O Beato João Schiavo é uma pessoa muito importante no panorama religioso do Rio Grande do Sul. Missionário e sacerdote da Congregação dos Josefinos de Murialdo, sua vida e obras exemplificam a dedicação ao serviço dos mais necessitados e à formação espiritual. A sua trajetória, marcada por fé e milagres, culminou na beatificação em 2017, reconhecendo seu papel como um dos grandes fundadores de obras sociais e religiosas no Brasil.

João Schiavo nasceu em 8 de julho de 1903, em Sant’Urbano di Montecchio Maggiore, uma pequena cidade na Itália. Filho de uma família numerosa, João cresceu em um ambiente de fé cristã, o que o levou a ingressar na Congregação dos Josefinos de Murialdo aos 16 anos, em 1919, onde fez sua primeira profissão religiosa. Quatro anos depois, no dia 10 de julho de 1927, foi ordenado sacerdote. Desde cedo, João sentiu o chamado para a missão, e seu destino estava a milhares de quilômetros de sua terra natal: o Brasil.

A missão Josefina no Brasil

Em 1931, com apenas 28 anos, Padre João Schiavo foi enviado ao Brasil como missionário. Chegando primeiramente em Jaguarão (RS), posteriormente se estabeleceu em Ana Rech, Caxias do Sul, onde desempenhou um papel crucial no desenvolvimento das obras josefinas. Ali, foi professor, formador de seminaristas e diretor da Escola Normal Rural Murialdo.

Padre João foi o primeiro mestre de noviços da Congregação no Brasil, um cargo de grande responsabilidade, pois a formação religiosa dos novos membros brasileiros dependia de seu trabalho. Sob sua liderança, a missão Josefina expandiu suas atividades, e as escolas e obras sociais ligadas à congregação se multiplicaram.

A marca do Beato João Schiavo está fortemente ligada à educação e ao cuidado com os mais pobres. Em 1941, fundou o Seminário Josefino em Fazenda Souza, no interior de Caxias do Sul, uma obra que perdura até hoje. No entanto, suas ações não se limitaram à formação de religiosos. João também foi o fundador de diversas obras sociais, voltadas principalmente para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.

Entre elas, destacam-se o Abrigo de Menores São José, em Caxias do Sul, e instituições similares em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Essas obras sociais não apenas proporcionaram abrigo, mas também uma educação digna, baseada nos princípios cristãos, oferecendo um futuro melhor para muitas crianças e adolescentes.

Em 1954, Schiavo fundou o primeiro grupo das Irmãs Murialdinas de São José no Brasil, uma congregação que também foi responsável por projetos de educação e assistência social. Entre essas obras, destaca-se a Escola Santa Maria Goretti, que ele dirigiu com dedicação.

O milagre que levou à beatificação

O Beato João Schiavo faleceu no dia 27 de janeiro de 1967, deixando um legado de fé, caridade e educação. Sua sepultura, localizada em uma capela dedicada a ele em Fazenda Souza, tornou-se local de peregrinação e orações, onde muitas pessoas buscam sua intercessão. Em 2017, o Papa Francisco o proclamou beato, oficializando a veneração pública do sacerdote no Brasil e em todo o mundo.

O reconhecimento oficial da santidade do Beato João Schiavo veio em grande parte por um milagre ocorrido em 1997. Juvelino Carra, de Caxias do Sul, foi diagnosticado com trombose mesentérica, uma condição que afeta o intestino delgado e que, no caso dele, era considerada terminal. Após os médicos desistirem da cirurgia, sua esposa recorreu à intercessão do Padre João Schiavo, rezando fervorosamente com um santinho do sacerdote. Surpreendentemente, Juvelino começou a apresentar uma melhora inexplicável, recebendo alta hospitalar após sete dias, completamente curado e sem sequelas. Este milagre foi um dos fatores determinantes para a beatificação de Padre João.

O Beato João Schiavo é um exemplo de santidade em terras brasileiras, um missionário que, movido pelo amor a Cristo e pelo desejo de servir aos mais necessitados, deixou uma marca profunda na história da Igreja no Brasil. Sua vida inspira todos aqueles que buscam seguir o caminho da fé e da caridade, especialmente no cuidado com os jovens e os pobres.

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