NOVEMBRO/2017

AMAR COMO JESUS NOS AMOU: O QUINTO GRAU DO AMOR

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,12-13)

Jesus estava com os apóstolos, na última ceia, quando nos deu o seu mandamento, o “mandamento novo”! Eram as últimas palavras de Jesus antes de entregar-se para ser “glorificado” na cruz e morrer.

Sabemos bem que as últimas palavras dos queridos que estão passando para a outra vida são as palavras mais importantes e que devem ser guardadas e realizadas.

São o “testamento”, palavras que falam da eternidade, do que é essencial, do que não passa! O contexto do momento, na verdade, era sofrido.

Jesus tinha diante dele pessoas que, algumas horas depois, o teriam abandonado. Judas o trairia e entregaria ao Sumo Sacerdote, Pedro irá dizer, mentindo, que não conhecia aquele homem, os outros fugiriam.

Jesus, porém, vai além disso e, no gesto de lavar os pés de todos, mostra qual é o nível do seu amor. Ele dá a vida pelos traidores, por aqueles irmãos que mais amava e que tinha escolhido. Ele vai além, ama até o fim!

Impressiona o momento: Ele olha para cada um, sabe que o abandonarão, vê nos olhos deles o medo, a revolta por não ser aquilo que, poucos dias antes, eles pensavam que fosse – o salvador, o rei que triunfaria contra os romanos, os fariseus, os escribas, os falsos sacerdotes que dominavam sobre o povo.

Ele vê neles a raiva, misturada com a desilusão, e o que faz? Lava e beija os pés dos apóstolos! Doa-lhes o mandamento novo: amai-vos um aos outros como eu vos amei. É a loucura das loucuras! Mas este é o novo mandamento! O verdadeiro e mais profundo tesouro que Deus nos deixa algumas horas antes da sua morte.

Jesus é traído por Judas e renegado por Pedro, mas a traição e o ser renegado dizem o absoluto do seu amor: ele se oferece como vítima para aqueles que o traem, abandonam, renegam e o matam.

Não faz questão de condenar os outros ou de querer se mostrar como o mestre, o superior. Não, nada disso. Ele se faz escravo, servo. Se coloca em baixo, no último lugar.

É mesmo uma loucura: um Deus que se faz último, servo, escravo! Nisto está a novidade do Evangelho. Ele nos mostra como nos ama, dando a sua vida!

De fato, neste mandamento, o “novo mandamento”, que caracteriza a vida do cristão, identificamos dois elementos:

  1. Amar como Cristo é dar a vida pelos irmãos, é amar até o fim = “Não há maior amor do que dar a vida pelos irmãos” (Jo 15,13)
  2. O amor dos cristãos é amor recíproco: amai-vos uns aos outros! Este amor é caracterizado pela reciprocidade!

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,12-13)

Aqui está o segredo da verdadeira nova vida para nós. Finalmente com Ele descobrimos o sentido da nossa existência: amar-nos como ele nos amou. Praticamente eu sou verdadeiramente pessoa, me realizo como ser humano, se amo, dando a vida pelos outros.

Neste primeiro momento precisamos compreender que “não tem amor maior do que dar a vida pelos irmãos”. A primeira atitude que preciso assumir para viver este mandamento é, então, a decisão de doar a minha vida para os irmãos, para cada um, para todos, sem distinção de pessoas, amar os que me amam e traem, me renegam… amar os inimigos e dar a vida para eles, como Jesus, que morreu e se entregou para salvar, pelo seu sacrifício, os que o matavam: “Pai perdoa porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Muitos estarão pensando: “Mas isto não é possível! Supera as nossas forças!” É verdade… mas, para Deus, tudo é possível! Por este motivo, o Senhor, na última ceia, não deu apenas o “mandamento novo”, Ele nos deu, na Eucaristia, um “Coração Novo”, o seu próprio coração, para amar como Ele ama! É Ele que nos capacita, pois nunca nos pede o que antes não nos entregou.

Sempre lembro de um missionário Polonês que, no Ruanda, durante a guerra fratricida, estava sendo levado fora da aldeia para ser salvo por um grupo de militares, antes da chegada dos rebeldes. De repente parou, abriu a Bíblia e leu:

“O bom pastor dá a vida pelas ovelhas… o mercenário, que não é pastor, vê o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge”. Decidiu-se por ficar e com milhares de cristãos entrou na Igreja, expôs Jesus Eucaristia para adorar e louvar este Coração Eucarístico, que nos dá a força de amar como Ele amou e dar a vida pelos seus amigos. Assim foi trucidado juntamente com as suas ovelhas, vítima e sacerdote com Jesus Hóstia e Sumo Sacerdote.

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,12-13)

Nem sempre o Senhor nos chama ao sacrifício supremo do martírio de sangue. Existe, porém, um “martírio branco” das fincadas dos “alfinetes”, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus.

Perdoando quem nos ofende, silenciando perante uma acusação injusta, escolhendo sacrifícios e penitências pela conversão dos pecadores, doando e repartindo o que temos em quem precisa, renunciando ao nosso tempo ou repouso para servir, estaremos exercendo-nos neste amor e deixando que o próprio Cristo ame em nós, aprendendo dEle, a cada dia, a “amar como Ele nos amou!”

Pe. Antonello Cadeddu

Fundador da Aliança de Misericórdia

0 Comments

Leave a Comment

Login

Welcome! Login in to your account

Remember me Lost your password?

Lost Password