Final da Missão Duc In Altum em Boa Vista/RO
Uma profunda experiência
“Ide para águas mais profundas” com esse lema 33 missionários disseram sim para essa missão que tinha como desejo levar uma experiência profunda com a misericórdia de Deus aos nossos irmãos venezuelanos na Ciudad Bolívar.
Lá temos uma casa de missão que realiza um trabalho com um restaurante chamado de “comedouro” para famílias e crianças que vivem num lixão conhecido como “cambao”.
Mas como no livro de Isaías onde o Senhor nos lembra “Meus pensamentos são maiores que os teus” o Espírito, assim como impediu São Paulo de evangelizar a Ásia (cf. atos 10,6), nos levou até Boa Vista capital de Roraima.
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Depois de 20 horas de viagens entre avião e ônibus, encontrar a fronteira da Venezuela em Pacaraima fechada e com todo o confronto que acontecia do outro lado na cidade venezuelana de Santa Helena, era motivo de tensão e tristeza para todos nós.
Então, Padre João Henrique, junto dos missionários em um ato profético ali se colocaram de joelhos e celebraram a Santa Missa com o povo venezuelano que ficou do lado brasileiro da fronteira, impedidos de entrar.
Assim o Espírito nos levou até a cidade de Boa Vista onde carinhosamente entendemos que ali havia uma Venezuela no Brasil.
O clamor do povo
Quando no sábado dia 23 de fevereiro fizemos nossa primeira missão e encontramos crianças brincando, através delas chegamos aos pais e ali nos deparamos pela primeira vez com toda a realidade daquele povo, como diz o Papa Francisco “nas periferias existenciais“, necessitados de amor e de serem ouvidos.Veja mais: A criança que chorou ao comer um pão
Quando um missionários perguntou para uma das crianças qual era a brincadeira que elas queriam fazer com eles ao que elas responderam que gostariam de brincar de comer, o Senhor nos mostrou através delas o seu desejo para esta missão.
Assim como as primeiras missões da comunidade não havia mais roteiro, mas o Espírito agiu poderosamente, seja nas visitas diárias ao acampamento dos venezuelanos (que está aos cuidados do exército) onde encontramos mais de 400 pessoas que ali dormem atrás do Terminal Internacional Rodoviário, seja na paróquia Nossa Senhora da Consolação, onde os venezuelanos recebem almoço e ajuda.
As nossas mãos estendidas para ajudar encontraram as mãos de venezuelanos estendidas pedindo ajuda e amor, com apenas 1 refeição por dia, crianças e adultos se encontram diariamente ocupando as ruas, mas não tendo espaço em muitos corações.
Ali havia filhos que deixaram mães e junto delas a preocupação se estavam bem, em busca de um novo olhar, de uma nova esperança, de uma vida digna buscaram refúgio em nosso país e através do contato diário com eles encontraram refúgio também no coração de Deus.
Uma ação para todos
Como o jovem Ronaldo que ao chegar na cidade se deparou com o missionário Hiakson convidando os jovens venezuelanos para irem no Encontro Thalita Kum, e sem saber aceitou o convite e entrou no ônibus.
Naquele final de semana ele fez uma experiência profunda com o Amor do Senhor que transforma todas as realidades. Qual foi nossa surpresa quando no final do retiro um benfeitor se dispôs a ajudá-lo e ofereceu a ele um emprego. Nesse testemunho e em tantos outros que vivenciamos fomos convidados a ir ainda mais para águas mais profundas.
Ao todo foram distribuídas quase 2 mil refeições e além do alimento físico, o amor foi anunciado seja através das Missas e confissões, tardes de louvor com a participação média de 200 pessoas, um retiro para as crianças e o Encontro Thalita Kum com 45 jovens, em sua maioria venezuelanos.
Uma única língua: o amor
Entre sorrisos e desafios, a linguagem do Amor foi universal, Deus nos amou imensamente, Deus amou esse povo imensamente!
Como um grito de misericórdia do Senhor através dessa missão muitas pessoas que, com iniciativas próprias, ajudavam a saciar a Sede do Senhor em cada irmão, nossa missão somou e ajudou a tocar novamente os corações que já haviam se acostumado com a fome e a miséria.
Para a viagem todos os missionários encheram suas malas com doações e bíblias em espanhol, mas a nossa volta se deu com as malas já vazias, todas as doações foram distribuídas, o coração porém, voltou cheio de alegria e gratidão.
Já não havia mais tristeza nos rostos dos nossos irmãos venezuelanos, já não havia mais indiferença em muitos rostos dos nossos irmãos de Boa Vista e a promessa do Senhor é que os frutos serão colhidos, mais uma vez a misericórdia do Senhor se tornou sinal de esperança.
Estender as mãos não é apenas uma ação, mas um desejo que deve partir daquele que estende para dar, e daquele que estende para receber.
Que possamos abrir o coração para dar e para orar para esse povo que abriu seu coração nesses dias para o Amor do Senhor e para o amor dos irmãos brasileiros.
Felipe Bartolomeu
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