A beleza de ser mulher

Vivemos em meio a uma “ditadura da beleza”. As que se dizem modelos, com suas magras e pálidas simetrias coloridas, representam um pouco o tipo de olhar que nossa sociedade hoje lança ansiosa ao redor, buscando aquilo que é belo.

Para nós mulheres é um grande desafio navegar em meio aos golpes dessas grandes ondas que tentam nos impor tamanhos, medidas e estilos. Por esses dias estava passando por uma loja em um shopping de São Paulo, quando olhei na vitrine uma linda bolsa, que para minha surpresa custava alguns milhares de reais.

Creio que como todas nós mulheres, naquele momento imaginei o quanto seria incrível poder me sentir mais bonita e poderosa usando uma daquelas. Mas parece que imediatamente meu anjo da guarda lembrou que minha beleza em nada dependia daquele artefato.

A verdadeira beleza

Então, me sentindo feliz por saber que minha beleza transcendia tudo aquilo que poderia ou não comprar, ajeitei no ombro a alça de minha bolsa que custou algumas dezenas de reais, e continuei caminhando rumo ao trabalho.

Enquanto caminhava, fui me lembrando que antes de me casar e me tornar mãe e missionária, eu buscava muito apoiar minha autoestima em elementos externos como roupas e assessórios das marcas mais caras. Me sentia mais importante e bonita quando usava essas coisas.

Sou feliz por ter conseguido descobrir que a minha beleza, assim como a de todas as mulheres, vai muito além daquilo que se pode comprar, usar ou vestir.

Descobri que a beleza de ser mulher passa pela alma e pelo dom da fecundidade que recebemos de presente. Creio que seja por isso que tenha escolhido ser uma enfermeira obstetra. É lindo este caminho de acompanhar mulheres grávidas em sua jornada de dar à luz.

A incerteza na gestação, o medo, a dor, o colo, a vida sendo gerada e cuidada. É lindo poder acompanhar assim tão de pertinho o movimento da sabedoria de nosso Deus. Fiquei triste e preocupada com a recente notícia de “feministas” que simularam, vestidas de Nossa Senhora, o aborto do Menino Jesus. É realmente muito triste!

Naturalmente bela

Nós mulheres somos mais, muito mais bonitas que isso! Como remédio para este mundo que parece insistir em escolher a feiura de belezas cirurgicamente artificiais e efêmeras, nós mulheres precisamos assumir nosso papel transformador. Me lembro com muito carinho e saudade de nossa irmã Maria Paola.

Tive a oportunidade de visitá-la alguns dias antes de que entrasse no Paraíso. Recordo que fiquei muito constrangida por conta das vezes que me preocupei mais com minha beleza de fora do que a de dentro do coração. Das vezes que me preocupei mais com meus cabelos do que com meus irmãos.

Em toda a minha vida, até hoje nunca vi ninguém tão linda como ela naquele dia onde tomamos nosso último sorvete de pistache. Mesmo sem cabelos, sem maquiagem, sem poder trabalhar ou dançar, sem roupas, joias ou bolsas, vestida de um simples pano azul de hospital, até hoje nunca vi uma mulher tão linda, forte e luminosa como ela.

A alegria e a linda luz de seu semblante se tornaram para minha vida, um grande farol que orienta meu barco em meio às ondas agitadas que tentam me distrair.

Helaine de Camargo Carneiro
Missionária de Aliança

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