Solenidade dos Fiéis Defuntos (Finados) – Não um dia de tristeza, mas de oração e caridade

“Aqueles que nos deixaram não estão ausentes; são invisíveis, têm seus olhos repletos de glória, fixos em nossos, repletos de lágrimas.” (Santo Agostinho)

A solenidade dos fieis defuntos, conhecida popularmente com Dia de Finados, é uma solenidade muito importante na história Cristã. Confesso que particularmente demorei muito para entender a importância e a beleza dessa solenidade.

Durante grande parte da minha vida considerei o Dia de Finados um dia triste, onde sentíamos com mais força a saudade dos nossos entes queridos. Minha avó, inclusive, dizia que no Dia de Finados sempre chovia, mostrando ainda mais o caráter trágico da morte.

O que nem minha avó e nem eu havíamos percebido é que a Solenidade dos Fieis Defuntos não é um dia triste, mas um grande dia de esperança e principalmente de oração.

Para conseguir entender o mistério da data, foi necessário que eu atravessasse a morte de um ente querido e a descoberta de um livro chamado “o cuidado devido aos mortos”.

No livro, entendi mais profundamente o cuidado que devemos ter com nossos entes queridos falecidos, o poder da nossa oração e do nosso amor, e a grande graça que é a Solenidade dos Fieis Defuntos.

Veja também: Como nasceu o costume de rezar pelos mortos

A Solenidade dos Fiéis Defuntos  (finados) um convite à oração e caridade:

A data segue-se ao dia de todos os Santos, pois no dia 1 celebramos todos aqueles que estão na glória e na presença de Deus. No dia 2, rezamos por aqueles que ainda não estão, ou seja, as almas do purgatório.

É o dia de nos dedicarmos a uma obra de misericórdia Espiritual, dia de rezar pelos que já morreram. Dia de oferecermos nossa oração, nosso jejum e nossas obras pelas almas que estão no purgatório.

Tertuliano, Bispo de Cartago – afirmava: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os aniversários de sua morte” (De monogamia, 10).

E também São João Crisóstomo: “Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15). E “os apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” (In Philipp. III 4, PG 62, 204).

“Da mesma forma, rezando nós a Deus pelos defuntos, ainda que pecadores, não lhe tecemos uma coroa, mas apresentamos Cristo morto pelos nossos pecados, procurando merecer e alcançar propiciação junto a Deus clemente, tanto por eles como por nós mesmos” (In Philipp. III 4, PG 62, 204).

A celebração dos fieis defuntos é como um lembrete, pois temos o dever de rezar pelos nossos irmãos e entes queridos que já faleceram, sabendo que a morte não é um triste fim da vida, mas sim o começo da eternidade.

 

A Morte não é o fim

A morte, enquanto fim, foi vencida por Cristo na Cruz. Para nós cristãos, hoje ela é uma passagem para o eterno, para o encontro com Deus.

“A morte não é nada. Apenas fiz a passagem para o outro lado: é como se estivesse escondido no quarto ao lado. Eu sempre serei eu e tu serás sempre tu. O que éramos antes um para o outro o somos ainda.” (Santo Agostinho)

Por isso é tão importante sempre vigiar e meditar “Memento Mori” – nós vamos morrer e, quando morrermos, estaremos prontos?

Poderemos afirmar como o Apóstolo? “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia” 2 Timóteo 4, 7-8.

Ou será que seremos tratados como as virgens imprudentes e o Senhor dirá: “afastai-vos, não vos conheço?”

O dia de finados lembra que devemos vigiar, que devemos perseverar na oração, na caridade e nas virtudes, pois nossa vida aqui na Terra é passageira. Somos cidadãos do céu, nascemos para o paraíso e devemos viver de acordo com essa vocação.

 

2 Atitudes importantes para a solenidade dos Fiéis Defuntos

A Igreja nos exorta neste dia a termos 2 atitudes em relação a morte:

A primeira delas é a atitude vigilante de um soldado que aguarda o final de seu turno para voltar para casa.

A segunda é a caridade de lembrarmos afetuosamente dos nossos entes queridos e rezarmos pelas suas almas, oferecendo missas, orações, visitando seus túmulos sempre que possível e lembrando também das almas do purgatório que são esquecidas e pelas quais ninguém reza.

Esse é o verdadeiro espírito do Dia de Finados, não um espírito de tristeza e luto, mas um espírito de esperança e caridade.

 

Indulgencia plenária para as Almas

Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências – Papa Paulo VI, 1967:

A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos apóstolos, desenvolve-se na Igreja sob a assistência do Espírito Santo, enquanto a Igreja, no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus (Dei Verbum,8) e ( DI,1).

Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos (Norma 1).

“Assim nos ensina a revelação divina que os pecados acarretam como consequência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e, sobretudo, mediante a morte, ou então no século futuro […]” (DI, 2).

“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (Catecismo da Igreja Católica, 1498).

 

Condições para ganhar a indulgência plenária

1 – Confessar-se bem, rejeitando todo pecado;

2 – Participar da Santa Missa e comungar com essa intenção;

3 – Rezar pelo Papa ao menos um Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória;

4 – Visitar o cemitério e rezar pelo falecido.

 

 

Oração Santo Agostinho sobre a morte:

 

“A morte não é nada.

Eu somente passei

para o outro lado do Caminho.

 

Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês,

eu continuarei sendo.

 

Me dêem o nome

que vocês sempre me deram,

falem comigo

como vocês sempre fizeram.

 

Vocês continuam vivendo

no mundo das criaturas,

eu estou vivendo

no mundo do Criador.

 

Não utilizem um tom solene

ou triste, continuem a rir

daquilo que nos fazia rir juntos.

 

Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim.

 

Que meu nome seja pronunciado

como sempre foi,

sem ênfase de nenhum tipo.

Sem nenhum traço de sombra

ou tristeza.

 

A vida significa tudo

o que ela sempre significou,

o fio não foi cortado.

Porque eu estaria fora

de seus pensamentos,

agora que estou apenas fora

de suas vistas?

 

Eu não estou longe,

apenas estou

do outro lado do Caminho…

 

Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela

como sempre foi.”

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