SETEMBRO/2017

AMAR OS INIMIGOS: O TERCEIRO GRAU DO AMOR

Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Deste modo, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus.” (Mt 5,43-45)

Seguir Jesus significa estar sempre a caminho, subindo, de grau em grau, no Seu Amor! O primeiro passo no caminho do amor, como vimos, é decidir-se para o amor.

O segundo passo é amar o próximo como a ti mesmo. Este passo encontra na “Regra Áurea” a sua prática mais concreta: “Tudo aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei-o vós a eles” (cf. Mt 7,12).

Agora precisamos dar mais um passo sem dúvida árduo e impossível, sem o auxílio da Graça de Deus: “Amai os vossos inimigos” (cf. Mt 5,44).

É interessante perceber como, biblicamente, o “amor ao próximo” foi ampliando-se progressivamente no seu sentido.

  • Em Lv 19,15-18 se individua “próximo” como os membros do povo de Israel;
  • Em Lv 19,33-34 se incluem, também, como “próximo” os “forasteiros” que habitam em Israel;
  • Em Lc 10,25-37, Jesus inverte o conceito na parábola do Bom Samaritano, ensinando-nos que nós precisamos tornarmo-nos próximos de todos sem distinção de raça ou religião;
  • Em Mt 5,43ss Jesus chega, porém, ao extremo do amor, ensinando-nos a amar a todos até aos inimigos, para amarmos como o Pai amou e sermos reconhecidos como verdadeiros filhos dEle!“Com efeito” – diz Jesus – “se amais os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem também os publicanos a mesma coisa? E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de mais, não fazem também os gentios a mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai dos Céus é perfeito!” (Mt 5,46-48)

Para Jesus, este tem que ser o “estilo de vida” que caracteriza os seus discípulos, distinguindo-os dos pagãos, dos publicanos e dos demais. Isto tem que ser então o “a mais” que revela os cristãos como luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5,13-16), que torna extraordinário e “perfeito” o seu modo de amar!

Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Deste modo, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus.” (Mt 5,43-45)

Amar e perdoar

Há alguns anos, a França ficou estarrecida perante um fato extraordinário que resplandeceu como luz nas trevas deste mundo tão violento e materialista.

Um rapaz assassinou cruelmente uma jovem, chamada Chantal. O fato foi chocante e o processo foi transmitido ao vivo pela televisão. Aí aconteceu algo que ninguém poderia esperar.

A mãe da Chantal pediu ao juiz que tivesse misericórdia do assassino da filha: “se ele matou Chantal é porque ele nunca teve experiência de amor verdadeiro, nunca teve uma família de verdade. Na nossa mesa familiar ficou vazio um lugar, aquele da Chantal.

Eu gostaria de pedir que este jovem possa tomar, na nossa casa, o lugar da nossa filha, pois nós somos cristãos e Jesus nos ensina a amar nossos inimigos e a orar para aqueles que nos perseguem, e sabemos que Ele não veio para condenar, mas para salvar!”.

O juiz e toda a França ficaram profundamente chocados e comovidos e um silêncio profundo acompanhou o extraordinário testemunho deste amor que só o Cristo pode nos doar.

Neste tempo de tanto terrorismo, em que vivemos a maior perseguição da Igreja de toda a história e que vê a morte de um cristão a cada 5 minutos (mais de 100.000 por ano) somos chamados, como nunca, a testemunhar este amor que é mais forte do que a morte!

Enquanto os radicais muçulmanos consideram a violência como caminho para entrar no céu e glorificar Allah; nós, como discípulos de Jesus, sabemos que o martírio é o verdadeiro distintivo do cristão, que morre perdoando seus inimigos e orando por eles, como o Nosso Senhor na Cruz!

Papa Francisco não deixou de surpreender-nos tantas vezes como Testemunha da Misericórdia divina, no seu constante convite ao perdão, ao amor e intercessão pois ele sabe que, como dizia Jesus para Santa Faustina: “o mundo não encontrará Paz até que não se volte à divina Misericórdia”.

Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Deste modo, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus.” (Mt 5,43-45)

Sabemos que a experiência da inimizade, da divisão sempre tenta entrar, porém, também nos nossos relacionamentos, mesmo nos nossos grupos, Movimentos e fraternidades.

Cultura de Misericórdia

A começar de nós, poderemos então lutar para que a cultura da Misericórdia, a experiência do perdão prevaleça nos nossos relacionamentos.

Podemos reconhecer em cada dificuldade, desentendimentos, erros, limites, o espaço e a oportunidade de exercermos na prática da Misericórdia! Precisamos colocar a cada dia o passado na Misericórdia de Deus, o presente no Seu Amor e o futuro na Esperança!

Podemos fazer entre nós um verdadeiro “Pacto de Misericórdia”, um “Jubileu do Perdão”, vivendo concretamente, a cada dia, uma “indulgência plenária” para sermos autênticos discípulos de Jesus.

Faço minhas as palavras de Chiara Lubich no início do Movimento dos Focolares: “Não era fácil, especialmente no começo, viver a radicalidade do amor.

Quando percebíamos os defeitos ou as imperfeições dos outros, nascia às vezes o julgamento e a corrente do amor recíproco se esfriavam. Por isso, decidimos fazer um pacto que chamamos ‘Pacto de Misericórdia’.

Decidimos, a cada manhã, ver o próximo (que encontramos em casa, na escola ou no trabalho) como ‘novo’, novíssimo, não lembrando mais dos seus defeitos, mas cobrindo tudo com amor. Tratava-se de aproximar-se de todos com esta anistia completa do nosso coração, com este perdão universal.

Era um compromisso forte, assumido por nós todos, juntos, que ajudava a sermos sempre os primeiros no amor, a imitação de Deus Misericórdia, que sempre perdoa e esquece”.

Sim, um Pacto de Misericórdia para vencermos toda a inimizade pelo amor, pois o amor tudo vence.

Pe. João Henrique

Fundador da Aliança de Misericórdia

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