua fé. Morreu proclamando o nome de Jesus, com a mesma convicção com que vivera: sem medo, sem rancor, com o coração cheio do Espírito Santo.

O túmulo e o culto em Chipre

A tradição afirma que São Marcos, seu primo e companheiro de missão, conseguiu recuperar secretamente o corpo de Barnabé e o enterrou em uma gruta próxima à cidade de Salamina. No túmulo, colocaram sobre o peito do santo um exemplar do Evangelho de São Mateus — símbolo de sua fidelidade à Palavra.

Séculos depois, no ano 478, o imperador bizantino Zenão teria sido informado, em sonhos, da localização exata do túmulo de Barnabé. Ao ser descoberto, com o Evangelho sobre o peito, foi imediatamente reconhecido como local sagrado. Desde então, o culto a São Barnabé floresceu em Chipre, tornando-se o santo padroeiro da ilha. A Basílica de São Barnabé, construída sobre a antiga gruta, ainda hoje atrai peregrinos de todo o mundo.

Um testemunho de perseverança para os dias de hoje

O martírio de São Barnabé nos lembra que a fé cristã autêntica exige perseverança até o fim, mesmo diante das rejeições, incompreensões ou perseguições. Ele não abandonou a missão nem se intimidou com os desafios — ao contrário, fortaleceu-se cada vez mais na graça de Deus. Seu exemplo inspira todos aqueles que, como a Aliança de Misericórdia, desejam anunciar Jesus aos pobres, aos rejeitados, aos que vivem nas periferias sociais e existenciais.

Que o testemunho de São Barnabé nos impulsione a sermos discípulos missionários corajosos, prontos a consolar os aflitos, defender os excluídos e, se necessário, dar a vida por amor a Cristo.

“Sede fiéis até a morte, e Eu vos darei a coroa da vida” (Ap 2,10).

Veja também: O Apóstolo da Consolação

0 Comments

Leave a Comment

Login

Welcome! Login in to your account

Remember me Lost your password?

Lost Password