São Francisco Xavier: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”
A viagem de Lisboa a Goa, com um veleiro, durou uns treze meses, que se tornou fatigante por causa da escassez de comida, do calor intenso e das tempestades.(Biografia São Francisco Xavier)
São Francisco Xavier – Uma vida dedicada à missão
São Francisco Xavier nasceu em 1506 na Espanha em uma família nobre. Quando jovem dedicou-se à vida acadêmica em Roma e foi lá que conheceu Santo Inácio de Loyola.
Sua vocação à vida missionária tocou-o profundamente e em 1539 ajudou a fundar a Companhia de Jesus, ordem religiosa conhecida como jesuíta.
Francisco agora torna-se um consagrado a Deus e partiu, no dia 7 de abril de 1541, para as Índias, a pedido do Papa Paulo III, que desejava evangelizar essas terras, conquistadas recentemente pelos portugueses.
A viagem de Lisboa a Goa, com um veleiro, durou uns treze meses, que se tornou fatigante por causa da escassez de comida, do calor intenso e das tempestades. Quando chegou a Goa, em maio de 1542, Xavier escolheu como casa o hospital da cidade e como cama para dormir, um leito ao lado do paciente mais grave.
Dedicação total de São Francisco Xavier
Desde então, o seu ministério foi dedicar-se precisamente à assistência dos últimos e excluídos da sociedade: os doentes, os prisioneiros, os escravos, os menores abandonados.
Para as crianças, de modo particular, São Francisco Xavier inventou um novo método de ensino do Catecismo: pegava-as nas ruas tocando um sininho; depois, ao reuni-las na igreja, traduziu os princípios da Doutrina Católica em versos e os cantava com as crianças, facilitando-lhes a aprendizagem.
Um episódio curioso foi quando ele, dedicando-se a evangelizar uma vila de pescadores batizou 10.000 pessoas em um mês: “A multidão de convertidos era tamanha – escreveu – que, muitas vezes, meus braços doíam de tanto batizar e até perdia a voz e a força para repetir o Credo e os Mandamentos na língua deles”.
São Francisco Xavier foi um grande evangelizador e pregador, responsável por levar o evangelho ao continente Asiático e evangelizar o Japão, trazendo muitas almas para Cristo.
Faleceu a caminho da China, terra que sonhava evangelizar, no ano de 1552 no dia 3 de dezembro.
Urgência do anúncio
Abaixo o trecho de uma das cartas enviadas a Santo Inácio relatando um de seus métodos de evangelização:
“Viemos por povoações de cristãos, que se converteram há uns oito anos. Nestes sítios não vivem portugueses, por a terra ser muitíssimo estéril e extremamente pobre.
Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos. Não têm quem lhes diga Missa e, ainda menos, quem lhes ensine o Credo, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os Mandamentos.
Quando eu chegava a estas povoações, batizava todas as crianças por batizar. Desta forma, batizei uma grande multidão de meninos que não sabiam distinguir a mão direita da esquerda.
Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber por que é deles o reino dos Céus.
Como seria ímpio negar-me a pedido tão santo, comecei pela confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo Credo, Pai-nosso, Ave-Maria, e assim os fui ensinando. Descobri neles grande inteligência. Se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.
O que é a vontade de Deus
Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbona aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas.
Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles!
E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo:
“Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça? Mandai-me para onde quiserdes; e se for preciso, até mesmo para a Índia”.
Das cartas de São Francisco Xavier, presbítero, a Santo Inácio
(Cartas de 20 de outubro de 1542 e 15 de janeiro de 1544)
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