Vivemos tempos em que a pressa, a indiferença e a superficialidade têm enfraquecido nossa capacidade de amar concretamente. No entanto, a Igreja nos oferece um caminho simples e profundo para viver o Evangelho no cotidiano: as obras de misericórdia. Elas são gestos práticos que expressam o amor de Deus pelos seus filhos, especialmente os mais sofridos. Para a Aliança de Misericórdia, essas obras são o coração da missão: um modo concreto de anunciar Jesus.

O que são as obras de misericórdia?

As obras de misericórdia são ações caridosas pelas quais ajudamos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Inspiradas nos ensinamentos de Jesus, elas nos mostram que a fé cristã não pode ser vivida apenas de forma abstrata — ela precisa tocar a dor do outro, estar presente nas necessidades reais do dia a dia.

O próprio Jesus nos ensina:
“Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me acolhestes…” (Mateus 25,35-36).
Ao final deste ensinamento, Ele é claro: “todas as vezes que fizestes isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).

As 14 obras de misericórdia: corporais e espirituais

Obras de misericórdia corporais (ajudam nas necessidades físicas):

1. Dar de comer a quem tem fome

2. Dar de beber a quem tem sede

3. Vestir os nus

4. Acolher os peregrinos

5. Assistir os enfermos

6. Visitar os presos

7. Sepultar os mortos

Obras de misericórdia espirituais (ajudam nas necessidades da alma):

1. Aconselhar os que erram

2. Ensinar os ignorantes

3. Corrigir os que estão no erro

4. Consolar os aflitos

5. Perdoar as ofensas

6. Suportar com paciência as fraquezas do próximo

7. Rezar pelos vivos e pelos mortos

Essas ações não são apenas boas obras — são caminhos de santidade, vividos por tantos santos ao longo da história e também pelos membros da Aliança de Misericórdia em suas casas de acolhida, missões e serviços nas periferias humanas e existenciais.

Como viver as obras de misericórdia hoje?

Muitas vezes pensamos que viver essas obras exige grandes feitos, mas a verdade é que pequenos gestos, feitos com amor, têm grande valor diante de Deus. Veja como aplicá-las no cotidiano:

• Dar de comer e de beber: ajudar com uma cesta básica, preparar uma refeição para quem precisa ou participar de mutirões de solidariedade.

• Vestir os nus: doar roupas em bom estado, organizar campanhas de inverno.

• Visitar os presos ou doentes: estar presente com uma palavra, uma oração, um telefonema.

• Ensinar e aconselhar: partilhar a fé, orientar os mais jovens, dar bom exemplo.

• Perdoar e consolar: escolher a reconciliação, escutar sem julgar, estar disponível.

• Rezar pelos outros: lembrar-se em oração dos que sofrem, dos falecidos, dos que nos ofendem.

Misericórdia: um chamado à ação

O Papa Francisco, durante o Ano Santo da Misericórdia, recordou:
“A misericórdia é o caminho que une Deus ao homem”.
Ela não é um sentimento passivo, mas uma força ativa que transforma o mundo, começando pelo nosso coração. Cada cristão é chamado a ser instrumento dessa misericórdia, como nos lembra a espiritualidade da Aliança: “Levar os pobres ao centro da Igreja e a Igreja ao coração dos pobres.

Veja também: Como as obras de misericórdia nos tornam Melhores cristãos?

A vivência das obras de misericórdia nos coloca em comunhão com o próprio Jesus. Elas nos tiram do comodismo e nos fazem caminhar, como Igreja em saída, ao encontro dos irmãos. E quando estendemos a mão ao outro, descobrimos que é o próprio Cristo quem nos acolhe com Seu amor.

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