Assunção de Maria – a meditação sobre a boa morte
O que a Festa da Assunção de Maria pode nos ajudar a meditar sobre o verdadeiro sentido da vida?
A Assunção de Maria é um dogma de fé. Mas, o que é dogma?
Dogma é uma verdade revelada por Deus, e, como tal, diretamente proposta pela Igreja à nossa fé. O Magistério, apoiado pela Tradição e Escrituras compreende o que Deus quis revelar, e declara à todo povo de Deus; não é algo da cabeça de um só bispo ou papa.
Os quatro Dogmas Marianos
Existem quatro dogmas marianos:
1 – A Imaculada Conceição: declarado pelo Papa Pio IX na Bula “Ineffabilis Deus”, de 8 de Dezembro de 1854 , entende-se que Maria foi concebida sem pecado, ou seja, nela não há a tendencia natural ao pecado.
Esta graça foi lhe concedida por ter sido escolhida para mãe do Filho de Deus, foi a primeira a experimentar a redenção que Jesus preparou a todos os seus.
2- A Maternidade Divina: Foi motivo de grandes debates teológicos do Concílio de Éfeso no século IV. Os teólogos entendiam que não podia Maria ser a mãe só de uma parte de Jesus, pois Ele é totalmente Deus e totalmente homem. O Papa Pio X declarou o dogma da Theotókos (Mãe de Deus) em 2 de fevereiro de 1904.
3 – A virgindade perpétua de Maria: Maria permaneceu virgem, antes, durante e depois do parto. Apesar de muitos tentarem, de maneira muito insistente provar que Maria manteve relações sexuais com José, a Tradição nunca entendeu assim. Para aprofundar ler um texto do Padre Paulo Ricardo sobre os irmãos de Jesus.
4 – Assunção de Maria: sendo ela concebida sem pecado, não poderia sofrer as consequências dele em seu corpo. “O salário do pecado é a morte”(Rm 6, 16). Baseado na Tradição, os cristãos desde os primeiros séculos registraram o momento da dormição de Maria e a Assunção de seu corpo ao Céu. Foi declarado como dogma no ano de 1950, pelo Papa Pio XII.
Diz uma Tradição datada do século II que “todos os Apóstolos – exceto São Tiago maior, que já tinha sido martirizado, e Tomé, que estava na Índia – se reuniram em Jerusalém para acompanhá-la nos seus últimos momentos.
E numa tarde branca e serena fecharam os seus olhos e depositaram o seu corpo num sepulcro. Poucos dias depois, quando São Tomé, que chegou atrasado, insistiu em ver o corpo da Virgem Maria. Encontraram a sepultura vazia, enquanto ouviam cânticos celestiais”.
Morrer bem
A experiência de passagem da Mãe de Jesus mostra como seria a nossa “morte” antes do pecado original, antes da ruptura com Deus. Maria simplesmente adormece, para acordar contemplando a face do Criador.
Quem dera se a morte fosse para nós tal experiência! Hoje todos vivemos sem nos preparar para este momento, fugindo dele a todo instante e evitando qualquer ocasião que nos lembre que somos pó e ao pó voltaremos. (Gn 3, 19)
O doutor da Igreja Santo Afonso de Ligório, diz que existem três coisas que tornam a nossa morte um momento amargo: o apego à Terra, o remorso dos pecados e a incerteza da salvação.
No primeiro ficamos extremamente preocupados com afazeres inacabados, com os prazeres que deixaremos, os títulos e conquistas que não serão mais lembrados.
Na outra ponta, os santos, aqueles que passaram pelo mundo vivendo uma vida cheia de virtudes e amor a Deus, não se preocupam em demasia; trabalham a alma para o dia do Grande Encontro e quando chega o momento, vivem de maneira espantosamente serena, “pois vivem como mortos nesta terra”. (Santo Afonso de Ligório)
Para começarmos a desapegar deste mundo devemos amar todas as coisas em Deus, dando-lhes o devido valor.
A salvação está perto
Com relação ao remorso dos pecados, é importante que tenhamos consciência daqueles que cometemos a cada instante; cada vez que descumprimos um só dos mandamentos de Deus, nos afastamos dEle. Não deixemos para nos arrepender no último instante de vida.
Não acreditar que teremos uma vida eterna, causa grande agonia para a alma que está à beira da morte.
A ideia de que tudo acaba, e não há mais nada além, causa profunda tristeza; “será que irei para o inferno?”, “Deus não me ama, “pequei muito e não mereço o Céu”. São alguns dos pensamentos que norteiam a mente de alguém que está moribundo.
Percebemos aqui a importância de intercedermos pelos agonizantes, pois atravessam grande provação. Santo Afonso nos aconselha a termos um profundo amor por Jesus e Maria, pois eles irão com certeza, fazer com que a alma encontre paz e serenidade no momento da morte.
Peçamos a graça de encontrarmos ao longo da nossa vida o refúgio seguro da Virgem Maria. Ela vai nos guiar e imprimir em nós a esperança da salvação, para que no dia final, possamos correr ao abraço do Pai.
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