Venerável Madre Antonieta Farani: A apóstola do perdão

Madre Antonieta Farani, nascida como Maria Concetta Farani em 26 de julho de 1906, viveu uma vida marcada pelo sofrimento, perdão e dedicação à vida religiosa. Filha de imigrantes italianos, Giuseppe Farani e Rafaela Milito, Maria cresceu em Curitiba, Paraná, e enfrentou desde cedo inúmeras adversidades, que moldaram seu caráter e sua vocação espiritual. Sua vida foi uma verdadeira entrega ao amor e ao perdão, valores que ela cultivou e propagou como missionária da Congregação das Irmãs Passionistas.

Maria Farani teve uma infância repleta de desafios. Aos sete anos, perdeu seu pai, Giuseppe, vítima de uma pneumonia súbita. Logo após a morte do pai, a família enfrentou mais um golpe: perdeu todos os seus bens devido a uma traição de pessoas próximas, incluindo seu próprio tio Nicolau, irmão de Giuseppe. Essas perdas levaram Maria e sua família a uma situação de extrema pobreza, com a morte de seu irmão Giovanni agravando ainda mais a dor familiar.

No entanto, foi diante dessa realidade dura que Maria descobriu a força do perdão. Quando sua mãe, Rafaela, foi procurada pelos traidores para um pedido de perdão, inicialmente se recusou a perdoar, dizendo: “Não te posso perdoar, que Deus te perdoe”. Esse episódio marcou profundamente Maria, que buscou forças na oração diante do sacrário e decidiu tornar-se uma “Apóstola do Perdão”.

A vida de Maria deu uma guinada quando ela começou a trabalhar como professora em uma escola rural, onde teve contato com os padres passionistas que atuavam na região. Foi através desse convívio e da experiência profunda da Eucaristia que Maria discerniu seu chamado. Durante uma missa, ao ver a hóstia consagrada, entendeu o sentido do “perdão dos pecados” e decidiu procurar seus padrinhos, que haviam contribuído para a desgraça de sua família, oferecendo-lhes seu perdão.

Este gesto de misericórdia mudou sua vida. Inspirada pelo exemplo de Jesus Crucificado e tocada pelo Espírito Santo, Maria entrou para a Congregação das Irmãs Passionistas, adotando o nome religioso de Irmã Antonieta de São Miguel Arcanjo. Em 14 de agosto de 1927, recebeu o hábito passionista e, em dezembro do mesmo ano, fez seus votos religiosos, consagrando-se totalmente a Deus.

A missão Passionista de Madre Antonieta

Como religiosa passionista, Madre Antonieta dedicou sua vida a cuidar dos necessitados. Trabalhou com crianças, idosos, doentes e em várias instituições, incluindo hospitais e escolas. Seu trabalho não se limitava apenas ao cuidado físico, mas também ao fortalecimento espiritual daqueles que ela atendia. Para Madre Antonieta, a união com Jesus Crucificado era o alicerce de sua vocação, vivida tanto na oração quanto no trabalho cotidiano.

A Congregação das Irmãs Passionistas, fundada pela Marquesa Maria Madalena Capponi em 1771, tem como carisma “Anunciar o Evangelho da Paixão com a vida e o apostolado”. Madre Antonieta abraçou este carisma de corpo e alma, especialmente com o voto do amor puro e consagrado ao Divino Esposo, prometendo que suas ações seriam sempre movidas pelo amor a Cristo.

Madre Antonieta deixou como legado seu exemplo de fé, amor e perdão. Em uma de suas cartas para sua mãe, ela escreveu: “Minha felicidade não mudou!… Vou de um lugar para outro, de um ofício para outro e minha alma não se move do seu centro. Deus está em nós e nós Nele”. Estas palavras demonstram sua profunda comunhão com Deus e sua aceitação da vontade divina em todas as circunstâncias da vida.

A Eucaristia e o perdão: Centro da espiritualidade

A Eucaristia foi o pilar da vida de Madre Antonieta. Ela encontrava na presença real de Cristo no sacrário o consolo e a força para enfrentar todas as dificuldades. Seu amor pela Eucaristia a tornava uma verdadeira adoradora, alguém que buscava estar sempre em comunhão com o Senhor. Esse amor pelo Cristo Eucarístico refletia-se em sua postura de perdão e reconciliação, levando-a a viver plenamente o Evangelho.

Em 1963, Madre Antonieta foi nomeada Superiora Provincial das Irmãs Passionistas no Brasil, mas, infelizmente, começou a sofrer com os sintomas de um tumor cerebral que a deixou cega. Mesmo assim, não cessou de orientar e guiar suas irmãs religiosas, oferecendo seu sofrimento silencioso a Cristo Crucificado, a quem ela se uniu de modo especial, até seu último suspiro em 7 de maio de 1963.

Após sua morte, Madre Antonieta foi sepultada no Cemitério São Paulo, e posteriormente seus restos mortais foram transferidos para a capela do Colégio Santa Luzia, onde começou sua vida religiosa. Junto à urna, uma placa de bronze traz a frase de seu diário: “Perdida no oceano imenso de suas graças”, evidenciando sua profunda entrega e devoção ao amor divino.

Oração à Madre Antonieta Farani

Oh Jesus, que do seio do Pai, trouxestes à terra o fogo do Vosso Amor,
Desejando ardentemente incendiar todos os corações e com ele abrasastes o coração de Vossa fiel serva Irmã Antonieta,
Transformando sua vida num holocausto de amor para convosco e para com os irmãos,
Concedei-me a graça de Vos amar acima de tudo e de todos e de imolar-me para a salvação de meus irmãos,
Assim como Vós Vos entregastes à morte por mim.
Dignai-vos glorificar Vossa serva Irmã Antonieta,
E concedei-me por seus méritos e por sua intercessão a graça que humildemente Vos peço. Amém.

 

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