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Avós ajudam no tratamento de depressão

A experiência com as avós no tratamento de depressão foi feita pela primeira vez no Zimbábue e deu tão certo que atravessou fronteiras.

Pensar demais

O psiquiatra Dixon Chibanda, após perder uma paciente de 26 anos de idade que cometeu suicídio, ficou profundamente mexido. Sua mãe não conseguia levá-la às consultas por não ter dinheiro para o transporte. A partir de então, questionou sobre como poderia ajudar pessoas na mesma condição.

O seu país Zimbábue é carente de profissionais da saúde mental; com 16,2 milhões só existem 12 psiquiatras, ou seja, 1 profissional para cada 1,5 milhão de pessoas.

A depressão é conhecida por lá como “kunfusisa”, que quer dizer “pensar demais”. Sugestivo pela forma como os pensamentos negativos tomam conta da mente da pessoa nesse estado.

O número de pessoas depressivas no país está aumentando consideravelmente. Para Chinbanda as quatro gerações sofreram traumas psicológicos com situações tensas na vida social e política, como a Guerra Civil da Rodésia, o massacre de Matabeleland e outras atrocidades.

14 avós e banquinhos no jardim

Avó conversa com jovem no Zimbábue
Avó conversa com jovem (BBC Brasil).

No hospital onde trabalhava, dr. Chibanda solicitou algumas pessoas para receber o treinamento para a escuta de pacientes, porém todas a enfermeiras estavam envolvidas na assistência dos pacientes com HIV.

O hospital então, disponibilizou 14 vovós voluntárias e a área livre do prédio. Com a incredulidade dos colegas e desconfiança inicial dele mesmo o projeto “Banco da Amizade” iniciou. O objetivo: quem tem necessidade se senta no banquinho e fala dos seus problemas para uma das avós. E deu muito certo.

Então, de 2006 até hoje, Chibanda e sua equipe ensinaram a mais de 400 avós técnicas de terapia com evidências científicas que elas praticam gratuitamente em mais de 70 comunidades no Zimbábue.

Chinbanda tirou a linguagem cientifica e inseriu as palavras da língua corrente, além disso elas incluem conceitos da cultura shona sobre o sentido da vida. Sugestão das avós!

Claro, neste ponto quem se dispõe ao diálogo irá ouvir as pérolas e os sábios conselhos bem típico das avós. Elas são experientes e passaram por tantas coisas que a simplicidade é fonte de reequilíbrio e cura.

“Acho que essa é uma das razões pelas quais ela foi bem-sucedida, porque realmente conseguiu reunir essas diferentes peças usando conhecimento e sabedoria locais”, explicou Chibanda à BBC.

Tratamento eficaz

avó sorri para foto
A experiência com as avós no tratamento de depressão. (Foto: BBC Brasil)

Experiências são várias: o método de uma avó chamada Chinhoyi encoraja os pacientes a conversar sobre seus problemas, fazendo com que eles encontrem sua própria solução.

Outra vovó de 72 anos tem ajudado de maneira ativa pessoas por 10 anos todos os dias. Ela sempre fala de sua própria experiência, como toda boa avó. Ainda o oferece apoio contínuo para que a pessoa não se sinta abandonada, mesmo que ache que está pronta.

Chibanda reconhece as notáveis habilidades dessas mulheres: elas são extremamente resistentes em momentos adversos e no mais, as histórias que ouvem parece não afetá-las negativamente.

Nos EUA o projeto foi implantado também e com belos resultados. Estima-se que 30.000 pessoas foram ajudadas por programas semelhantes. O Dr. Chibanda conclui que embora um oceano separe Nova York do Zimbábue, os problemas enfrentados pelas pessoas são semelhantes.

O programa “Banco da Amizade” traz de volta o bom e velho costume de ir à casa de um amigo tomar uma xícara de café e começar a falar da vida e do dia a dia, incluindo os problemas.

A rotina atual infelizmente têm afastado as pessoas. A agitação, o excesso de informações e atividades, tirou a espontaneidade de uma conversa franca entre amigos. Estar com outro sem empecilhos ou celulares. É necessário só estar e escutar.

Segundo fonte de BBC BrasilLeia mais: Suicídio – em busca do remédio para a dor

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